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mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
julho 06, 2013

as contas que contam - prosaico poema



Então, vamos lá a contas. Contas de nós tão mal prontas que nos sufocam a voz…

Mas tu, aí, que me contas? Eu que venho desse tempo em que se pagava em contos as contas que alguém fazia. E não era nada bom mas o que de mau havia tinha rosto, cara à vela, e nem usava à lapela bandeiras de fantasia... ou de lata que, também, se bem virmos, vendo bem, há gente desta que avonde e vem nem se sabe de onde, a caminho de Belém.     

Hoje, paga-se em histórias, dá-se de troco umas lérias quando há demais demasia. Será isto Literatura de braço dado à Matemática, alto voo de cultura? Ou laparoto na lura, cheio de manha e de astúcia, contrariando a urdidura? 

Lá vão dando ao BPN, ao BCP, ao BANIF, a um patife que lhes dê a palha e o bom sustento. Dão às PPP, ao vento, dão tanto que nem aguento contar contas de rosário quando tanto salafrário vive à custa de salário com o qual mal me governo pois vai todo para o governo, sem haver qualquer retorno nesta vida feita inferno.

O mandante a tempo inteiro, papagaio garganeiro, vai de ministro a banqueiro e de banqueiro a ministro, sempre num jogo sinistro, sempre em dourado poleiro e, perdoem-me se insisto, à custa do meu provento – que digo eu? – do nosso, que estou pr’àqui que nem posso, de bolsos cheios de vento.  

Já viste? Fizeste as contas? Soma lá esses milhões e, sem mais ideias tontas, apura o quanto a ganância desses tais senhores do mundo te afasta, aos tropeções, p’ra tão longe da abundância, a este abismo sem fundo.

Conto-vos contos de encanto, em cantochão, desencanto de ouvirmos tanto poltrão em matraqueio de socos. E debaixo do colchão voltei a guardar uns trocos, poucochinhos, só uns poucos, uns centavos taralhoucos, para dias de aflição, pois eu, com tais saltimbancos, já nem confio nos bancos, em perpétuos solavancos, sem saber para onde vão.

Em redor lá cresce a fome, adição vil e sem nome, que subtrai o viver. E a divisão que fazem multiplica esta maleita da vida feita a morrer.

Ocorre-me aqui a outra, a caridosa esmoler, a dar quanto se quiser ao pedinte e à desgraça. Mas, antes, a encher bem a carteira desse alguém que é o dono da praça… E quem precisa lá come o pão que o Diabo amassa, pois tem a fome dos filhos numa urgência que não passa.

E só nos faltará ouvir que tanta gente a pedir por uma côdea de pão assim é porque Deus quer mas, que o diga quem souber, sempre a bem da nação. 

Aos dias somam imposto, taxa, coima sem ter rosto, espécie de fogo posto sem nos dar margem de fuga, sequer de respiração. E o portuga lá vai, cordeiro, manso, tal cão a dar ao rabo ao serão, sem um ai e sem tostão; um ai de nós ou de peito, de tanto estarmos a jeito deste fado violento:

Ai, meu Deus, que não me aguento!

Ai, patrão, e o meu sustento?

Ai, ó mãe, quem nos acode?

Talvez voltar a ser cão mas aquele que bem sacode, que coça, morde e escorraça a pulga como a carraça, à dentada e à unhada, a ver se a coceira passa.   

O avô ao filho dá e o filho dá ao neto e, se hoje há, amanhã já vivem todos sem tecto. E tantas necessidades, vos digo em pobre rima,  porque uns quantos se amanham, quanto mais alto se apanham, muito além e muito acima das nossas possibilidades.  

Então, vamos lá a contas…?

Diz-me lá tu que remontas a passados de eleição, dos Lusíadas de antanho, com quantos cantos faremos, hoje em dia, o nosso amanho?   

Ou será que já só contas, que só és de corpo inteiro, quando, fugindo de afrontas, das maleitas destas seitas, és português no estrangeiro?

Enfim, eu cá te conto, por fim, não ser dado a equações que não passem de travões à vida que é tão nossa. Assim sendo, aqui declaro que não é nosso este fado nem a letra é confiável. Porque ele há um mar arável e uma terra ondulada onde o porvir é fecundo e neles – vê lá bem, por todo o lado - há uma rede, um arado, que deram mundos ao mundo.

Do desgoverno aos vilões, tal como nos diz Junqueiro, em preceito que se aplica à cáfila de aldrabões que assola o mundo inteiro, à «truculenta manada obesa de hipopótamos, ó Humanidade, enxota-mos!».

Está em ti, em mim, em nós darmos a volta outra vez criando outro mundo novo, onde a História de alguns é coisa de pouca monta e bem vista pouco conta.

Mas vale a História do povo.   

E nela, somados todos, abriremos a janela para entrar o Sol a rodos!

E conclui-se a equação mesmo que a solução contra esta praga daninha,  muito mais do que a galinha, para criar homem novo esteja ainda no ovo…

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Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 11:53


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