dezembro 31, 2004
Tempo de balanço
Concebido em 15 de Dezembro de 2003, assumiu o Sete Mares corpo definitivo em 01 de Janeiro de 2004.
Houve madrinha – a excelente THITA – e afectos vários, no acto de que nasceu.
Entre hesitações por afazeres múltiplos, mas na presença de um desafio já com nome e projecto, ainda que difuso, arrostando com alguma inépcia nas “informáticas”, assumi o compromisso, que a fresca idade mas ímpeto ardente da minha madrinha estimulavam (e impunham!) ...
Nunca este espaço teve a pretensão de ser uma coisa grande nem, sequer, uma grande coisa. É um pouco diário de bordo, confessionário aberto, aqui e ali um eco de algum grito de alma.
Mas criou pontes. De afectos, umas. De interesses próximos e convergentes, outras. Foi assim que aceitei os convites de colaboração, primeiro no POEMAS DE TRAZER POR CASA E OUTRAS ESTÓRIAS e, depois, n’A FUNDA SÃO. Qualquer dos convites me honrou e honra por igual. Cada qual a seu jeito. E não cabem aqui distinções hipócritas.
Não menos honrado fiquei com a inclusão de pequenos trabalhos meus em espaços que reputo de referência onde, entre tantos, quero destacar a CATEDRAL. Cultivo o prazer que me dá ir percorrendo, em visitas esporádicas, outros espaços de outros companheiros de jornada, com a limitação tremenda de não poder "cuscar" tudo o que por aí se vai passando... Óbvias razões de elegância e normas de bom viver impedem-me de destacar este ou aquela entre tantas dezenas. Eles aí estão, ao lado direito dos Sete Mares.
Ao ZECATELHADO, como à SÃO ROSAS, estou devedor pelo seu empenhamento em promover encontros entre a comunidade, neste país de desencontros, subvertendo esse preconceito de que a blogosfera é um espaço de anónimos, tímidos ou psicóticos.
À luz clara do Sol (ou nas luzes trémulas da noite...) as caras têm-se revelado sãs, risonhas e esperançosas.
Também promovi encontros, publiquei muitas dezenas de poemas inéditos, enriqueci-me de pessoas.
Tenho tentado receber, nesta casa, cada visita condignamente.
Assim, irei entrar no 2º ano da existência dos Sete Mares.
Tentarei, com o meu ínfimo e desajeitado contributo, zelar pela criação do homem novo, sem perder de vista a recomendação do poeta José Gomes Ferreira: “PENSO NOS OUTROS, LOGO EXISTO”.
Nestes dias de horror em que a mãe natureza fez questão de nos recordar a nossa pequenez, mas nos dá a oportunidade, assim, de mostrar também a nossa grandeza, deixo os meus votos para que 2005 dê passos decisivos para essa “Irmandade dos Homens”, que John Lennon cantava.
dezembro 28, 2004
Palhaçada?... Não. Canalhice!
A serem verdadeiras as notícias hoje divulgadas, invocando o aqui-d’elrei do défice, que é a modos que uma demagógica alavanca com que os nossos devassos políticos brincam ao jogo do esconde-esconde com o-bom-povo-português, o seráfico Bagão, imbuído do mais elevado espírito de “paz-na-Terra-aos-palermas-de-boa-vontade”, propõe-se adiar o pagamento de subsídios de desemprego e subsídios por doença (baixa), o que lhe permitirá cozinhar mais uns 40 milhõezitos de euros no encerramento das contas de 2004.
Nada de muito grave, dir-se-á, já que as famílias e os amigos, com aquele espírito solidário conhecido, ajudarão a aguentar o barco, como aliás já estão habituados, até chegar o cacau aos desgraçados que se esqueceram de manter a saúde e aos outros que se esqueceram de manter os empregos.
Não lhe chegam os anéis. O homem já está a vender os dedos... dos outros, claro.
Não haverá, por outro lado, um realíssimo membro da pandilha agarrada à teta governamental que se disponha a adiar os seus chorudos e não justificados proventos com o mesmo beatífico propósito. Não, eles não, coitados! Nem ao mestre católico-apostólico-romano Bagão terá passado tal peregrina ideia pelo bestunto, que a estes há que manter a “dignidade da função”!
E assim se encerra um ano, neste lindo Portugal. Em 1755, houve um terramoto de efeitos catastróficos. Duzentos e cinquenta anos depois basta um governo demissionário “ma non troppo” para promover uma onda de choque tão devastadora quanto aquela, mas que atinge todo o território... São as maravilhas das novas tecnologias adaptadas à realidade lusitana.
Não se pode exterminá-los?...
dezembro 26, 2004
Da poesia - lendo Pablo Neruda
Relendo o “Confesso Que Vivi”, de Pablo Neruda, e nesta época de prendas, partilharei convosco alguns excertos daquele livro, que retirei de dois capítulos: “Versos curtos e compridos” e “A originalidade”, por referirem temas sempre actuais no campo da poesia, em particular, e da arte, em geral. Lamentavelmente, essa actualidade talvez advenha mais de imodéstias, de invejas ou de ignaras concepções do mundo do que de alguma opção consciente... Mas é aqui que a palavra de um mestre pode reconfortar-nos:
Diz-nos, então, Neruda que alguns “medem a pauta dos meus versos, provando que os divido em pequenos fragmentos ou os estico demasiado. Não tem nenhuma importância. Quem determina que os versos sejam mais curtos ou mais compridos, mais delgados ou mais gordos, mais amarelos ou mais vermelhos? O poeta que os escreve. Determina-o com a sua respiração e o seu sangue, com a sua sabedoria e a sua ignorância, porque tudo isto entra no pão da poesia.
O poeta que não seja realista está morto. Mas o poeta que seja só realista está morto também. O poeta que seja apenas irracionalista só será compreendido por si mesmo e pela sua amada, o que é bastante triste. O poeta que seja só um racionalista será compreendido até pelos asnos, o que é também sumamente triste. Para tais equações não há cifras na pauta, não há ingredientes decretados por Deus, nem pelo Diabo. Pelo contrário: estas duas personagens importantíssimas mantêm uma luta constante dentro da poesia, e nesta batalha ou vence uma ou vence a outra. Mas a poesia é que não pode ficar derrotada.
É evidente que o ofício de poeta está a ser alvo de certos abusos. Surgem tantos poetas novéis e tantas incipientes poetisas que não tardará muito a parecermos todos poetas, desaparecendo os leitores. Teremos de ir à procura deles em expedições que atravessarão os areais em camelos ou circularão pelo céu em astronaves”.
E sobre a originalidade: “Eu não acredito na originalidade. É mais um feitiço na nossa época de vertiginoso desmoronamento. Creio na personalidade através de qualquer linguagem, de qualquer forma, de qualquer sentido da criação artística. Mas a originalidade delirante é uma invenção moderna e um vigário eleitoral. Não falta quem queira fazer-se eleger Primeiro Poeta do seu país, da sua língua ou do mundo. Correm, então, em busca de eleitores, insultam quem aparente possibilidades de lhes disputar o ceptro e, desse modo, a poesia transforma-se numa mascarada.
No entanto, é essencial conservar a direcção íntima, manter o controlo do crescimento que a natureza, a cultura e a vida social asseguram ao desenvolvimento das excelências do poeta.
(..) Por minha parte, conservo um tom próprio que se foi robustecendo pela sua própria natureza, tal como crescem as coisas vivas. É indubitável que as emoções fazem parte principal dos meus primeiros livros – e ai do poeta que não corresponda com o seu canto aos ternos ou furiosos apelos do coração!(...) Creio na espontaneidade dirigida. São necessárias, para isso, reservas que devem estar sempre à disposição do poeta (digamos: na sua algibeira) para qualquer emergência. Em primeiro lugar, a reserva de observações formais, virtuais, de palavras, sons ou imagens, que passam perto de nós como abelhas. Temos de as agarrar imediatamente e de as guardar na manga. (...) Existe também uma reserva de emoções. Como se guardam? Tomando consciência delas quando acontecem. Depois, diante do papel, recordaremos aquela consciência mais vivamente que a própria emoção”.
Elementos dignos de séria ponderação, digo eu, quando o que se escreve nasce bem dentro de nós mas tem sempre o outro em mente, em qualquer das fases do processo artístico.
dezembro 23, 2004
Natal - 2004
Amizades,
Muitos já me mandaram as mensagens mais calorosas. Outros estou certo de que estão à procura de tempo para o fazerem. Como em todos os anos, a boa gente que tenho o elevado prazer de contar no meu círculo de relações proporciona-me o gozo enorme de se lembrar de mim (e restante família) com mensagens que dariam pequenos tratados de afectos e outras sociologias...
De mim... dar-vos-ei um pouco de mim.
Que o nosso Natal seja isto mesmo: a marca temporal do eterno renascer, da constante renovação. E neste tempo “tão cheio de mudança” que nos fique, antes de mais e sempre remoçada, a esperança... (e cada um que complete a frase a seu bel-prazer).
Por graça, com leite-creme e rabanadas, depois do bacalhau cozido, o meu presente de Natal:
POEMINHO
Neste Natal
Afinal
Vou embrulhar o poema
Numa folha de jornal
Vou deixá-lo assim quentinho
Entre passas e azevinho
Regá-lo com um bom vinho
E chamar-lhe poeminho
Decerto que assim tratado
Ficará mais animado
Quem sabe?...
Mais redondinho
Só então o lançarei
Aos quatro ventos da sorte
Para que não perca o Norte
Nem se engane no caminho
Ao bater à tua porta
Recebe-o com carinho
De mim ele leva um abraço
E o papel de jornal
É só p’ra ficar quentinho
Porque afinal
É Natal
E ele é só um poeminho.
- Jorge Castro
Dezembro de 2004
dezembro 20, 2004
O Natal é quando e como alguém quiser...
Conforme sugestão da
SeiLá, acabei de passar pelo
Escrevo Apenas, da nossa amiga
Inconformada, que muito me estimulou os neurónios com esta "história" do Natal e pela sua abordagem desassombrada sobre o assunto.
Para memória futura, pranto aqui o comentário que por lá deixei. Solidário, claro. Mas quem não estiver de acordo, pode estar à vontade e, se não chegar muito tarde, ainda se arranja uma rabanada e um leite-creme.
Olá, Inconformada. Sabes? Eu acho que, no geral, estou de acordo contigo... Por acaso, no particular também. A frase-feita do Natal ser quando alguém quiser pode complementar-se com o seguinte: e COMO esse alguém quiser.
Penso que, de alguma ou de muitas formas, o Natal se prende com os rituais do solstício, do eterno retorno, da vida sempre renovada, quando as pessoas se encontravam em redor de velhas fogueiras, em celebração e comungando a mesma esperança de futuro. O nascimento do "menino Jesus" não será a metáfora disso mesmo? E isso ficou-nos. É um atavismo quase inexplicável. Sentimo-lo. É tudo e basta-nos.
Procura-se, ainda, a redenção, a busca do aperfeiçoamento. Procura-se o "outro".
Daí que, por mais laico, ateu ou agnóstico que eu me sinta, sempre me apetece celebrar o Natal, procurando o melhor em mim e nos outros. E que ninguém se apoquente com isso...
Depois, vem o lado negro da coisa: o Natal cocacoladependente. Mas esse não é meu e nem tem por que ser. Pasmo muito perante lágrimas de crocodilo que se queixam do consumismo como se isso não passasse por uma atitude voluntária e, tantas vezes, algo cobarde, diga-se. Tenho de retribuir as prendas que me derem, numa lógica tão destituída de sentido... e tão afastada dos reais afectos.
Este ano espero ansiosamente o grande abraço que o meu filho me dará. Terei, perto de mim, mãe e sogra, duas velhas resistentes, a quem tudo farei para ver sorrir. A minha casa está inundada de Sagradas Famílias que a minha (também) laica companheira colecciona, em pose politicamente incorrecta... e para a qual se está nas tintas, diga-se.
Sabes que mais? Desejo-te o melhor Natal do mundo. Mas não o gastes todo, que nós também queremos um naco.
dezembro 18, 2004
Natal de 2004
Natal
Trazias contigo cânticos
Querubins e os presépios
Entre tanta doçaria de cada avó prazenteira
O ar quente da lareira entretecido em afecto
E era tão bom ser neto sentado em banco de pau
O gato e o cão por perto
Anseios pelo pitéu
Lambidelas a preceito de rapar com alegria
O tacho da aletria e o molho das rabanadas
E no ar o vozear de fazer a nossa casa
Ser do tamanho da aldeia
Cheia dos pequenos nadas que fazem do lar o ninho
E havia sempre alguém a sentar-se à nossa mesa
Só para não ficar sozinho
Depois o tempo correu
E tanta água fluiu sob as pontes da cidade
Que algo de mim partiu
Fazendo nascer um frio que me cresce com a idade...
Natal
Ainda se fosses mar e eu o navio
Se fosses céu e eu a nuvem
Se fosses jardim e eu o perfume
Se fosses amor e eu o desejo
Se fosses terra e eu a semente
Teríamos a cumplicidade que há na alma das coisas
Esse tal que nem se explica
Que ali está e que ali fica
Porque sim
Porque é assim que se cumprem os mistérios insondáveis
Dos abismos quotidianos e dos montes sublimados
Natal de eu ser tão pequeno
De não me perder de ti
(Estou aqui todos os anos...)
E tu
Onde te encontrar?
Como te hei-de chamar nas tuas vestes de enganos?
dezembro 14, 2004
Federem-se, porra!
Olha, pronto, hoje deu-me p'rò comentário... Como fui tratar de um dente cariado até à coligação e ainda aproveitei o dia para levar uma "facada" na perna para extracção de um corpo estranho, porventura cheio de efeitos colaterais por duas anestesias, senti-me assim a modos que presidente de uma qualquer república, cheio de vontade de dizer coisas.
Vai daí, depois de me ter injectado com três doses de telejornais e alguns comentários avulsos de rádio, senti-me nas nuvens. Não há ganza pior... Só que não há poesia que aguente.
Ora, vamos lá ver, a bem da nossa sanidade mental, digam-me cá:
A quem é que pode interessar saber HOJE se o Paulo se coliga ou não com o Pedro, ou vice-versa, para as próximas eleições?
E para quê?
Não, não se precipitem... Utilizem lá as vossas sagradas ligações dos neurónios... Já está? Óptimo. Então, outra vez: o que é que interessa saber HOJE que A está coligado ou vai coligar-se ou talvez não, talvez até pelo contrário, ao B?
Afinal, para que porra (e vão desculpar-me o vernáculo, mas não há paciência...) é que servem os partidos? As suas bases programáticas? Os seus ideais? A sua "praxis"?
Mas que raio de democracia é esta em que forças políticas se arregimentam, reféns umas das outras por negociatas parlamentares, apenas para se guindarem ao poder, a qualquer preço? Que raio de democracia é esta em que, à partida, as forças políticas em presença nem querem considerar a perspectiva de irem fazendo, ao longo de cada legislatura, com ou sem maioria absoluta, com maior ou menor habilidade e/ou honestidade políticas, os acordos pontuais que o bom senso e, até, os pactos de regime aconselhem, face ao estado deplorável em que o país se encontra?
E isto vale para todos, que essa cena de pedir, também à partida, a maioria absoluta já por conta da "estabilidade" futura, não augura nada de bom e já se deu, noutras alturas, para peditórios do género...
(Ai, ai... lembrei-me agora de um dito, a propósito, ouvido numa célebre reunião associativa em que, às tantas, um cidadão já farto de tretas e divisões dos palestrantes, se saiu com esta: "- Eh, pá, se vocês não querem unir-se, nem associar-se, nem cooperar, nem nada, ao menos que se federem, que é prà malta poder ir p'ra casa!...")
dezembro 11, 2004
Panorâmica urbana tomada de comboio em andamento
Do Portugal nauseante e/ou desconchavado com que temos sido brindados pelos poderes instituídos e analistas avulsos nos últimos dias, resguardei os Sete Mares através do refúgio em amores alheios...
De volta ao pântano, surgiu-me o poema que a seguir vos deixo. Permitam-me uma sugestão: tentem dizê-lo, em voz alta, imaginando em pano de fundo o som trepidante de um comboio que vos transporta e que funcione como secção rítmica das palavras ditas. Depois, falem-me do resultado.
Pontes e ruas e gentes e casas
Tal um formigueiro sem formiga de asa
E carros e vasos
E um viaduto
O triste reduto dos escaravelhos
E velhos e novos
E novos e velhos
Lavados ou sujos e tão mal usados
E pardos e cardos
E montes de entulho
Magotes de pobres e tantos engulhos
E bairros da lata e cacos e trapos
E tropas de trastes maltratam as putas
E os vira-latas tão escanzelados
Sozinhos
Carentes
Uivantes ao vento e a tudo o que passa
P’ra lá de trapeiras e de águas-furtadas
Compasso de tempo
Que o tempo ultrapassa
Dispersos os cães no tempo adverso
Passagem de nível cheia de fumaça
Que é das castanhas e desta desgraça
Sem graça nenhuma
Sequer golpe de asa
Sem arte tamanha que arda na febre
E a todos abrase
E pontes e ruas e gentes e casas
E as flores morrentes e o rio só vasa
E o arvoredo já tão degradado
E a sombra ingente do prédio do lado
E o surto pungente de gente infectada
De sida
De gripe
E da hepatite A – B – C ou D
Por tudo e por nada
E o empedrado
Pedra na estrada
E sobe que sobe
Corrente que corre
Que já nem descobre Luísa que morre
Subindo a calçada
De pontes e ruas e gentes e casas
Colhendo amarguras
Vidas desvairadas
E o odor a lixo
Fedor desalmado desse desperdício
Recém-triturado
Que já lhes invade o chão e o telhado
Os dentes e as mãos e os olhos e o pão
E não sobra nada
Não lhes sobra nada
Para além do bulício da grande cidade
De pontes e ruas e gentes e casas
Onde falta tudo
Sobra quase nada
Talvez só lhe fique um gesto ou um tique
Um encolher de ombros
Um grito
Um ataque
De riso ou de fúria
De espanto ou de pranto
Maleita de amar ou simples quebranto
Mal seja chegado à nova estação
Por entre um travão e um solavanco
E essa estação ser só de partidas
Por onde se inventam novas alvoradas
Soltas num suspiro
Num cais de chegadas.
- Jorge Castro
dezembro 10, 2004
Ai, amores...
- Aqui se dá por encerrado este ciclo de amores paradigmáticos sob apreciação reticente, talvez um pouco cínica, até.
Nisto do amor, fique-nos o superior ensinamento do Luís Vaz, velhinho mas tão actual e oportuno: "Melhor é experimentá-lo, que julgá-lo... mas julgue-o quem não pode experimentá-lo".
Páris e Helena
Páris do espartano Menelau cobiçou a jóia
Mais terna que ele tinha
E que era Helena
Em seus braços a levando para Tróia
Nove anos o amor durou
Quase dez
Tais quais a feroz guerra que Menelau lhes moveu
No final sobraram cinzas
Uma imensa mortandade
A descoberta precisa do calcanhar de Aquiles
E um cavalinho de pau
Julga-se que o raptor morreu
E Helena regressou aos braços de Menelau.
Conclusão -
Nestas coisas do amor
Nem sei bem o que é pior:
Será só o desamor
Que provoca inclemente desse amor o esvair-se
Ou será, contrariamente, aquele mal que não menor
De haver, por mal amar, tanta gente a imiscuir-se...
dezembro 07, 2004
Ai, amores...
Sansão e Dalila
Dalila nutria pelos cabelos de Sansão
A fantasia
De poder equilibrar no resguardo do seu seio
O amor e o poder
Dali nasceu um caso mal partilhado
Nele a força do afecto
Dela só hipocrisia
Artes finais que ambos mal calcularam
E que por fim
Acordado Sansão pela vilania
Mal a força das melenas lhe voltara
Nem as marmóreas colunas sustentaram.
dezembro 03, 2004
Ai, amores...
Adão e Eva
Num paraíso em que as cobras dão maçãs
Do saber
Mesmo que o sejam são mal-sãs
Querem fazer de Adão e Eva os nossos pais
Com ingénuos e rasteiros arabescos
Alguns néscios sem alcance para mais
Assim propondo a este canto do universo
Logo no berço um despautério de incestos
E que dizer do amor esse picante
Que é o ciúme?
De quem o teria Eva? – Do lume?
E Adão? – De um elefante?
dezembro 01, 2004
Ai, amores...
Tristão e Isolda
Tristão amava Isolda
Isolda amava Tristão
Todos sabiam que sim
Poucos lhes diziam não
Enfim estes dois tiveram algum tempo para amar
Por vezes parece apenas que à falta de mal maior
Inventaram desencontros talvez só para condimento
E alguma sublimação
Desse eterno sentimento a que a dor dá um picante
E ajuda a manter viva a chama que o amor consome.
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