<$BlogRSDUrl$>

mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
dezembro 31, 2016

no 13º aniversário do Sete Mares
fazendo votos de felicidades mil...

Efectuei uma análise exaustiva e científica a todas as entrevistas de rua efectuadas pelas televisões portuguesas, ao longo de 2016, e apurei as duas frases que irão servir-me para esta ilustríssima data e que faço questão de aqui partilhar com todos vós:

Isto é fantástico!

Não tenho palavras...! 

E, enfim, façam vocências os possíveis e impossíveis para serem felizes neste 2017 que se avizinha.


Etiquetas:


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:22


dezembro 28, 2016

Quase-quase em jeito de mensagem de fim de ano e princípio de novo

Nesta manhã fria e carregando comigo uma quantidade de vírus indesejados, fungando, tossindo e pigarreando, febril, em sinfonia gripal a solo, dou por mim, no meu passeio matinal, logo depois de um matinal café mal bebido, porque meio queimado, e a caminho do meu local de trabalho, a vociferar intimamente contra todos os concidadãos que estacionam as viaturas sobre os passeios, deixando aos peões uma nesga de circulação, entre tabiques de obras, caixotes do lixo ou lixo espalhado pelo chão ou, ainda e pior, dejectos de inumeráveis cãezinhos, que os donos respectivos se esquecem de recolher e levar para casa – tantas vezes, aos próprios cãezinhos… 

Nada augurava, pois, um dia auspicioso e feliz.

E assim eu ia matutando, embatendo, involuntariamente e com dor, com o cotovelo nos retrovisores – que nem isso recolhem, esses egoístas condutores estacionados, apesar de correrem o risco, civilmente presumível, de um legitimamente arreliado cidadão lhes rebentar, a murro, essas excrescências das viaturas… - e lá que merecer, mereciam!

Mas, coitados e verdades sejam ditas, estacionar onde? Ao menos ali nem pagam o estacionamento. Os peões, assim como assim e de algum modo, lá hão-de safar-se.

Entretanto, em sentido contrário, aproxima-se uma jovenzinha, ajoujada ao peso de uma mochila quase maior do que ela, e em artes de dançarina – tal como eu – na gincana dos objectos obstáculos.

No momento de nos cruzarmos, encolhi-me todo, esmagando-me contra um carro – desejando intimamente que algum risco involuntário (mas merecido) na pintura compensasse a sujidade que ficaria agarrada ao meu casacão – e cedi-lhe a passagem possível, que consistia numa nesga onde mal cabíamos ambos, não houvera ginásticas de delicadeza.

A jovenzinha ergueu o olhar para mim, sorriu e disse-me obrigada.

E tanto bastou para que, de súbito, eu sentisse o mundo com outro olhar.

Ocorreu-me Sampaio da Nóvoa, numa sua palestra sobre esta forma portuguesa de agradecer, em que invoca São Tomás de Aquino, no seu Tratado da Gratidão, dissertando sobre esta manifestação do terceiro nível de agradecimento que, ao que parece, apenas em Portugal é usado: obrigado.

Apesar de tudo, há sempre a possibilidade de um sorriso e de uma manifestação de humanidade quando menos se espera e por mais singela que ela seja. Não saberá a jovenzinha o bem que me fez, nem eu saberia pagar-lhe por esse bem.

Mas, sim, também eu lhe fiquei, sentidamente, obrigado.  

- Jorge Castro
28 de Dezembro de 2016

Etiquetas:


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 09:25


dezembro 20, 2016

Natal, o tal, sempre que a gente o quiser...

... e que afeiçoaremos como melhor nos aprouver.

De mim, recebam esta família primordial - lá está, afeiçoada por olhos que tiveram artes de ver de outra maneira - e que, sem fragilizarem o conceito, bem pelo contrário o fortalecem.

 (- Artesanato da serralharia O Pinha, de Manuel Machado, em Celeirós, Braga)  
 
O Natal é uma janela
 
o Natal é uma janela
que abrimos a quem passa
tão-só para cumprimentar
dando um ar da nossa graça
porque o tempo passa
passa
sem dar tempo de parar
 
temos musgo
e azevinho
na ombreira da janela
não vá o nosso vizinho
passar também a correr
e nem sequer dar por ela
 
o Natal tem afinal
esse dom de por um dia
- ou
vamos lá… por um mês –
sentirmos essa alegria
de sermos gente outra vez
 
de ficarmos à janela
aberta de par em par
lançando à rua um sorriso
e deixando entrar o ar
que nos varra os pesadelos
os medos
as aflições
de que estamos pelos cabelos
sem aprendermos lições
 
o Natal é esse olhar
que vai além da vidraça
e que nos mostra quem passa
apenas por lá passar
 
um tempo de ter presente
mesmo quando estamos sós
que quem quer que passe em frente
da janela que abrirmos
de repente descobrirmos
ser gente
tal como nós.
 
- Jorge Castro
Dezembro de 2016

Etiquetas: , ,


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 12:14


dezembro 06, 2016

Camões e a calçada portuguesa

Só para não dizerem que não falei em flores... dar-vos ei razão e falarei de outra coisa qualquer. Que o quotidiano está aí, anda à nossa volta e não há arte maior do que lhe dar olhos de ver.

pisoteia ela a calçada
alto o salto
esbelta a perna
e o salto alto penetra
no canal lacrimejal
de quem foi grande poeta
mas jamais acidental
que ocidental era a meta

a ranhura que era fina
finória e sem ter largura
deu de si – perdeu a sina
e cresceu em desmesura
por tanto
e tanta mais treta
o salto alto penetra
naquele olho do poeta

e o artista ligeiro
corre e salta pressuroso
p’ra não dizer altaneiro
actualizando o ficheiro
que parece insidioso
assim de olho esburacado

com martelo e martelada
tira e põe pedra a preceito
aconchega e põe a jeito
o sem-jeito da calçada

e quase sem dar por nada
pedra a pedra martelada
espanto que já nem cala
varrido que é o restolho
ali nasce em quase-nada
no poeta sobre um olho
o negrume de uma pala… 

- Jorge Castro

Etiquetas:


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 15:58


Arquivo:
janeiro 2004 fevereiro 2004 março 2004 abril 2004 maio 2004 junho 2004 julho 2004 agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 dezembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 agosto 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011 março 2011 abril 2011 maio 2011 junho 2011 julho 2011 agosto 2011 setembro 2011 outubro 2011 novembro 2011 dezembro 2011 janeiro 2012 fevereiro 2012 março 2012 abril 2012 maio 2012 junho 2012 julho 2012 agosto 2012 setembro 2012 outubro 2012 novembro 2012 dezembro 2012 janeiro 2013 fevereiro 2013 março 2013 abril 2013 maio 2013 junho 2013 julho 2013 agosto 2013 setembro 2013 outubro 2013 novembro 2013 dezembro 2013 janeiro 2014 fevereiro 2014 março 2014 abril 2014 maio 2014 junho 2014 julho 2014 agosto 2014 setembro 2014 outubro 2014 novembro 2014 dezembro 2014 janeiro 2015 fevereiro 2015 março 2015 abril 2015 maio 2015 junho 2015 julho 2015 agosto 2015 setembro 2015 outubro 2015 novembro 2015 dezembro 2015 janeiro 2016 fevereiro 2016 março 2016 abril 2016 maio 2016 junho 2016 julho 2016 agosto 2016 setembro 2016 outubro 2016 novembro 2016 dezembro 2016 janeiro 2017 fevereiro 2017 março 2017 abril 2017 maio 2017 junho 2017 julho 2017 agosto 2017 setembro 2017 outubro 2017 novembro 2017

This page is powered by Blogger. Isn't yours?Weblog Commenting by HaloScan.com



noites com poemas 2


capa do livro Farândola do Solstício
Obras publicadas
por Jorge Castro

contacto: jc.orca@gmail.com

Autor em

logo Apenas

Colaborador de

logo IELT

Freezone

logo Ler Devagar


Correntes de referência:
80 Anos de Zeca
... Até ao fim do mundo!
Aventar
Encontro de Gerações (Rafael)
É sobre o Fado (João Vasco)
Conversas do Café Grilo
Espaço e Memória - Associação Cultural de Oeiras
Final Cut - o blogue de cinema da Visão
Oeiras Local
O MOSCARDO
Poema Dia
Profundezas

Correntes de proximidade:
A Funda São
Amorizade (Jacky)
A Música das Palavras (Jaime Latino Ferreira)
Anomalias (Morfeu)
Ars Integrata
Ars Litteraria
Ars Poetica 2U
As Causas da Júlia (Júlia Coutinho)
As Minhas Romãs(Paula Raposo)
Belgavista (Pessoana)
Blogimmas
Blogotinha
Bloguices
Câimbras Mentais (AnAndrade)
Carlos Peres Feio
chez maria (maria árvore)
Coisas do Gui
deevaagaar
Divulgar Oeiras Verde (Ana Patacho)
e dixit (Edite Gil)
Fotos de Dionísio Leitão
Garganta do Silêncio (Tiago Moita)
Isabel Gouveia
Itinerário (Márcia Maia)
Metamorfases
Mudança de Ventos (Márcia Maia)
Mystic's
Nau Catrineta
Notas e Comentários (José d'Encarnação)
Novelos de Silêncio (Eli)
Pedro Laranjeira
o estado das artes
Palavras como cerejas (Eduardo Martins)
Parágrafos Inacabados (Raquel Vasconcelos)
O meu sofá amarelo (Alex Gandum)
Persuacção - o blog (Paulo Moura)
Queridas Bibliotecas (José Fanha)
Raims's blog
Relógio de Pêndulo (Herético)
Risocordeluz (Risoleta)
Rui Zink versos livros
Repensando (sei lá...)
sombrasdemim (Clarinda Galante)
Tábua de Marés (Márcia Maia)
Valquírias (Francília Pinheiro)
Vida de Vidro
WebClub (Wind)

Correntes de Ver:
desenhos do dia (João Catarino)
Esboço a Vários Traços

Correntes Auspiciosas:
ABC dos Miúdos
Manifesto-me
Netescrita
Provérbios

Correntes Favoráveis
A P(h)oda das Árvores Ornamentais
Atento (Manuel Gomes)
A Paixão do Cinema
A Razão Tem Sempre Cliente
A Verdade da Mentira
Bettips
Blog do Cagalhoum
Cadeira do Poder
CoeXist (Golfinho)
Congeminações
Crónica De Uma Boa Malandra
Desabafos - Casos Reais
Diário De Um Pintelho
Editorial
Escape da vida...
Espectacológica
Eu e os outros...
Eu sei que vou te amar
Fundação ACPPD
Grilinha
Há vida em Markl
Hammer, SA
Horas Negras
Intervalos (sei lá...)
João Tilly
Lobices
Luminescências
Murcon (de JMVaz)
Nada Ao Acaso
NimbyPolis (Nilson)
O Blog do Alex
O Bosque da Robina
O Jumento
(O Vento Lá Fora)
Outsider (Annie Hall)
Prozacland
O Souselense
O Vizinho
Palavras em Férias
Pastel de Nata (Nuno)
Peciscas
Pelos olhos de Caterina
Primeira Experiência
Publicus
Puta De Vida... Ou Nem Tanto
Santa Cita
The Braganzzzza Mothers
Titas on line
Titas on line 3
Senda Doce
TheOldMan
Traduzir-se... Será Arte?
Um pouco de tudo (Claudia)
Ventosga (João Veiga)
Voz Oblíqua (Rakel)
Zero de Conduta
Zurugoa (bandido original)

Corrente de Escritas:
A Arquitectura das Palavras (Lupus Signatus)
Além de mim (Dulce)
Ana Luar
Anukis
Arde o Azul (Maat)
Ao Longe Os Barcos De Flores (Amélia Pais)
Babushka (Friedrich)
baby lónia
Branco e Preto II (Amita)
Biscates (Circe)
blue shell
Cartas Perdidas (Alexandre Sousa)
Chez Maria (Maria Árvore)
Claque Quente
2 Dedos de Prosa e Poesia
Escarpado (Eagle)
Erotismo na Cidade
Fôlego de um homem (Fernando Tavares)
Há mais marés
Humores (Daniel Aladiah)
Insónia (Henrique Fialho)
Klepsidra (Augusto Dias)
Letras por Letras
Lua de Lobos
Lus@arte (Luí­sa)
Mandalas Poemas
Menina Marota
Novos Voos (Yardbird)
O Eco Das Palavras (Paula Raposo)
Porosidade Etérea (Inês Ramos)
O Sí­tio Do Poema (Licínia Quitério)
Odisseus
Paixão pelo Mar (Sailor Girl)
Palavras de Ursa (Margarida V.)
Palavrejando (M.P.)
Poemas E Estórias De Querer Sonhar
Poesia Portuguesa
Poetizar3 (Alexandre Beanes)
Serena Lua (Aziluth)
Sombrasdemim (Maria Clarinda)
Sopa de Nabos (Firmino Mendes)
T. 4 You (Afrodite)
Uma Cigarra Na Paisagem (Gisela Cañamero)
Xanax (Susanagar)

A Poesia Nos Blogs - equipagem:
A luz do voo (Maria do Céu Costa)
A Páginas Tantas (Raquel)
ante & post
As Causas da Júlia
Cí­rculo de Poesia
Confessionário do Dilbert
Desfolhada (Betty)
Estranhos Dias e Corpo do Delito (TMara)
Extranumerário (GNM)
Fantasias (Teresa David)
Fata Morgana... ou o claro obscuro
Jorge Moreira
MisteriousSpirit (Sofia)
Passionatta (Sandra Feliciano)
Peças soltas de um puzzle
Poemas de Trazer por Casa e Outras Estórias - Parte III
Poesia Viva (Isabel e José António)
Poeta Salutor (J.T. Parreira)
Que bem cheira a maresia (Mar Revolto-Lina)
Sais Minerais (Alexandre)
Silver Soul
Sombra do Deserto (Rui)

Navegações com olhos de ver:
Em linha recta (lmatta)
Fotoescrita
gang00's PhotoBlog
Nitrogénio
Objectiva 3
Pontos-de-Vista
Rain-Maker
O blog da Pimentinha (M.P.)
Passo a Passo
Portfólio Fotográfico (Lia)
Words (Wind)

Já navegámos juntos...
Aliciante (Mad)
A Rádio em Portugal (Jorge G. Silva)
Atalhos e Atilhos
Cu bem bom
Encandescente
Geosapiens
Incomensurável
Isso Agora...
Letras com Garfos (Orlando)
Luz & Sombra
Pandora's Box
Pés Quentinhos
Praça da República em Beja (nikonman)
SirHaiva
Testar a vida
Tuna Meliches

Correntes de Consulta:
Abrupto
A Lâmpada Mágica
Aviz
Blogopédia...
Bloguítica
Contra a Corrente
Contra a Corrente
Conversas de Merda
Cravo e Canela
Do Portugal Profundo
Inépcia
Médico explica medicina a intelectuais
Oficina das Ideias
Portugal No Seu Pior
Professorices
República Digital
Retórica e Persuasão
Ser Português (Ter Que)
You've Got Mail

Correntes interrompidas:
A Nau Catrineta (zecadanau)
Aroma de Mulher (Analluar)
A Voz do Fado!
blog d'apontamentos (Luí­s Ene)
Catedral (ognid)
Cidadão do Mundo
Conversas de Xaxa 2
CORART - Associação de Artesanato de Coruche
Cumplicidades (Maria Branco)
Flecha
Fraternidades (Fernando B.)
Ilha dos Mutuns(Batista Filho)
Histórias do mundo (Clara e Miguel)
Lazuli (Fernanda Guadalupe)
luz.de.tecto (o5elemento)
Letras ao Acaso
Madrigal - blog de poesia
Mulher dos 50 aos 60 (Lique)
O Mirmidão
O soldadinho de chumbo
Palavras de Algodão (Cris)
podiamsermais (Carlos Feio)
Poemas de Manuel Filipe
Porquinho da Índia (Bertus)
Um Conto à Quinta
Xis Temas (António San)

noites com poemas