julho 28, 2004
Uma vez mais, Portugal arde...
De dia, de noite, o país arde.
A serra da Arrábida, reserva natural, património nacional e, até, no que toca às espécies vegetais endémicas, património mundial ardeu numa extensão sem precedentes quando, ainda há poucos dias, nos era assegurado ser ela patrulhada regularmente (!) por fuzileiros destacados para o efeito.
Da Arrábida tudo se lamentará... As excelentes caminhadas que por lá fiz em companhia de muitas dezenas de apaixonados pelo contacto com a natureza estão, agora, amortalhadas num mar de cinza.
Do resto de país é o que se vê e o que se ouve...
Algumas (tantas...) questões poderão ser colocadas sobre este assunto, de interesse nacional. Como nem sou especialista na matéria, aconselha-me a prudência ponderar e sopesar bem as palavras que refira sobre este assunto de alto melindre. Mas a cidadania impõe-me algumas outras questões, que merecem ser gritadas aos quatro ventos:
- Se é consensual a relevância de uma serra da Arrábida, enquanto património natural, o que poderá justificar que em toda a serra não haja uma única torre de vigilância?
Sairia caro? E, se sim, seria mais caro (para dez anos) do que os recursos que, numa escassa semana, se delapidaram? E não me venham dizer que um corpo de vigilantes, em turnos de, por exemplo, seis horas, teriam de ser licenciados em Economia, ou detentores de algum mestrado em Humanidades...
Em regime de voluntariado remunerado, quantos empregos seriam criados por esse país fora? Ah, só há incêndios no Verão?... Pois é, mas também é suposto haver floresta o ano inteiro... e já não há!
- Da responsabilidade.
Fogo posto, mal posto, composto... enfim, de tudo e de todos se vai suspeitando. Entretanto, já nos fica pouco mais para arder! E, dos suspeitos engaiolados, resultado prático nunca nada se sabe
Face às constantes demissões de responsabilidade dos “nossos” responsáveis políticos, para quando um verdadeiro lesado mover uma acção contra o estado português por negligência criminosa? Ou, até, em circunstância de perda de vida humana, intentar uma acção por homicídio involuntário? Porque haverá esta errónea percepção de que os nossos políticos também são inimputáveis?
Enquanto pensamos nestas ingénuas questões, a verdade – como punhos – é que Portugal arde, sem remissão, decerto, mas duvido que seja sem pecado...
julho 26, 2004
"QUANDO" - um poema de Sophia
Miguel Sousa Tavaresm disse-o, na despedida da mãe.
Neste poema eu vejo a Sophia, a Lurdes Pintassilgo, o Carlos Paredes... E, em todos, estas palavras se cumprem:
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta,
continuará o jardim, o céu e o mar,
e como hoje igualmente hão-de bailar
as quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
em que tantas vezes passei,
haverá longos poentes sobre o mar,
outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
será o mesmo jardim à minha porta
e os cabelos doirados da floresta,
como se eu não estivesse morta.
SOPHIA DE MELLO BREYNER,1919-2004 , Dia do Mar, 1ª edição, 1947 (?)
julho 23, 2004
Movimento Perpétuo - Carlos Paredes (1925 - 2004)
- Foto obtida em "O Fado Do Público" - "O Amigo Paredes" - série de cd editada pelo jornal O Público.Agora morreu-nos o Carlos Paredes. Uma perda mais para as nossas almas aflitas.
Em tristeza, corri a ouvi-lo, não fosse a morte levar para longe de nós toda aquela alma que deixa na sua música.
E a tristeza fez-se alegria. Fez-se voo desarvorado pelos céus, cheio da terra e do Sol e da vida.
Ouvir-lhe - outra vez, de tantas - a respiração profunda entre cada nota dedilhada, comoveu-me de uma forma que as palavras mal descrevem. Respiração a dele ou da guitarra que abraça e, tangendo-a, a faz ganhar viver próprio, através dele.
Também tem lágrimas o que Carlos Paredes nos canta. Mas tem ímpetos, vibrações, estímulos. Há um empolgamento que nos impele a agir. Há raiva e renascimento e amor.
Há a luz das estrelas numa sofreguidão de mar.
Podia lá ter morrido o Carlos Paredes! Nem pensar!...
julho 21, 2004
Poema Das Férias
Porque há este Sol?
Porque há este mar?
Porque passam os dias nesta urgência de andar?
Porque se calam as aves neste mar de calor?
Porque ficam esperas de tempo a cumprir?
Porque andamos tão sós à procura do amor?
Porque é tão curta a vida e tão longo o penar?
Porque ficam os rios sem pressa de ir?
Porque estamos para aqui a voar, a voar?
Porque queremos partir não sabendo chegar?
Porque somos o vento no monte a bater?
Porque há tanta flor a abrir e secar?
Porque é tão fugaz o restolho a arder?
Porque há este Sol?
Porque há este mar?
Porque vamos de férias quando há tanto a fazer?
- Jorge Castro
(Melancólico, eu?... Nem por isso. Talvez mais à procura do acessível carpe diem.)
julho 18, 2004
A Arte De Dizer
(Onde perpassa algum cansaço de ouvir tanto dislate a político feito a martelo e a gestor aprendiz de feiticeiro...)
Tem a arte de dizer essa coisa delirante
De se não dominar bastas vezes por inteiro o que se diz
Ou dizer-se em desconchavo o que já antes
Disseram outros tantos
Com melhor modo e outro tempo
E de raiz
Se perante um artista insinuante
Que te diz um qualquer pouco ou quase nada
Que muito mais que pouco ou mesmo nada te diz
Experimenta no
diseur poisar de leve
E se atentares bem no fundo dos seus olhos
Cedo verás
Que o artifício é da falácia a bissectriz
E então
Para estancar deliquescente verborreia
Não haverá decerto para ti melhor governo
Que encomendar o
diseur aos quintos do inferno
Ou pedir aos céus o aconchego de uma ideia
Uma só que lhe empreste algum nexo ao que nos diz
Mas se o crês merecedor de uma palmada
Ou sopapo conclusivo no nariz
Não te acanhes no ímpeto da bordoada
Porque ele ri-se de ti
Se dele não ris!
- Jorge Castro
julho 16, 2004
Santana, a tartaruga e o poste...
Como o tempo está curto mas os dias continuam difíceis , hoje remeto-vos, com a devida vénia, para uma linda historinha que a Titas nos conta lá pelo seu blog.
Como parece que vamos ter um Bagão nas Finanças, fica o desafio para eventuais desenvolvimentos da historinha exemplar que acima se refere.
julho 14, 2004
PORTUGAL ARDE
(Agora vou ser patriota! Tenho dito!...)
Portugal arde...
Nem tarde
Nem cedo
Portugal arde...
Em fogos de medo
E de indignidade
Portugal arde...
É o chão que se ateia
Se atiça
Fenece
E Portugal arde...
Estão negros os brancos muros de Sophia
E o céu azul é manto de cinzas
E Portugal arde...
Ah que outras labaredas
Invadam as casas
Os lares
Os degredos
Até que alguém grite
De coração à solta
E de olhos acesos
Que Portugal vive!
- Jorge Castro
julho 12, 2004
Da Mulher...
Da poetisa Ana Luísa Amaral, em cordão de sentidos vivos, chegou-me a mensagem abaixo, com pedido de divulgação. Cá vai:
Amigas e amigos,
A propósito do falecimento de Maria de Lurdes Pintasilgo, diz-me Maria Teresa Horta o seguinte:
"... porque mulher, precisamente, o Presidente da República năo decretou que tivesse
(como aconteceu a todos os outros primeiros ministros, e até, recentemente a Sousa Franco!!!) funeral de Estado!!!"
Pede-me ainda que passe a palavra. Assim o faço. Reclamando do facto. E da imensa injustiça.
ana luísa amaral
E, com a vénia devida, se transcreve, da mesma autora:
Vi-a talvez umas seis vezes. Era uma senhora (porque năo se há-de assim dizer de uma mulher, se de um homem se diz "era um senhor", e isso parece dizer tudo?), era uma feminista, era uma poeta, no sentido "poético" que a palavra tem - ou seja, preocupada com a polis. Tive a honra de participar num livro em que lhe fiz um poema. Votei nela há muitos anos e sofri por năo ter sido eleita. Acompanhei-lhe a vida pública. Fez-me sonhar com coisas que nem utopias seriam, mas a sério: a ética do cuidado, por exemplo. Ou um exemplarismo de viver. Năo se pode dizer exemplarismo, pacięncia! Aqui, pode-se; e depois, ela pareceu-me sempre ser aberta ŕ possibilidade. "A morte é uma curva na estrada, morrer é só năo ser visto.", dizia Fernando Pessoa. Nestes tempos tăo de tormenta em que vivemos, quero chorar, solidarizar-me e agradecer pela presença de assim alguém, que, como eu disse nesse poema, tentou sempre fazer que "no deserto / alguma flor / persista".
ana luísa amaral
julho 11, 2004
O rei vai nu!
Então, e agora o túnel das Amoreiras? E o Parque Mayer?...
Eu não sei como é "lá fora", que eu tenho pouco dinheiro para viajar, mas por cá o esquema vai de vento em popa. A saber:
Guinda-se um homem público (salvo seja!...) a um posto altaneiro, por eleição, nomeação ou compadrio. Promete mundos e fundos. Derrete os fundos que tem e não tem para os tais mundos. De caminho, derrete-nos a paciência e as carteiras... E quando todo o mundo espera a "retoma", a recuperação do "investimento" na personagem, eis que o passarinho levantou asas e voou...
O exemplo frutifica um pouco por todo este país de personagens curiosas, quase todas com relações de parentesco umas com as outras. Afinal, somos quase todos primos... (ainda que raramente
inter pares).
Na empresa onde desenvolvo a minha actividade profissional, já conto com onze administradores em escassos nove anos!... A crise da dita empresa agrava-se de forma directamente proporcional...
O Durão largou as chatices em que se meteu. O Santana, idem-idem. Ainda por cima, alegam estas excelências que tudo fazem pelo esplendor de Portugal.
Vocês acordem, ouviram? E, se já estão acordados, gritem! É que o rei vai mesmo nu!... E se não somos nós a gritá-lo, quem há-de ser?
julho 10, 2004
Resposta contra a cinza dos dias
Agradeço-vos a visita e a exposição dos estados de alma - a mais difícil.
Nada do que se passa é definitivamente trágico. Nem irreversível, em termos de Humanidade. É, apenas, um momento que passa na sequência dos momentos que passam...
Misturar afectos e política é sempre um mau negócio para os afectos.
Para mim, o mais temível é o desleixo ou abandono do exercício de cidadania. E esse repete-se diariamente em tantos de nós que, quem a eles estiver atento e sensível, poderá considerar-se, de algum modo, anestesiado a um dia como o de hoje, em que tudo parece desmesuradamente cinzento ou cínico. Garanto-vos que a vida continua e os nossos envolvimentos poderão assumir outras formas, outras cumplicidades... Diria que a nossa glória advem do facto de sermos capazes de nos reerguermos após cada derrota, vicissitude ou contrariedade, e seguirmos em frente.
Mas isso todos o sabem, só que a raiva, por vezes, é tanta que nos apetece esquecê-lo e assim agimos. Talvez essa aflição tenha atingido Maria de Lourdes Pintasilgo, agravando a nossa pena...
Portugal não é, no entanto, um país de marinheiros, como digo no poema abaixo. Há-de ser outra coisa qualquer, que desconhecemos, mas coisa essa que devemos, porfiadamente, procurar bem dentro de cada um de nós. Mas todos e cada um, sem nos demitirmos do direito a viver. Procurando e ensinando. E, então, a vida continuará em cada manhã que, afinal, ainda desponta.
PORTUGAL JÁ NÃO É UM PAÍS DE MARINHEIROS
(Morrem-nos os poetas e querem matar-nos a esperança. Tarjam-nos de negro as bandeiras ainda há pouco hasteadas na alegria. Há um tempo para o riso e outro para o luto. Mas há sempre, também, um tempo e um espaço para lutar contra a adversidade...)
Portugal já não é um país de marinheiros
Perdemo-nos do mar e habitamos este chão que arde
Braseiro feito dos nossos sonhos calcinados
Os velhos madeiros das caravelas
São restos de carvão enegrecido
Cinzas lançadas às quatro partidas da terra
Em lugares feitos de mágoa e desalento
Onde o espectro de um sonho ou de um anseio
Por trás do fumo acre
Negro e denso
Se confunde com a máscara da morte
Portugal já muito pouco tem de pátria
Vai-lhe sobrando em volutas de fumaça
O que lhe falta de chão e de horizontes
Consumidos nos braseiros impossíveis
Da corja que se alimenta de si mesma
Portugal já nem pátria é
É um cadinho
Onde se depositam os restos enegrecidos
De tantos destinos esquecidos de cumprir
É um armazém sem guarda nem guarida
De onde se saqueia impunemente
O brio
A dignidade e a honra
Palavras antigas e insensatas
Como rabos de lagartos decepados
Estrebuchando cegos em simulacros de vida
O amor e a saudade
Já se esgotaram em todas as prateleiras
Arrematados em promoção frenética e estival
Por quem comprasse para si um par de algemas
Porém
Se assim quiseres
Poderás ainda ao longe ouvir o mar
E cruzam nuvens no céu como sementes
Há bandos de aves que a nós se afeiçoando
Vão ensinando quais os caminhos do vento
E na cegueira em que vogamos
Mal perdidos
Párias bisonhos
Vagabundos de nós mesmos
Talvez haja algum lugar para a alvorada
Que afinal
Cada manhã
Ainda desponta.
- Jorge Castro
julho 08, 2004
Estou em maré de confiança... com coluna de fumo ao fundo.
Continuo a considerar - e não cesso de me espantar com eles - os noticiários das televisões como repositórios, quando não supositórios, de refinadas ironias.
Eis a de hoje:
A Serra da Arrábida está a ser patrulhada por garbosos fuzileiros. Aí estamos nós a ficar mais tranquilos!...
Interessará saber que as patrulhas são constituídas por cinco homens, dos tais garbosos, sendo que quatro patrulham a pé, pela estrada asfaltada, e o quinto elemento patrulha a serra de jipe, pelos caminhos mais inóspitos (
sic transit gloria mundi).
Turba-se-me o entendimento com este saber, mas a verdade é que nunca frequentei treino militar especializado e, assim, devo remeter-me, avisadamente, ao silêncio da minha ignorância.
Entretanto, o comandante no terreno desta pequena elite de vigilantes, informa-nos que já houve serventia dos seus distintos serviços porque - e pasme-se! - no dia do incêndio que esta semana assolou a Serra da Arrábida, uma das patrulhas apeadas, apercebeu-se, embora já fora da sua jurisdição, de uma intensa coluna de fumo em plena mata, tendo reportado a quem de direito, tal facto e, repete-se, apesar de tal coluna já se encontrar para além do perímetro a patrulhar... O que denota um raro sentido de cumprimento do dever!
Entretanto, quando reportaram o facto, verificou-se que o facto já se encontrava reportado há algum tempo, com os bombeiros já a caminho e tudo! Mas a verdade é que reportaram...
Convosco, não sei. Mas, cá por mim, hoje vou adormecer muito mais tranquilo!...
Vale-nos o sabermos que isto há-de ser tudo gente séria, caso contrário ainda havíamos de pensar que alguém andava a gozar com a tropa.
julho 06, 2004
METÁFORAS DE ABRIL
(Outra vez me apetece lembrar Abril, neste mar de bandeiras inquietas... Dir-me-ão que é monomania. Responder-vos-ei que não. Que é apenas o que de melhor descubro em vós.)
Um riso solto em cascata pelas ruas
Um novo alento respirado sem saudade
O homem velho a chorar feito criança
Pela esperança renascida sem idade
O teu sorriso inebriado que se lança
Cidade fora peito aberto à alvorada
Um pôr do Sol desta amargura incontida
Onde a revolta fez nascer a madrugada
Um arco-íris a sulcar a terra ferida
Como um arado com a cor da liberdade
Um vendaval feito de afectos e canções
Que de repente volta a vibrar na cidade
Chuva de cravos mais brilhantes que tições
Brasa atiçada
Mar de ilusão e verdade
Gritos de luz a desvendar o beco escuro
Gruas erguidas e martelos e razões
Punhos cerrados de derrubar tanto muro
De solidão
E aflições
E medos mil
À descoberta de outro tempo
Outra maneira
De renascer outra vez mais no mês de Abril
É a torrente impetuosa que avança
É caravela a navegar entre a tormenta
É cruzar mares feitos de vida e de ar puro
É riso alegre e feliz de uma criança
É querer firme e sentir de marinheiro
É recriar um mar de azeite na traineira
Lançando redes inundadas de futuro.
- Jorge Castro
julho 05, 2004
Uma (e só uma) verdade sobre o Euro 2004...
Pois bem, já por aqui se disse do evento bem que chegasse. Agora está na hora de ratar, que isto é blog português e portuga que não rate não é bom pai de família... e se for mãe, tem o leite azedo!
Só maravilhas: Uma organização estrondosa! Uma selecção que excedeu largamente as expectativas! O apurar-se que o Durão tem uma gravata que dá sorte... às vezes! O facto não menos espampanante de que o Madaíl é supersticioso
ma non troppo e não vê os jogos ao vivo para as selecções não perderem (não será mais do cheiro da loção da barba?)! A toalha do Eusébio e o Ricardo a meter os pés pelas mãos na verdadeira e oportuna acepção do termo! As lágrimas de Ronaldo, o Cristiano, e as não despiciendas de Sampaio, o Jorge! O desapontamento de uns poucos e a alma até Almeida da maioria, a cerrar os dentes e aplaudir, em festa, a selecção após uma derrota pouco convincente! Eu sei lá...
Agora, tenham paciência e por piedade digam-me que aquele "hino" da Nelly Furtado não existiu. Mais, digam-me que a própria Nelly não existe, que é tudo fruto de alguma manipulação em 3D.
Como é que se faz um "hino" que ninguém consegue cantar? Como é que se canta um "hino" que ninguém consegue fazer?
julho 04, 2004
PORTUGAL GANHOU!
Não me falem em decepção, hem? Essa é para os políticos parvos e jornalistas idiotas!
Ficou provado (mais uma vez) que se há alguma crise, em Portugal, essa crise é de liderança. E o facto é que no meio do maior acontecimento desportivo da temporada, para o qual penámos, enquanto povo, há vários anos a esta parte, a única coisa que não temos é um governo!!!
A selecção de Portugal fez o que ninguém esperava há um mês atrás. A selecção de Portugal bateu-se bem contra a Grécia. A selecção de Portugal, como tudo nesta vida, poderia ter feito melhor, talvez. Mas não conseguiu fazer mais porque a Grécia - se bem repararam - também estava em campo.
Mas que ninguém se diga decepcionado, pois isso será hipocrisia.
E um povo não se esgota nisto. Mostra-se nisto. Eleva-se nisto. É povo nisto!
Eu teria ficado mais satisfeito se a selecção de Portugal tivesse ganho.
Eu estou muito satisfeito com a forma como a selecção de Portugal se bateu e chegou aonde chegou.
Eu estou satisfeito por ser português.
Há mais marés que marinheiros...
No momento em que escrevo, a selecção de Portugal poderá perfeitamente vencer o Euro 2004. E é bom que assim venha a ser! E talvez interesse reter que mais do que vencer as outras equipas, ela terá sabido vencer-se a si própria.
Mas interessa, também, que se diga que o Durão, em troca de um projecto pessoal, abandona um barco encalhado e já perdido, do qual foi votado comandante... E uma coisa talvez não tenha muito a ver com a outra, mas não convém esquecê-las, já que o nosso cérebro tem dois hemisférios (pelo menos o de alguns..).
A primeira coisa, porque somos sempre capazes de nos surpreendermos a nós próprios.
A segunda coisa, porque em Portugal os maus exemplos vêm
sempre de cima.
E já nem me apetece dizer mais nada sobre este pântano... Viva Portugal, apesar de tudo!
Pós-de-escrita: passe a publicidade, já viram a simpatia do Google?

julho 02, 2004
Sophia de Mello Breyner Andresen (06/11/1919 - 02/07/2004)
«Recordo-me de descobrir que num poema era preciso que cada palavra fosse necessária, as palavras não podem ser decorativas, não podiam servir só para ganhar tempo até ao fim do decassílabo, as palavras tinham que estar ali porque eram absolutamente indispensáveis. Isso foi uma descoberta» (JL 468, de 25/6/91)
Cala-se hoje o mar. Sophia morreu-nos. Como cantariam as ondas sem o mar dos seus poemas?
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