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mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
outubro 08, 2009

passeio das mouras (II)

Inicio, então, uma selecção possível das muito largas centenas de imagens que colhi destes dias, um pouco mais longe da urbe esmagadora, em busca de raízes e de algum sossego...

dia 2 de Setembro - Maria Estela Guedes, a nossa anfitriã, durante o Filo-Café, em Lamego, exibe algumas das pinturas de Aline Daka presentes no evento, pintora brasileira do Rio Grande do Sul, salvo erro, e que nos acompanharia no passeio.

dia 3 - Manhã cedo, rumo à Torre de Ucanha (concelho de Tarouca), monumento de que já existe documento a referir-se-lhe no século XII, destinado a defesa, ostentação senhorial e cobrança de impostos, como refere José Leite de Vasconcelos, e de que os frades de Salzedas colheram farto benefício. Muito fácil o deixarmo-nos enlear pelo ambiente e permitir que a nossa imaginação nos transporte até àqueles tempos medievos.

José Leite Vasconcelos, o eminente filólogo e etnólogo, nascido em Ucanha, tendo ali a sua casa ainda em confortável estado de conservação.


A ponte, muito possivelmente romana, que conduz à Torre, sobre o rio Varosa, não é alheia àquele encantamento, pelo contrário o favorece, ainda que toda a quietude pressentida na paisagem iluda, a bem do nosso devaneio, a rudeza e dureza daqueles tempos idos.

Do interior da Torre de Ucanha, um relance da torre da Igreja Paroquial, cujo interior merece bem uma visita cuidada e de olhar atento a particularidades curiosíssimas, nas imagens, nos retábulos... É só irem lá ver!

Passeando por Ucanha, à descoberta das virtudes sem fim dos produtos do sabugueiro, descobrimos uma loja de artesanato e produtos da terra, que nos abalou o horário que carecia de ser seguido à risca, de tão ambicioso.

Mas nem queiram saber o sabor dos velhos tempos daquelas maçãs! E das uvas? E dos figos? E...

Entre doces e outros pecados, lá vislumbrámos o chá de sabugueiro, tisana infalível no combate à gripe, à osteoporose e à anemia. Não sou eu que o digo. Apenas aqui o transmito. Depois, o melhor é experimentá-lo...

De seguida, ainda no concelho de Tarouca, rumámos a Salzedas, de que se mostra a fachada da Igreja do Mosteiro.

Aqui interessa parar um pouco e referir que foi este Mosteiro mandado erigir por D. Teresa Afonso, esposa de Egas Moniz (séc. XII), e entregue por esta à Ordem de Cister, assumindo o nome de Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.

Tendo chegado a ser um dos maiores e mais ricos mosteiros portugueses e ostentando, ainda, uma inegável monumentalidade, é no entanto, de bradar aos céus o estado em que se encontra. Sucessivos arranjos e acrescentos apresentam-no num estado caótico, emporcalhado e semi-arruinado.

Os fluxos de dinheiro que têm vindo a ser injectados na sua recuperação parecem sumir-se sem deixar rasto.

Para além da confusão arquitectónica das «novidades» que têm vindo a ser erigidas sobre as pedras matriciais, e como referiu alguém do nosso grupo, uma singela limpeza do pó, por si só, conferiria alguma da dignidade que, no momento, lhe falta.

Entende-se tudo isto numa perspectiva muito negra quando temos veleidades de ser um destino turístico de qualidade. Isto, por um lado, porque, pelo outro, o que a mim mais me incomoda é o destrato e desrespeito com que tratámos o nosso passado e nós próprios


Logo mais, em busca da Judiaria - bairro medieval de Salzedas, onde as aberrações também pululam... - afogam-se mágoas e amarguras na generosidade de alguns habitantes que, na faina das vindimas, presentearam o grupo com farto fornecimento de uvas acabadinhas de apanhar.

Regresso à nossa base, em Britiande, onde retemperámos forças à volta de um cabrito assado e um pequeno passeio a pé, para desmoer e preparar a aventura da tarde, enchendo os olhos com as cores outonais...

Depois, novo destino: Capela de São Pedro de Balsemão, junto ao rio do mesmo nome, aí a uns três quilómetros de Lamego. Erigido lá pelo século VII (ou IX, segundo alguns), também aqui tendemos a deixar-nos levar, tempos afora, pelo cenário que nos envolve.

A imagem acima, resgatada pela senhora que tão simpaticamente nos guiou numa visita, ostenta essa peculiaridade de estar a santa apoiada sobre o mundo, mundo que uma cobra (ou dragão) envolve...

... e que nos deixa em estado de grande cepticismo quanto a interpretações apressadas sobre o significado de tal enquadramento, reiteradamente observado em inúmeras imagens congéneres.

De facto a Senhora não pisa a cobra - a Sabedoria - mas apoia-se, antes, no mundo, sendo que a cobra o envolve... Qual a mais verdadeira interpretação?

A coluna mais ao fundo ainda pertence ao monumento original, sendo assim um pouco mais antiga que todos os anos de idade somados dos presentes... e outro tanto e mais outro, etc.


Ao longo do rio Balsemão, regressámos a Lamego. No próximo bloco de imagens, a continuação da história. Até lá.

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:01


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