julho 29, 2005
Lugares comuns
Vou de férias! Para algures, de onde o mar me chame.
Vou encalorar-me e encher-me de pores do Sol. Vou espreitar gritos de gaivotas e mergulhar no mar de tudo.
Irei, inevitavelmente, cruzar quilómetros de areia e deslumbrar-me com a variedade das conchas.
Haverá, seguramente, brisas e maresias. Não serei capaz, contudo, de evitar algumas bolas incómodas que os atletas dos castelos de areia atirarão contra mim.
Preocupa-me o saber se o Bin Laden ou o Bush têm existência real. Não sei, na verdade, se existem ou se não passam de meras projecções dos noticiários. Blair não será, ele próprio, alienígena? Não sei, sequer, qual é o sangue mais vermelho, se o londrino, se o iraquiano…
... mas perante todos esses insondáveis mistérios da humanidade, quero ouvir o aconselhamento da voz do mar, a mostrar-me outras inquietações e outros movimentos.
Terei sempre perto de mim um livro e um bloco de apontamentos. Alguns ficarão, até, salpicados de sal. Mas não irei ler ou ouvir “notícias” durante o breve lapso de quinze dias. Florestas e matas continuarão, assim, a arder sem que eu o saiba, excepto se o vento me trouxer uma sugestão de cinza.
Nada terá, entretanto, mudado significativamente quando eu regressar, que assim é o mundo. Eu tentarei mudar um pouco, apenas para contrariar tal estado de coisas e na certeza de que ninguém dará por isso.
Ingloriamente, claro, mas como alguém já disse “mesmo sabendo que o mundo acabará amanhã, ainda assim plantarei uma macieira”.
Até breve. Com Eugénio de Andrade “eu vou com as aves”…
- fotos de Jorge Castro
julho 24, 2005
Digerindo um poeta (mais quadras à descoberta do círculo)
quando se come um poeta
daqueles que muito apetecem
há que morder letra a letra
pois só assim acontecem
e depois regá-lo bem
com casta pura e sonhada
dando-o sem olhar a quem
que a poesia é bem dada
e enquanto se mastiga
com volúpia algum poema
há que sentir-lhe a cantiga
para que nos valha a pena
pois quem não gostar não coma
e quem não comer jejue
que nada tem mais aroma
do que o poema insinue
por fim um arroto breve
a contragosto soltado
dirá que o poeta é leve
quem o comeu consolado.
- Jorge Castropoema originalmente lançado n'A Funda São, com açúcar e com afecto.
julho 21, 2005
O ministro Campos e Cunha, alegando cansaço, deixa o governo....
Eu não disse?... Andam para ali a explorar pessoal já reformado e, depois, é no que dá!
Um homem como o senhor ex-ministro, já reformado e tudo, não devia andar metido nestas coisas violentas, de scuts, ivas, otas, tgvs e sei lá que mais, que isso é coisa p'ra gente moça.
Ai, não é violência? Vejam bem: auto-estradas zuuummmmm... ivas zuuummmmm... otas zuuummmmm... tgvs zuuummmmm... É tudo a abrir!
E um respeitável professor reformado há-de querer mais é bolos...
julho 20, 2005
ó terrinha de comadres desavindas
ó terrinha de comadres desavindas
de invejas traiçoeiras e balofas
sem respeito por ti mesma ainda mofas
da pacóvia mesquinhez com que te alindas
basta haver dois garnizés já tu não findas
de inventar algum conflito de alcofas
pois baús são mais duros e elas fofas
e tu prezas as molezas mais infindas
tu não vês ó criatura esse mar todo?
nem o Sol dourando o trigo no terreiro
vicejando ainda o bosque com denodo?
que se faça do teu passo outro carreiro
e apercebas outro tempo e outro modo
de se abrir ao mundo o peito marinheiro.
- Jorge Castro
julho 18, 2005
tão alto o voo, tão grande a queda
certo dia um apogeu
tropeçou
sem dar por isso
num borboto
uma raiz
mesmo ao rés de um precipício
minúsculo
mero resquício
tão imenso o apogeu
... e era aquele o seu início.
- Jorge Castro
julho 16, 2005
economistas do bloco central...
Mas não se pode exterminá-los?
Devo confessar que estou um pouco cansado de transmitir, ultimamente, apenas desgraceiras sobre o estado da nação, mas que fazer?...
Ainda ontem, sentado na sala de espera do estomatologista, tentei enganar essa espera, lendo uma daquelas revistas antigas que sempre nestes locais existem. Nem era muito antiga, a Visão, de Maio de 2005. E nela apurei os seguintes comentários sobre o tal estado da nação e as soluções preconizadas por brilhantes bestuntos:
- Ludgero Marques – É preciso trabalhar mais e, na Função Pública, despedir pessoal;
- Augusto Mateus – É preciso diminuir o pessoal na administração pública, em particular, e nas restantes empresas, em geral;
- Medina Carreira – É preciso reduzir as prestações sociais e aumentar o IVA;
- Miguel Cadilhe – É preciso acabar com o emprego vitalício
- António Carrapatoso – É preciso aumentar a idade da reforma e diminuir os benefícios;
- Miguel Beleza – É preciso congelar vencimentos;
- Daniel Bessa – É preciso agravar a taxa do IVA...
Nem uma única medida revitalizante e energética. Apenas "afundamentos"! Amealhar mais para maior sangramento.
E é assim é que os ciosos guardadores do templo, profetas da desgraça e vestais veladas dos novos tempos, estudando as vísceras da economia mundial e outras horrendas alimárias da modernidade, se deitam a adivinhar o negro futuro dos outros, ao mesmo tempo que admitem para si próprios as mais celestiais prebendas e inevitáveis (leia-se intocáveis) benesses.
Nenhum deles cura de avaliar competências, eficácias e eficiências de tantos pseudo-gestores, seus pares ou primos mas, sobretudo, pagadores, que, politiquice após politiquice, negociata após negociata, apadrinhamento após apadrinhamento, conduziram e conduzem o “país real” à triste realidade em que vegetamos.
E a culpa é, segundo estes entendidos e bem pagos, sempre do mesmo: o remador da anedota. Ocorre-me, aqui, o Brecht para recomendar a esta gentalha que mude de povo, elegendo outro…
Um exemplo (para dar cunho científico à análise): numa situação a que assisti recentemente - e detenho prova documental para os mais cépticos e para eu próprio me certificar de que não se trata apenas de um produto de pesadelo alucinado - apenas para apurar a quem competiria a responsabilidade da liquidação de uma factura de 12 euros e uns cêntimos, devida por imperativo municipal por utilização de espaço público, assisti aos pareceres lavrados e respectivo encaminhamento de 18 (DEZOITO!!!) quadros superiores de uma empresa, entre os quais se contavam vários directores e, até, pelo menos dois administradores.
O resultado? Pois, três meses passados e a facturinha dos 12 EUROS lá continua por pagar, pois entre tantos crânios bem pensantes não se estabeleceu um consenso, nem se assumiu uma responsabilidade. Agora, a factura já leva coimas e muita vergonha…
Ridículo? Claro.
Dispendioso até ao irracional? Seguramente. Basta tentar imaginar o preço/hora de cada um daqueles quadros “dirigentes”, lavrando piramidais asneiras.
E não se fala de um caso isolado, pois este é o estado diário e permanente da nação. Quantos de vós conheceis casos idênticos?
Este é o real problema da competitividade e o resto são lérias dos bonzos que se enchem com o trabalho que tanto atacam, com nuvens de fumo com que tentam esconder as suas próprias cupidez, ganância e incompetência.
julho 13, 2005
Alberto João Jardim visto por Baptista-Bastos
Com vénia devida, até com algum orgulho por haver,ainda, em Portugal, gente com tomates - isso mesmo, tomates!... - aqui fica uma opinião de relevo:
Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.
Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.
Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se». O comandante do Regimento deInfantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara.
Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».
A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha. Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades.
Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o CódigoPenal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição.
Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca estásóbrio?
O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha.
Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.
A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo.
julho 11, 2005
Rui Ramos (?) compara Guevara a Hitler (?!)...
Eu lamento muito mas, na sociedade em que vivemos, tenho tendência a desconfiar daquilo que estranhos me oferecem. Creio que isto terá algo a ver com receios atávicos, que as nossas mãezinhas ajudam a agravar nas nossas tenras idades...
Vem isto a propósito de um artigo de opinião, colhido num desses jornais "oferecidos" que pululam por Lisboa, no caso o "Metro", de segunda-feira, dia 11 de Julho de 2005, cujo autor, pela foto em que se apresenta, se trata de um garboso jovem, de seu nome Rui Ramos e, conforme tudo me leva a crer pelo que posso ver no rodapé do artigo, historiador. E cito: "Rui Ramos é historiador". Na minha magnificente ignorância, devo reconhecer que não o conheço, pelo que apresento desde já as minhas desculpas.
Na crónica, este plumitivo - falando de dois recentes filmes, quase como quem não quer a coisa - produz um arrazoado que poderá sintetizar-se, e cito de novo, no seguinte deslumbramento: "Guevara era um revolucionário, tal como Hitler. Ambos odiavam a 'civilização liberal e capitalista'. Julgando ter as certezas da ciência do seu lado, propuseram-se atingir uma sociedade perfeita, eliminando o que um deles chamava 'classes exploradoras', e o outro 'raças inferiores'." (as aspas 'interiores' são do RR).
E compara, justiceiro, o genocídio levado a cabo por Hitler com "as centenas de pessoas" que Guevara terá "mandado matar" em Cuba.
Apeteceu-me desancar o miúdo. Num ensaio, entenda-se! E literário, apesar da porrada vir a calhar! Mas está tanto calor que se me desvaneceu a intenção... E ainda teria o funesto efeito de que viessem a mimosear de caceteiro.
Poderia - sei lá - lembrar a este amigo que Hitler, acuado no seu bunker, após ter incendiado o mundo, desfechou um tiro na cabeça, louco e cobarde, enquanto Guevara, farto das "mordomias cubanas" (e as aspas aqui são minhas), voltou à luta na Bolívia, onde morreu em combate (o que, por acaso e en passant, não me recordo que o Hitler tivesse feito nalgum momento do seu "Kampf")... Daquela morte em combate não terá estado alheada a mãozinha americana, a bem da ordem mundial liberal american way, mas isto são meandros por esclarecer dos muitos e profundos mistérios em que os nossos tempos são pródigos e que, também en passant, o nosso ilustre historiador não terá tempo ou oportunidade para ajudar a desvendar.
Poderia - se a ousadia da análise apressada me fosse desculpada pelo ilustre analista - lembrar a este amigo que Guevara pretendia alegadamente lutar pelo bem da imensa maioria da Humanidade contra uma ínfima minoria exploradora, enquanto Hitler não tencionava deixar de matar gente enquanto não fosse ele o único sobrevivo e "puro", ainda por cima.
Poderia lembrar a este amigo, auto-intitulado historiador (pelo que deve sê-lo, seguramente...) que a circunstância é determinante na análise do processo histórico, pelo que comparações deste calibre são grosseiras, erróneas e, geralmente - não resisto ao galicismo - engajadas.
Poderia lembrar a este amigo que comparar Gengis Khan a Jesus Cristo, Marilyn Monroe à Madre Teresa, ou o guarda-nocturno da minha rua (que até dá porrada na mulher) ao Stalin (ou Estaline, como queiram...) poderá ter uma laracha do caraças e até dar alguma pica, mas não trará nada de novo ao mundo...
Mas, de súbito, eis que ao ouvir num telejornal de hoje uma entrevista ao nosso bem-amado Durão Barroso, se fez luz neste meu pobre espírito obscurecido pela poluição urbana: a propósito das bombas terroristas e da insegurança que hoje se vive, Durão tranquiliza o povo comparando as vítimas dos atentados às vítimas dos acidentes de viação, em Portugal. Afinal, tudo são mortes, não são? Lá teremos que nos habituar à ideia... É o progresso!
E como a estupidez é como as cerejas, lembrei-me logo daquele postulado do Bush, segundo o qual, se derrubarmos todas as árvores, deixaremos de ter problemas com incêndios...
Pois é... Isto tem tudo a ver com os conceitos e a arte de bem (mal) se reescrever a História, quiçá a troco de um prato de lentilhas. Vai a ver-se e o RR é historiador porque nos anda a contar historinhas.
Por estas "análises" e por outras é que quando morrem quarenta civis no Iraque, com uma bomba... lá foram mais quarenta. Enquanto que quarenta ingleses mortos no metro, com outra bomba, é um escândalo do caraças! É a este tipo de anestesias imbecilóides (liberais?...) que nos conduzem estas análises de historiadores sem pinta de sangue.
Agora, que ninguém me tira da cabeça que estes gajos andam todos engajados, isso é que não tira... E hei-de finar-me assim, velho e quezilento.
Também sinto já pena até dos filhos ou outros educandos deste nosso RR o qual, num sumário teclar, com arte e graça, tal fada-madrinha dos novos tempos, e a bem (podemos imaginar...) da desobstrução das mentes, equipara um ícone da luta inconformada pela liberdade a um demente megalómano a quem os poderes económicos então vigentes (e que supostamente Guevara combateu) guindaram ao poder.
"Personalizar" assim a História é, por si só, uma manobra tosca em que um historiador digno desse nome não deveria incorrer com tanto despudor. Esvaziá-la da envolvência é estultícia que nem a mente mais ingénua poderá apadrinhar. Mas é, também, uma fatalidade nacional aparecerem tantos expertos destes, tão iluminados, em tantas áreas deste país enegrecido por tanta fumaça.
(Agora, brincadeiras à parte, alguém sabe dizer-me quem é o Rui Ramos? É que já pedi informações lá para a Sierra Maestra e dizem-me que também não o conhecem...)
Nota de 12 de Julho - Já sei quem é o RR, mas não digo. Se quiserem, procurem, como eu fiz, que tudo se encontra. Não sei se terá algo a ver com mexilhões, pois a verdade é que a sua crónica mexeu comigo.
julho 08, 2005
enquadrados relativismos
nem sempre uma quadra é quadro
nem sempre o redondo é cheio
nem sempre sendo eu cão ladro
nem sempre a ponta tem meio
nem sempre o começo acaba
nem sempre o fim se inicia
nem sempre o vulcão tem lava
nem sempre anoitece o dia
nem sempre por ir eu vou
nem sempre por estar eu fico
nem sempre por ser eu sou
nem sempre por dar sou rico
nem sempre o que arde cura
nem sempre a verdade mente
nem sempre a prisão segura
nem sempre o voo é urgente
nem sempre um quadro se enquadra
nem sempre a paz nos sossegue
nem sempre se acabe a quadra
sem ter por onde se pegue
- Jorge Castro
versos de circunstância
Não, não chega a ser perplexidade.
Nem é, sequer, temor.
É apenas uma profunda estranheza por esta natureza humana que nos enforma...
Deixo aqui o poema "versos de circunstância"que, do outro lado do Atlântico,
e que enche de palavras as palavras que me faltam:

Lindsey Parnaby©
nem azul nem cinza
nem tarde nem noite ainda
tudo é meio-termo
é indeciso
mesmo o medo
que renovado ora germina
tão pouco aqui
tanto do outro lado do mar
- Márcia Maia
julho 06, 2005
Deste país, que alguns tendem a tornar imbecil...
Dizer mal? Quem?... Eu?!... Nem pensem!
1. As Escolas na Finlândia - prosa peripatética:
Haverá interesse por parte de alguém, em Portugal, saber das escolas na Finlândia?
Haverá algum resquício de curiosidade em apurar da veracidade contida na afirmação de Jorge Sampaio quanto à prestação semanalmente laboriosa dos professores finlandeses, cuja atingirá presuntivamente as 50 horas?
Haverá Jorge Sampaio?...
Creio que sobre todas estas questões as opiniões possam divergir.
Na verdade, não apenas a embaixada da Finlândia não corrobora a existência daqueles horários de 50 horas, nem nada que se lhes aproxime, como, nas tais escolas a que o nosso preclaro Presidente alude, os professores têm, entre variadas outras coisas que fariam corar de vergonha (ou de raiva) qualquer Conselho Executivo cá do burgo, gabinetes individuais de trabalho, com equipamento informático também individualizado, como qualquer investigação sumária poderá comprovar.
Esta realidade, desde logo, elimina qualquer veleidade de comparação entre circunstâncias tão diversas. Ninguém de bom senso compararia as condições de trabalho dos nossos professores com as do Burkina Faso - e isto, como dizia o outro, é um “supônhamos”, este sim não confirmado, já que não tive oportunidade recente de ir ao dito país, nem consegui saber onde fica a respectiva embaixada...
Quanto aos desígnios profundos do presidencial desabafo, ficarão para que os ventos da História os apaguem, na sua marcha inexorável pelo tempo, sem que se apure o objectivo, para além deste imenso e insensato “falatar” em que os nossos presidentes são pródigos e rivalizam.
2. O dístico (leia-se selo) da viatura e a competitividade nacional:
Fui hoje adquirir o selo para o meu modesto carrinho, adquirido em ALD, segundo as boas normas da pelintrice institucionalizada (estou aqui a referir-me ao ALD, claro; mas também vale a adjectivação para o selo, claro, também...).
Depois de cerca de meia-hora de espera numa das nossas tão estimáveis filas de povo pagador, fui informado por uma senhora simpática de que apenas poderia adquirir o selito desde que pudesse exibir documento comprovativo do número de identificação fiscal da entidade bancária (já devidamente averbada em livrete) que me adiantou os carcanhóis.
Exibi o livrete actualizado, o MEU número de identificação fiscal, o meu BI, o cartão de eleitor, do SNS, as notas dos euros com que queria pagar e... nada! Parece que a lei é clara neste aspecto e a senhora foi irredutível.
A culpa é do meu pai, coitado, que me ensinou fazer parte da boa ética comercial nunca recusar um pagamento e eu acreditei nele, porque pai é pai.
Se calhar, o Estado até nem tem pressa do meu dinheiro. Assim-c’umàssim, também ainda não devolveu o IRS do ano passado... Vai tudo a perdas e danos!
Olha, olha! Vês ali aquele gajo a correr à brava e a perder-se no horizonte? Era um espanhol!... Gaita, que os gajos correm que se fartam!...
julho 03, 2005
III Encontro d'A FUNDA SÃO
Praia de Carcavelos, séc. XXI, p.a. (pós-arrasto),
02 de Julho de 2005...

... os primeiros a chegar, bimba na areia, muitos abraços e outras miudezas, quando o Sol já acenava despedidas...

... mais foram chegando e, no Estrela do Mar, a sala foi-se compondo, com uma vintena de convivas sexualmente equilibrado - o grupo, claro.. - acompanhada a caracóis (púbicos, segundo alguns) e cheirinho a gambas, umas deitadas e outras penduradas - as gambas, claro...

... como o prometido é de vidro, houve karalhoke, com recurso às mais recentes e inovadoras tecnologias e intensa participação das largas massas - o que não se desvenda em imagem, para não cortar encantos futuros...

... Inspirados no Salão Erótico (dito a Expo-Foda) e com a bagagem enriquecida e perturbada, houve manifestações tântricas e outras danças de ventre com jogos de cintura...

... bem como, ao vivo e a cores, oficinas de iniciação a técnicas inovadoramente estimulantes, donde sobressaiu o anel peniano e as suas múltiplas e desvairadas aplicações...
... Não faltou a poesia, tendo-nos odido uns aos outros com garbo e destemor solidários...
As Odes no Brejo lá tiveram o seu lugar prometido na animação cultural...

(ou quase) à praia, fazendo honras aos docinhos regados a belíssimo espumante... Outras manifestações esotéricas tiveram lugar, mas não se mostram, que quem quiser saber, para a próxima, apareça...

Por fim, já saudosos da partida iminente, lá pelas quatro da manhã foi venerada a santa padroeira do Encontro, a São Rosas, num altar sumariamente instalado no areal onde os devotos, em círculo apertado (que estava a ficar um grizo do caraças...) entoaram loas à Vida...
Nota final: danos colaterais não houve, tudo tendo chegado a casa agasalhadinho.
Nota refinal: Minto!... Um casalinho que se espojava na praia àquela hora tardia, assarapantou-se com o chavasco do colectivo - talvez presumindo algum arrasto tardio - e desvaneceu-se na escuridão do mar, onde a humidade é mais intensa.
E fiquem-se com esta: como dizia o poeta,
"melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
mas julgue-o quem não pode experimentá-lo"
E mainada!
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