outubro 30, 2005
Acção de graças
A todos e cada um dos visitantes, com especial destaque para os companheiros do Blognócio do Outono, um abraço do tamanho do mundo!
Mil e uma actividades têm-me deixado pouco tempo para mergulhar nestes mares e retribuir condignamente as visitas cordiais e, tantas vezes, motivadoras.
Há, nos blogs - ou esse é o meu entendimento - também uma ética, simples e elementar, mas eficaz que consiste em pagar visita com visita, não pela mera formalidade, mas pela curiosidade, pela procura do "outro", pelo gozo que dá a descoberta de outros mundos.
Talvez a esta curiosidade e vontade de descoberta, como forma de combater um profundo e quase institucional isolamento a que vamos sendo condicionados, se deva o sucesso, em Portugal, desse "fenómeno" dos blogs.
A verdade é que, pelas minhas mais recentes contas, mais de 95% do meu círculo de relações nesta comunidade provem de pessoas de quem, há um ano, eu nem suspeitava da existência. Se isto não é uma maravilha, não sei o que será uma maravilha!...
Por aqui se escreve do melhor que tenho lido. Por aqui se opina com uma liberdade e riqueza na diversidade que não encontro em qualquer outro meio de comunicação...
Permitam-me a imodéstia: estou feliz por existirmos!
Lamentando que o meu tempo não se desmultiplique por todos quantos eu gostaria de visitar, "lavrando" o meu comentário solidário, de acordo ou desacordo, mas sempre solidário, aqui deixo o tal abraço e a certeza de que, mais tarde ou mais cedo, passarei pelas vossas "casas", de portas que eu sei sempre abertas de par em par.
outubro 28, 2005
Ainda a Bocage
no rasgo ardente e amargo do improviso
sobre algum triste pulha ou frade hirsuto
lança mal maior que peste ou escorbuto
com o gozo mais sublime que é o riso
não se lhe dando de ser pasmo ou indeciso
enfrenta a vida a peito e olhar enxuto
e rirá da morte até trajando o luto
sobrando em arte o que lhe falta em siso
com os magros costados na cadeia
dá assim um Bocage miserando
que não curva a cerviz por panaceia
pois não cuida de si em se cuidando
de mudar o mundo vil que o rodeia
sempre em dobro a penar do que vai dando.
- Jorge Castro
outubro 20, 2005
Contra a Corrente - poemas que eu digo
81 poemas, de 2000 a 2003, através de 150 páginas,
prefaciados por José Fanha e com a capa criada por Alexandre Castro,
esta é a proposta que hoje vos faço.
A sua apresentação terá lugar no dia 19 de Novembro de 2005 (sábado),
pelas 17 horas e 30 minutos,
na Biblioteca Municipal de Cascais - São Domingos de Rana.
Pretende-se um encontro de encontros, onde os afectos fluam,
porque de pessoas se fala.
Por opção assumida, este meu livro não se encontrará à venda nos circuitos comerciais instituídos.
Do autor para o leitor pretende-se outra relação de proximidade.
Para além do facto de considerar as margens de comercialização das distribuidoras perfeitamente indecorosas, se comparadas com o labor do processo criativo.
Não conto, pois, alcançar o céu por essa via.
Mas gostaria de contar, naquele encontro, com a presença de todos aqueles
que acreditam sermos nós o pó das estrelas.

Remeterei à cobrança, pelo valor de € 13 (treze euros) a unidade,
o meu Contra a Corrente, a quem mo solicitar, através do email
com a indicação de nome e endereço completo.
No momento em que recebo a 30.000ª visita
aos Sete Mares,
quero deixar expresso o meu reconhecimento
a todos aqueles que, por palavras e por actos,
me têm manifestado
o seu apoio solidário nesta aventura.
outubro 15, 2005
a Bocage
Para quem possa e a quem interesse, notícia de encontro de poesia:
dia 19 de Outubro, pelas 22 horas,
na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana
soneto a Bocage
truculento e vivaz a pena empunha
acutilante do nariz às estribeiras
zurze agreste as lusas pepineiras
ao poltrão ferrabrás come-o à unha
com mão direita o vate se desunha
prosápias vergastando e caturreiras
enquanto afaga cru pobres rameiras
à esquerda do afecto a que se impunha
debochado ordinário e vil até
eis Bocage todo inteiro e contumaz
desvairante num bordel ou num café
e veremos pelos poemas que nos faz
perversos ou amargos de outra fé
quanta alma este Bocage nos traz!
- Jorge Castro
outubro 11, 2005
Furacão ou furagato?
Ando, vai já para três dias, de cabeça no ar à procura de furacões e cheio de cautelas, não vá o diabo tecê-las e ser eu atingido por algum raio que me parta...
Mas não é que não diviso nem a mais leve sombra de qualquer resquício, por mais mísero que fora, de uma tempestadezinha? Não, senhor! Lá choveu um bocadito, o que, para quem já não vê chover vai para um ano, nem é nada que não faça falta.
Quem é que andará para aí a espalhar boatos de tempestades com este afinco? E para quê? Vai-se a ver, ainda acontece a rábula de Pedro e do lobo e algum dia que seja preciso avisar a sério o pessoal, ninguém acredita e vai tudo para a praia, a banhos e piqueniques.
A verdade é que, à falta de bombas, nada como a meteorologia para manter o pagode distraído. E aos diversos efes que já nos atormentavam, junta-se agora este novo: o dos FFFFuracões.
E, atenção! Se acreditarmos nestas tretas, num viver apavorado, ainda nos vai acontecer aquilo que preconizava o O'Neil: havemos de chegar todos a ratos.
Tanto medo a meter, tanto protagonismo a manter... Como diria uma boa amiga, tanta dor no meu pipi!
No insuspeito jornal metro, publicação diária de distribuição gratuita... - a propósito, esta publicação é gratuita como? - na sua edição de 11 de Outubro de 2005, traz várias pérolas sobre estas perturbações (?!) climatéricas. Permito-me realçar esta, com especial destaque para a legenda da foto (pág. 02), e com a devida vénia, que assim reza: "TRÂNSITO CIRCULOU de forma "normal", dizem as autoridades".

Já quanto ao "disparo" ocorrido nas chamadas aos bombeiros - cerca de 100 em três horas, o que deve ser recorde absoluto mundial - ele fica a dever-se ao "entupimento dos algerozes e infiltrações através de coberturas degradadas", o que, realmente, ninguém poderia imaginar ser possível!...
Como corolário de tanta "desgraça", com anunciados furacões, tempestades tropicais, ventos ciclónicos, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) não adiantou quaisquer medidas de segurança. Isto, apesar de se terem registado, em cerca de uma hora e meia, nas regiões de Évora e Beja, "duas dezenas de inundações e vários acidentes rodoviários"!...
Parece impossível!!! Cambada de inconscientes!!!
AH-AH-AH-AH-AH-AH-AH-AH-AH!!!!!!!!!!!!... (ainda arranjo uma hérnia com isto...)
outubro 09, 2005
09 de Outubro - dia de eleições autárquicas
Felizmente parece que, por fim,
está a chover com alguma intensidade em todo o território nacional.
(De resto, regista-se que não aconteceu mais nada de especialmente relevante
no que respeita ao regime democrático, republicano e laico em que,
conforme está consagrado na Constituição, vivemos)
Nota de rapa-pé (com tanto comentário idiota, aqui fica mais um...):
Face ao indesmentível desaire do PS, com especial incidência nas eleições para a Câmara de Lisboa, torna-se absolutamente imprescindível para este partido redefinir estratégias.
Assim, prevê-se a imediata separação de facto de Manuel Maria e Bárbara, com eminente mancebia deste com Fátima, num notável aproveitamento pragmático da máxima "se não podes vencê-los, junta-te a eles"...
sic transit gloria mundi (isto é, a sic transmitirá o evento para todo o mundo, dito em latim das docas)
outubro 06, 2005
conta-me uma história...
(hoje estou sem vontade de brincar com as palavras... quero, apenas, senti-las passando por mim)
conta-me simplesmente uma pequena história de embalar
como aquelas que me contavam quando eu era criança
mas conta-me essa história agora
quero que o meu riso de lembranças
seja embalado pelo teu sorriso branco
que tanto me evoca as pálidas e translúcidas pétalas das rosas
a sorrirem-me num canteiro de um jardim improvável de Veneza
aonde eu nunca fui
ou vogando tranquilas na superfície lenta de uma lagoa
como barcos impossíveis dos deuses das florestas
conta-me uma história
conta-me aquela história cheia de risos e de sonhos
como as que me contavam quando a juventude ardia em mim
e os dias nasciam na intensidade das paixões
e sempre tão preenchidos de Sol
ou de neblinas feéricas de mistério e encantamento
que nos perdíamos em mares de abismos glaucos
ou de tremendas tempestades
a viver sonhos com olhos acordados de espanto
conta-me uma história
depressa
uma outra história de combate
feita com palavras urgentes de ferir como o ferro duro e frio das adagas
como aquelas palavras segredadas que surgiam
nas madrugadas cinzentas
das afrontas dos medos e das incertezas
a cercarem-nos imperativas de violência
como se estivéssemos sós
e o mundo quase todo à nossa volta nos não soubesse
conta-me uma história
podes contá-la agora
quando a falta que o tempo me faz me torna o tempo maior
a história das histórias contadas
a trança de uma vida que eu faço e da qual vivo
uma história com o sabor de exóticas especiarias
mas que contenha também a doçura indizível dos doces caseiros
as ementas que me trazem o calor da minha mãe
condimentadas com afectos entrelaçados por um cordão de mãos
que alguma vez senti
conta-me uma história
uma história que me diga onde estás
que me ajude a encontrar-me melhor porque te encontro
ou a encontrar-te de cada vez que me procuro.
- Jorge Castro
outubro 03, 2005
de mãozinhas no eclipse

foto de Jorge Castro
ou de como fazer mão-baixa da Natureza
Síndrome do José do Telhado?
(Caro Semog, desculpa-me lá outra vez, por estar, de novo, a desinquietar o teu antepassado!...)
Eu não sei que jeito tem isto, mas que há-de ter algum, lá isso há-de! O povão, povoléu, populaça, nas tintas para a partidarite, dá-lhe para apoiar os marginais.
Olaré! E alguma coisa hão-de ter feito, que isto o povo é quem mais ordena e tal...
Na verdade, entre electrodomésticos, parques infantis e rotundas, o certo é que os munícipes vêem alguma obra feita e... lá está: são ladrões? Deixá-lo, ora não estão a ladroar também para o bem do povão? Atão, venham eles! - É a síndrome do José do Telhado, sem tirar nem pôr!
E os maiores salafrários podem, assim, colher a simpatia das massas sem massa, criando uma massa crítica que faz tresvariar os nossos mais conceituados comentadores.
E a graça maior é que os partidos "grandes", esse pilar torto da nossa Democracia, no seio dos quais estas abencerragens foram geradas, vêm agora dizer que está mal, não pode ser, fora do partido não está certo, cambada de gatunos, etc., como se nada tivessem com o caso, como se não tivessem estado, durante anos a fio, a chuchar das tetas deste tipo de porca política.
Portugal é um país giro... Por exemplo, alguém já confirmou, oficiosa ou oficialmente, a candidatura de Aníbal Cavaco à Presidência da República? Atão porque cargas, recargas e contracargas de água é que o homem há-de aparecer em tudo quanto é sondagens e não há-de aparecer lá, por exemplo, o meu nome, ou aqui o do Manel da mercearia, que até é estabelecido e tudo?...
É que hipotético por hipotético, todos somos iguais, à luz macilenta e bruxuleante da Constituição! Ou não?...
Enquanto se debruçam sobre esta questão patafísica, podem ir vendo o que se passa em
Pois. Já sei que estou a ser tendencioso, mas este, pelo menos, assumiu a candidatura, é poeta, não parece um manequim da Rua dos Fanqueiros e, apesar de já não ser um moçoilo, também ainda não tem a idade (nem a ratice ondulante) do Matusalém.
outubro 01, 2005
novos rumos
(ia despejar-vos aqui umas coisitas sobre a ética, mas pensei melhor e achei que cheios de secas já nós quase todos andamos...)
anda no ar esta secura que se entranha
em cada poro da epiderme adormecida
um desespero de vivência ensandecida
um abandono um mal-amar a dor tamanha
o desamor de se perder de nós a vida
somos um povo que no riso se faz triste
e mal resiste de tão débil ou canalha
de fatalista faz da bandeira a mortalha
por se perder nele o valor de um peito em riste
desafiante ao fio agreste da navalha
busca só deuses um santinho ou um demónio
que lhe sustentem a modorra pachorrenta
e assim fenece na masmorra pardacenta
a acender velas de tostão a santo antónio
e nem mais dando que a vileza não aguenta
então dos cantos tenebrosos da história
lá donde surgem azorragues e chicotes
já se perfilam tiranetes ou pexotes
feitos de lérias e brandindo moratórias
no atear de inquisições com seus archotes
ó povo triste triste povo que o teu riso
grite ipirangas sem recessos de saudade
e na porfia da urgente liberdade
descubra um mar azul imenso mas conciso
por onde singre clara e firme a tua vontade.
- Jorge Castro
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