setembro 28, 2004
BONJOUR PARESSE - uma realidade bem perto de si
Recebi, hoje, este texto que aqui divulgo. Perdoem a extensão e a tradução desajeitada... mas tentem arranjar um tempinho para o lerem. É educativo.
"Bonjour paresse" de Corine Maier
Elogio da Preguiça Faz Sucesso em França
Segunda-feira, 13 de Setembro de 2004
"A arte e a maneira da necessidade de se fazer o menos possível na empresa" está à beira de tornar-se um "best seller", graças ao apoio involuntário da EDF. A empresa onde a autora do livro trabalha como economista não apreciou o exercício literário e ameaçou-a de despedimento
Ana Navarro Pedro, Paris
Saído com toda a discrição nas livrarias francesas, este Verão, o livro "Bonjour paresse" (Bom-dia preguiça, em tradução literal), de Corinne Maier e editado pela Michelon, com o seu longo subtítulo "A arte e a maneira da necessidade de se fazer o menos possível na empresa", estava predestinado a desaparecer com a mesma circunspecção no fim da estação.
Mas as vendas vão já em 15 mil exemplares, outros tantos estão ser reeditados e há uma dezena de traduções em curso (e negociações para uma versão em português). Um sucesso granjeado involuntariamente pela EDF (Electricité de France), a grande empresa pública produtora de energia onde trabalha Corinne Maier como economista.
Ameaçada de despedimento, a autora devia ter na segunda-feira da semana passada uma reunião com a direcção do grupo. Mas ao fim do dia Corinne Maier afirmava que o processo interno de sanção iniciado pelo empresa "pelo facto ter escrito 'Bonjour paresse', foi abandonado". "A hierarquia não deu motivos alguns nem sobre o processo disciplinar, nem sobre o seu abandono", acrescentaram os delegados sindicais que Corinne Maier tinha solicitado quando se viu ameaçada de despedimento. Como sublinham os jornais britânicos, que dedicam páginas inteiras ao caso, a autora nem sequer deu ao trabalho de fazer grandes esforços para salvar o seu emprego. E quando a direcção da EDF a convocou para uma primeira reunião a 17 de Agosto, Corinne Maier respondeu que estava de férias.
Economista, doutorada também em psicologia, e com 40 anos, a autora narra em "Bonjour paresse", num tom acerbo, os jogos de poder nas empresas, o vocabulário de "management" absconso, as incompetências dos colegas, a hipocrisia dos discursos. Neste panfleto anarquista, é recomendado fazer o menos possível porque o "cretino ao seu lado vai um dia destes substitui-lo".
A direcção da EDF não apreciou este exercício literário numa altura em que a empresa pública abre o seu capital ao sector privado. Numa carta de ameaça de despedimento, a direcção mencionou um "não respeito pelo principio de lealdade" em relação à empresa e mencionou os seguintes
exemplos: "Ler o jornal em reunião de grupo, e sair das reuniões antes do fim, nomeadamente da reunião de 3 de Maio de 2003". Estes factos "são reveladores de um aplicação individual da estratégia claramente indicada no livro 'Bonjour paresse', e tentam gangrenar o sistema do interior", concluia a empresa que emprega 167 mil pessoas. Mas se Corinne Maier, se admite ter sido influenciada pelo clima no seu escritório, nega em contrapartida ter feito uma sátira da EDF, visando antes de mais as empresas do sector privado.
Gritos de alarme por trás da provocação
Descrevendo "um desencanto pronunciado" no mundo empresarial,Corinne Maier endereça o seu panfleto às pessoas que deixaram de acreditar que o trabalho é o vector da realização pessoal. "É necessário dizer que trabalhamos porque 'gostamos do emprego' que temos, e é um tabu dizer a verdade - que afinal se trabalha para se pagar as contas ao fim do mês".
A autora recorre a uma forma de humor muito americano para desfiar, com cinismo, os seus preceitos: " Você é um escravo dos tempos modernos. É inútil tentar mudar o sistema - isso só o torna mais forte (...) O trabalho que faz é inútil e você será um dia substituído um dia pelo cretino que trabalha na mesa ao lado - por isso trabalhe o menos possível e cultive uma rede de compadrios que o tornará intocável na próxima leva de despedimentos (...) Você não é julgado pelo seu mérito, mas pela sua aparência (...) Fale com linguagem tecnocrática: os outros vão pensar que você é inteligente (...) Não aceite posto de responsabilidade: vai ter de trabalhar mais, sem ganhar muito mais (...) Seja simpático com as pessoas com contratos a prazo - são as únicas que trabalham mesmo (...) Diga a si mesmo que este sistema absurdo não pode durar para sempre. Vai desabar como desabou o materialismo dialéctico do sistema comunista. Toda a questão é de saber quando".
Mas por detrás da provocação, há gritos de alarme. Corinne Maier refere-se a um mundo em que "as pessoas que passam o cabo dos 50 anos são enviadas para o desemprego ou para os programas de pré-reforma. "Em França apenas um terço da classe etária dos 55-64 anos ainda trabalha - um 'recorde do mundo', segundo a autora. Um mundo em que as empresas repetem que o capital humano é o trunfo mais importante, mas que "tratam os empregados como lenços de papel", a deitar fora quando já serviram.
"O sucesso do livro de Corinne Maier responde a um mal-estar crescente nas empresas", escreveu o jornal de referência "le Monde", na edição de 28 de Agosto: "Depois de terem investido enormemente na vida profissional nos anos 1970 e 1980, empregados e quadros tomam um recuo cada vez maior com o trabalho deles".
O "desamor à camisola" notado nos empregados não afecta apenas os franceses: é uma tendência de fundo no mundo ocidental, onde um número crescente de empregados se distancia do mundo da empresa. Numa sondagem internacional de 2003, mas feita dentro da empresa, a "Chronopost" (empresa francesa de correio rápido) que tem escritórios no mundo inteiro, só 20 por cento dos empregados com menos de 35 anos declararam "implicar-se muito ou essencialmente" na sua vida profissional. E em todas as classes etárias e todos os escalões de responsabilidade, sete pessoas em cada dez disseram que a sua relação com o trabalho "tem uma barreira - a da vida privada".
Esta mudança de mentalidade teria começado há uns dez anos, quando as maiores das empresas no mundo ocidental começaram lançar planos de despedimento, segundo o psiquiatra Patrick Légeron, dirigente do gabinete de recrutamento Stimulus: "Nos anos 1970 e 1980, pediu-se às pessoas que trabalhassem e que gostassem do trabalho delas. Mas depois veio o tempo dos despedimentos de massa, que sacrificaram até os empregados mais zelosos. A geração seguinte, que foi apanhada nos lares destroçados por estas situações, é a que menos apego tem ao mundo da empresa".
Esta mudança psicológica vai obrigar o mundo empresarial a adaptar novos métodos de gestão, preconizam inúmeros media franceses e britânicos, alertados pelo sucesso do livro de Corinne Maier.
Mais notícias do abismo
Poizé... as colocações dos professores já saíram...
Só para vosso governo, aproveito para informar que a minha-senhora-de-mim, que é professora por vocação e martírio há quase uma trintena de anos, e que foi colocada enquanto efectiva, em determinada escola, na primeira parte do concurso, tendo já assumido o seu lugar e as suas funções,viu-se agora colocada outra vez (!...), mas NOUTRA ESCOLA e com horário incompleto...
Pela amostra, as colocações devem estar um verdadeiro mimo.
setembro 26, 2004
Notícias do Abismo
NOTÍCIA RELATIVAMENTE FRESCA...
... e mensagem de esperança para quem quer acreditar que Portugal será um país moderno nos próximos duzentos e cinquenta anos:
O senhor engenheiro José Sócrates é o próximo Secretário-Geral do Partido Socialista.
NOTÍCIA RELATIVAMENTE REMOTA...
... e mensagem de esperança para quem espera que Portugal caia de maduro nos próximos duzentos e cinquenta dias:
A senhora doutora Celeste Cardona foi investida como administradora da Caixa Geral de Depósitos.
NOTÍCIA RELATIVAMENTE RELATIVA...
... e mensagem de esperança para quem espera que Portugal venha a descobrir o caminho marítimo para a Europa nos próximos dois mil e quinhentos anos:
Desenvolvimento recente de cultura de ADN de el-rei D. Dinis permite ao governo assegurar uma colocação de professores eficaz, em todo o território nacional, já em 2005.
NOTÍCIA RELATIVAMENTE INFECTADA...
e mensagem de esperança para quem espera que Portugal venha a ser um país com um eficiente serviço nacional de saúde nos próximos tempos:
Estudo recentemente realizado à mão permite ao governo garantir dia sim dia não o pagamento de uma taxa imoderada moderadamente, em todo ou parte do território nacional, já brevemente. (objectiva3)
setembro 23, 2004
Isco - um pouco cínico, é verdade... - para atingir os 10.000 visitantes
Estimados visitantes,
Concluí - provisoriamente, como convém a todas as conclusões - a minha pesquisa pela Blogosfera sobre todas as entradas dos companheiros da jantarada que o excelente compincha ZecaTelhado organizou e levou a cabo - algo que vai sendo raro neste país, isto de começar e levar a cabo qualquer coisa...
Efectuei uma colagem sequencial de quase tudo o que foi dito e mostrado na Blogosfera sobre aquele feliz evento pela quase generalidade dos seus participantes, e que organizei num ficheiro doc, pesadinho (cerca de 4.800 kb), mas que julgo visualizável. São oitenta e tal páginas de ditos e feitos, já depois de arrumadinhas, lavadas e penteadas qb.
Optei por este formato com o intuito de o tornar mais amigável para quem queira enriquecê-lo com a inclusão, por exemplo, dos respectivos comentários, outras fotos, etc..
Estou disponível para o enviar a todos os participantes que o solicitem, através do seguinte email: jorcas@netcabo.pt
(Estão a ver?... Uma forma expedita e espertalhóide para aumentar o número de visitantes... Vamos lá ver se sou bem sucedido.)
Pelo caminho e ainda a tempo, aqui deixo o meu reconhecimento a todos os 'confrades' que - quem poderá garantir o contrário?... - usam este singelo meio para, como diria o Poeta, se irem "da lei da morte libertando".
setembro 22, 2004
A Blogosfera para além da feira de vaidades
Entre ontem e hoje fiz questão de entrar em cerca de quarenta blogs dos que participaram no encontro de sábado passado e ter por lá deixado comentários em cerca de trinta...
Copiei e guardei todos os textos que li a propósito do encontro e não será exagero meu garantir que há matéria para um breve ensaio sociológico... que, obviamente, não farei.
Pensei, até, em disponibilizar essa "colecção" aqui nos Sete Mares, mas as imagens associadas talvez venham a levantar objecções de alguns, que devem ser respeitadas.
De tanto que li e vi, reforçou-se a minha serena convicção de que este é um excelente meio de comunicação e de liberdade. É estimulante, mais do que viciante. É um forum de libertação de afectos que a nossa "tradição" cultural oficial tanto reprimiu e reprime, criando uma espécie de "moral vigente" que nos espartilha o raciocínio ou mesmo os seus mecanismos. É uma fonte de informação, talvez trabalhada, talvez filtrada, tanta vez subjectiva mas, ainda assim, de invulgar riqueza.
E é, acima de tudo, o único sítio deste Portugal empobrecido em que o cidadão tem opinião e artes de a divulgar.
Narcisos? E porque não? Da obra já feita, porque não havemos de colher os louros?
setembro 20, 2004
A Blogosfera é redonda e tem gente lá dentro...

Não que eu tivesse grandes dúvidas, à partida, quer da rotunda qualidade da dita, quer da possibilidade de lá morar gente à séria, com carne e ossos e tendões e vísceras e cérebro e tudo, enfim, aquele conjunto de circunstâncias que tornam o "próximo" apelativo e idêntico a nós próprios...
Mas não fosse o Diabo tecê-las, nada como apalpar a realidade (salvo seja...) para nos libertarmos de dúvidas desadequadas.
E, de súbito, Lique, Pandora, Ognid, MJM, Zecatelhado, Wind, Luís Ene, Imatta, SeiLá, Inconformada... - não estão à espera que enumere todos, pois não?... - Marias um pouco por toda a parte, Luíses e Paulos e Maneis e uma data de outros, vindos de longe, de perto ou de assim-assim, fizeram-se, por uma mão-cheia de horas, os amigos que talvez nunca tenham sido, no passado, mas que reunem excelentes condições para o serem, no futuro.
Todos à volta de uma mesa, que nem era távola, nem redonda, mas que nem por isso desdenhavam da demanda de algum Santo Graal que um brilhozinho nos olhos anunciava.
No fundo, talvez nada tenha sido muito transcendente. Foi tão somente aquela imensa alegria de redescobrir que o mundo tem gente lá dentro e que cada um de nós faz parte dele.
Que talvez tenhamos - cada um de nós - o desprezível peso de quase-nada neste concerto universal e, ainda assim, termos sido um peso-pesado nos afectos, nos sorrisos e nos abraços.
Passei uma boa parte da tarde a visitar a "confraria"... Cinquenta visitações é obra e o Sol chateou-se de me ver passar a tarde à sombra. Mas penso que recolhi já uma muito razoável unanimidade de pareceres quanto ao evento: valeu a pena. E é o bastante!
Pensar, então, que houve quem rumasse do Porto ou de Faro propositadamente para partilhar este momento, deixa-me sem ter muito mais para dizer.
Houve quem falasse do narcisismo que está subjacente a cada blogger... E não se poderia estar mais de acordo, porquanto todos estávamos indiscutivelmente belos.
setembro 19, 2004
Confraternização na Blogosfera
Um pequeno apontamento, apenas para dizer que são 4h45 da madrugada; que o jantar correu muito bem, muito obrigado; que se prolongou, noite dentro, sem que daí viesse mal ao mundo; e, por fim. que tudo isto teve o condão singelo de enriquecer as nossas vidas, criando nelas outros enlaces.
Cada um ajuizará sobre o que fazer deles... Por mim, acho mesmo que vou dormir um pouco sobre o assunto e já volto. Boa noite.
setembro 18, 2004
BLOGOSFERA
(Considero que os poemas longos não são os mais adequados para este espaço... Mas hoje o dia é de celebração desta "Irmandade", como se vem chamando à Blogosfera. Aqui deixo, então, o meu contributo, como homenagem àqueles que roubam algumas horas a tudo para deixarem o seu testemunho neste espaço de partilha)
Cumpro o tempo que eu sinto por cumprir
Noite adentro quando o corpo quer dormir
Teclo ainda uma outra vez htt
E mais um p
Dois pontos
Barra e outra barra
Onde adivinho um novo dia
A alvorada
Sentir do outro um triste fado sem guitarra
Um riso alto
Destemperado e carniceiro
Ou um poema de migalhas e de enleios
Que alguém lançou ao sabor da madrugada
Ali à frente marcha alegre e companheiro
Aquele sendeiro
Maganão
Bem informado
Que partilha a dica
A faca
A força
A graça
De zurzir de peito aberto
Zombeteiro
Algum traste do poder que nos desgraça
Mais além
A pressentir já quase o dia
Há um frenesim de seio a arfar
Uma harmonia
De dois corpos só de amar num novo post
Que por mais que alguém diga que não goste
É record de audiências garantido
E há um homem entretido
Outro enganado
Um tristonho a sorrir
Um desagravo
E a mulher mais liberta
Com mais charme
Sem prisão de espelhos que a desarme
Ou mordaça de espartilhos que são moda
De esconder por toda a vida
A mulher toda
E o enjeitado
O seduzido
O apaixonado
Aquele que traz o peito afeito trespassado
Pelas mil lanças de que é feita a vida crua
Ali ficamos lado a lado
Em cada rua
A perceber que há mais irmãos
Mesmo sem jeito
Iguais a mim
Iguais a ti
Mais gente nua
Nesta aflição feita de bytes por defeito
Um riso
Um chasquinho
Ou ironias
Amarguras do pior
Melancolias
Um profundo estado de alma
Uma paleta de emoções a meio-tom em bicicleta
Em solfejo
Em dó maior
Deixo-te um beijo do melhor que de ti sei
Ou que em ti vejo
Nesta rede de sargaço em que tropeço
Fica aqui de comentário o meu abraço
E se me dizem doentio ou inconstante
Este instante de inconstâncias assumidas
Escondidas por detrás de um ente anónimo
O que importa é dar vida a estas vidas
Contra o negrume adensado sobre o mundo
E revelar num recanto adormecido
Um Pancho Villa
Um Che Guevara
Ou um Gerónimo
Ou até neste ocidental recanto
Feito de ais
De fado e mar
E desencanto
Ressurgir
De peito aberto e braço armado
O romantismo do nosso Zé do Telhado
Há assim este espaço de verdade
Ilusória
E tão fugaz
Tão delicada
De que se faz aquele sorriso de criança
E que nos dá
Em breve réstia de esperança
A descoberta
Do sabor da liberdade.
- Jorge Castro
setembro 17, 2004
E Santana também não sabe de nada, claro...
Mira Amaral sai da Caixa Geral de Depósitos, de um cargo que, pelo lido, ouvido e consabido, era redundante. Assim a modos que dois em um.
Por ciumeiras habituais - que a carne é fraca - entrou em rota de colisão com o seu par de poleiro, António Sousa, o que motivou a paralisia, ao longo de vários meses, do órgão de topo da CGD que era suposto gerirem. Não consta que essa paralisia inoperante tenha dado origem à paralisia dos respectivos honorários...
Bem, mas a verdade é que o homem saiu. E, como a idade pesa, o homem reforma-se. Coitado, com a vileza de € 18.000 (dezoito mil euros) mensais, apenas.
O processo decorreu, todo ele, em 48 horas, mais coisa, menos coisa, que esta vida é uma pressa.
O ministro Bagão diz que não sabe de nada disso, que tal não é coisa do governo, apesar do Estado ser o accionista único, sendo que os valores atribuídos serão do "foro interno" da CGD!... Então, o accionista único não sabe de nada quanto às políticas internas, nomeadamente das reformas de administradores que são nomeados pela tutela?!?!?!?!?!?!?!?!?...
Mas esta gajada convenceu-se mesmo de que o Zé Povinho anda irremediavelmente a dormir? E, se calhar, esse convencimento tem algum fundamento...
Ninguém tem, para aí, a porra de um despertador? Mesmo que seja daqueles de dar corda, à antiga...
setembro 14, 2004
O que nos diz Bagão?...
Bagão falou e disse... Infelizmente, não cumpriu a segunda parte da frase, como cantarolava a minha avozinha, e que seria, no caso, "pegou no chapéu e foi-se".
Não, ele fica. Teremos, pois, mais "conversas em família".
- Para nos dizer que temos de produzir mais (para cobrir, entre outras coisas, o fenomenal buraco que ele próprio nos legou na Segurança Social).
- Para nos dizer que as remunerações da função pública não podem subir muito (já que é imperativo adquirir constantemente constantes frotas de viaturas topo de gama para inconstantes ministros e respectivos satélites).
- Para nos dizer que é preciso "diferenciar" taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde - sabe-se lá se será mediante apresentação, prévia à consulta, da declaração do IRS do ano anterior ao médico de serviço - (enquanto tudo que é quadros superiores das "superiores" empresas da nossa terra têm seguros de saúde que nem sequer precisam de pagar, pois integram o pacote de benesses e prebendas a que o "direito divino" da santa cunha lhes outorga, sempre à custa dos baixos salários do povão, que o maná, contrariamente ao que alguns dizem e outros pensam, não cai do céu).
Farto, irmãos e vizinhos! Estou fartinho desta vilanagem sacrista!
Para quando alguém (no poder) anunciar uma - uminha, apenas! - medida estruturante ou estrutural ou um raio que os parta, que contrarie a mortandade na estrada, a burrice na escola, a mendicidade nas ruas, o analfabetismo no povo, a anti-economia nas grandes empresas, o fogo nas florestas, a miséria nos campos, o caos cívico nas cidades?
Já vos disse, certa vez, que trabalho numa empresa nacional (grande, grandessíssima...) que, só no sector em que me encontro, teve onze administradores nos últimos nove anos. Por mim, aguardo uma, uma só, pequena e redonda, medida de gestão que saída daquelas cabeças se mantenha no terreno mais do que seis mesitos... Consultorias, em três anos, já vão em cinco!
Somos os detentores dos maiores índices europeus de quase tudo o que é mau perante a passividade tosca, chungosa, paquidérmica e venal da mão-cheia de patos-bravos que presumem mandar no país... Presumem, não. Mandam mesmo, com a nossa complacência medrosa ou tacanha (ou ambas).
Oficialmente, portámo-nos como os maiores sabujos perante os interesses que Bush defende; de seguida, enviámos uma hipócrita força militar de "pacificação" - e seria interessante saber os seus custos, neste país tão carente... - para o inadmissível desarranjo internacional que a pandilha dos petróleos congeminou para o Iraque... Pelo caminho, um idiota sugere pôr aviões super-sónicos a sobrevoar os campos do Euro2004 (aqueles que foram pagos com os dinheiros que não temos), para prevenir eventuais acções "terroristas"!
Ah, caros irmãos e vizinhos, não fosse ser este um país de Grandes Poetas e só teríamos razões para cobrir a nossa cara com o pior excremento da vergonha!
setembro 11, 2004
Os teus olhos são mais bonitos que a tua bicicleta
Hoje, 11 de Setembro, fui até à esplanada de uma praia sem torres.
Uma menina brincava, deliciando-se em correrias de bicicleta. Ouvi-lhe o nome: Sara.
Ofereci ao pai este poema:
À SARA
Menina que atravessas a calçada
Na pressa lenta da bicicleta cor de rosa
Tens a voz da mariposa solta ao vento
Cor da rosa de uma idade sem momentos
Do teu riso que alinda a bicicleta
E dos teus olhos ‘inda mais bonitos que ela
Fica a praia
O areal
Esse mar todo
Atravessado por um fio de alegria.
- Jorge Castro
setembro 10, 2004
O Zecatelhado (http://www.jachove.weblog.com.pt) solicita...
... a divulgação da seguinte alteração do jantar/encontro que está a organizar para o próximo dia 18 do corrente:
"Meus Irmãos: Devido a dificuldades de última hora que posteriormente explicarei, o local do nosso querido Jantar/Encontro foi mudado; Assim, o grandioso evento terá lugar no Restaurante BRISA DO TEJO, na Rua Ilha dos Amores (que nome sugestivo!), no Parque Expo. Fica pertíssimo do Centro Comercial Vasco da Gama, mesmo ao lado da esquadra da Polícia e do Clube House.
EMENTA:
Couvert: Pão, manteiga e azeitonas temperadas
Sopa: Caldo Verde
Peixe: Bacalhau com amêndoas e broa
Carne: Lombos de porco com molho de laranja e mel
Sobremesa: Mousse de chocolate Mousse de manga
Vinho: Borba ( branco e Tinto ) Água Mineral CervejaCafé
O preço disto tudo por pessoa é de +_ 20 Euritos por cabeça.Agora ATENÇÃO: Convinha que os irmãos que por qualquer motivo imprevisto não possam comparecer, avisem aqui o Zecatelhado o mais tardar até 3ª Feira."
setembro 09, 2004
A Blogosfera É Redonda?
(A propósito de uma onda melancólica que julgo pressentir em alguns dos blogs que mais visito)
Cheguei até cá pela mão de duas jovens, a Inês (Provérbios) e a Thita (ABC dos Miúdos), cujas idades somadas não ultrapassavam o número 25, as quais nunca vi com olhos materiais de ver, nem sei se alguma vez verei. Mas presumo saber delas tanta coisa que ao ser humano interessa... Sempre achei esse facto uma graça e um estímulo.
Antes, volejava apenas pela “comunidade”, deixando neste um palpite, naquela uma dica, num terceiro um poema semi-espontâneo, a propósito de algum despropósito... Um dia, perto do Natal de 2003, chegou o desafio, já quase um imperativo: “- Amigo, passas a vida a visitar a casa dos outros... Não quero continuar a ver-te assim desprotegido. Aqui tens o teu blog. Sete Mares, que tu és OrCa. Serve-te?” – E cá estou, protegido por um pseudónimo e ansioso por uma identidade.
Depois disseram-me: o tempo médio de vida de um blog é de seis meses. Tanto bastou para que jurasse a mim próprio haver de empurrar este meu mundinho pela montanha acima, pelo menos durante um ano. Sempre fui sensível a esse encantamento de contrariar estatísticas.
Passaram já nove meses. Tempo humano consabido de gestação. Não dei porque o mundo girasse mais rápida ou lentamente por causa dos Sete Mares, nem fiz nada para isso. Sinto algum gozo criativo, vaidade quanto baste pelos comentários recebidos e deixo por cá o meu precioso tempo que é, porventura, do melhor que tenho para partilhar.
Curiosamente, os meus amigos mais próximos, apesar de avisados, por regra não me deixam um único comentário... O que me deixa algo inseguro com eles. O meu contador regista a modéstia de pouco mais de 8.000 visitantes, o que não chega a ser uma manifestação de rua que jeito tenha...
E, ainda assim, volto cá todos os dias e não cesso de me extasiar. Dir-se-ia que o meu mundo “lá fora” é fútil, fastidioso ou vazio, mas nem é o caso, bem pelo contrário... E, ainda assim, lá me espanto eu, com isto ou aquilo, vindos de quem mal sei e nem conheço.
E não é um vício. É uma vontade consciente - como deve ser uma vontade.
A “frieza” do monitor não é obstáculo para sentir o calor que existe nas lonjuras de alguém que está onde não sei. Devo, apenas, manter-me receptivo à complexidade e diversificação da chamada natureza humana.
E recebo convites para um convívio. Para a participação noutro blog. Num livro. Participo em concursos literários ou nem tanto. Discuto. Polemizo. Aprendo. Rio dos outros e de mim. Partilho.
Respiro e vivo!
A liberdade, bem como a felicidade, são tão mais preciosas quanto mais próximas estão da simplicidade elementar. Talvez por vezes não valha a pena complicarmos muito as coisas...
setembro 07, 2004
A Miranda do Douro

Não sou de Miranda
Mas Miranda é minha
Foi lá que nasceu p’ra mim o cheiro de ervas
Cantar de ribeiros
Dourar de trigais
Foi lá que aprendi o vento nas fragas
O saltar das cabras
A fúria das águas
Foi lá que senti o duro granito
Matizes de xisto
No voo das águias
Foi lá que vivi duras invernias
Que soube da vida
O rosto da fome
Foi lá que eu vi o que é ser-se um homem
Desiguais que somos
E sermos iguais
Não sou de Miranda
Mas Miranda é minha
Foi lá que nasceu o Sol que me abrasa
E doura os meus campos
Pela vida fora
Foi lá que aprendi aquele golpe de asa
Da pequena ave
Que canta e que chora
Foi lá que senti calor de amizade
Risos de estroinice
Gritar de alvoradas
Foi lá que vivi ímpetos de quimera
Na ilusão de ser
Menino p’ra sempre
Foi lá que eu vi o que é ser-se um homem
Bem preso no chão
Por saber ser livre
Não sou de Miranda
Mas Miranda é minha
Lançando as raízes da minha vida toda
Como cicatrizes
Dessas velhas árvores
Que bordam lameiros no seio da terra
E são os esteios por onde eu caminho
E por onde passo e repasso
No tempo que faço meu ninho
Não sou de Miranda
Melhor se o fora
P’ra não viver agora a mágoa profunda
De ter uma terra
Que sinto tão minha
E eu não ser dela.
- Jorge Castro


setembro 02, 2004
Rumo ao Norte
Aos estimados visitante dos Sete Mares deixo um bilhete na porta, informando que estarei ausente até à próxima segunda-feira.
Rumarei ao Norte, ao planalto transmontano. A Miranda do Douro, mais exactamente.
Vou até Miranda uma vez por outra. Por lá passei a meninice e descobri recentemente que uma parte de mim ficou para sempre naquela pequena cidade quase esquecida de Trás-os-Montes. Interessa, pois, visitar-me a mim próprio para não me esquecer de mim...
Relembrar os sabores, as cores, os cheiros, os lugares, as gentes... Então se der para ouvir uma gaita de foles e ouvir um pouco de mirandês, ficarei de baterias carregadas por mais uns tempos.
Antes de haber Pertugal,
Arrecantada an sou canto,
Este lhienguaige special
Tenie i ten sou ancanto.
...
Ah Mirandés, Mirandés
De falar-te me cunsolo!
Dou comigo muita beç
A falar-te anté you solo.
- in Miranda, Mie Mirandica, de José Francisco Fernandes.
Petição contra a proibição da entrada em águas territoriais do barco de Women on Waves
Ao Porto
(
Talvez porque precisemos de referências, de raízes, de nos sabermos vivos, para melhor encarar o Sol matinal no semi-deserto urbano dos afectos... Pois é verdade, foi lá que eu nasci...)
Porque se basta a si mesmo
E é de granito
Porque se ergue como um só
Com um só grito
Este é o Porto em que eu nasci
Mas não habito
Que me conforma em matriz
Que eu aceito
Ainda que longe e distante
Do meu peito
Este é o Porto de que eu gosto
E que é invicto
E é nobre e popular
Sem ser perfeito
Mas que é de luta e de revolta
E é afoito
Este é o berço obstinado
E aflito
Porto de preces e rabelos
E de mitos
Este é o Porto terra-mãe
Em que acredito.
setembro 01, 2004
Anda, por aí, um barco sem porto...
Há algo neste país que me escapa. Algo nele, na verdade, que me transcende.
Não gosto de quase tudo o que nele vejo e sinto. Quase desespero do que pressinto.
E, ainda assim, em cada dia conheço um novo poeta. Em cada dia, há um novo incipiente escritor que se me afirma. E a obra floresce a cada passo, numa urgência de novas cores de vida nova, em cada volta de cada esquina...
E lê-se pouco, quase nada. E são tantos os livros.
Só pode ser isto próprio de um povo quase náufrago, quase afogado por uma cultura dos egrégios avós. Cultura que nos pesa nos ombros e sufoca a razão como velhos reposteiros de arruinadas mansões senhoriais, que ansiamos possuir mas que não temos posses para manter.
De um lado, as fauces hiantes da besta mais fera e mais bruta. Do outro, o constante mas trémulo pulsar de uma estrela...
Não há poesia nisto. Há só uma raiva que nos consome e mantém.
Onde fica, então, com tanto mar em volta, o lugar da nossa dignidade?
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