Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é
o mistério de todas as coisas
Federico García Lorca
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estava eu para aqui
muito bem sentado a ver
o dia a passar por tudo
e quase sem dar por mim
sussurrava-me um besouro
os devaneios das flores
sentia o vento trazer-me
um solzinho ao fim de tarde
como quem namora o tempo
a confessar aos botões
que bem se vive no campo
quando vem de lá a mosca
e ao ver-me assim pasmado
me leva um sinalzito
que tenho junto ao nariz
depois veio um moscardão
que me rapinou a mão
e tudo o que nela havia
e ainda a lagartixa
em corrida a sete pés
roubou-me de lés a lés
tudo aquilo que podia
nem faltou a borboleta
que montada nos meus olhos
voou tanto que parecia
pedalar bicicleta
chegou-se ainda a formiga
que chamou logo a amiga
com ligeiro piparote
levando de mim a trote
uma o chiste
outra o dichote
e já cá faltava o grilo
de colarinho dourado
pretinho de reluzente
numa antena leva um dente
e na outra um mamilo
já pouco de mim sobrava
quando arribou o pardal
a debicar-me no peito
costela primordial
restava-me o coração
mas esse fui eu que o dei
que o vento era de feição
e até o pensamento
me deixou no mesmo alento
e assim fiquei
pela aragem
espalhado na paisagem.
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Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 09:16 |
Adriano Correia de Oliveira
numa noite coimbrã de fogo aceso
corações eles foram tantos que tocaste
tal o meu também voando estando preso
vens de um tempo das afrontas sufocadas
de grilhões prendendo mãos e pensamento
nesse tempo em que ao som de guitarradas
descobrimos ser tão livres como o vento
era um tempo de combate e duras pedras
já cantavam na tão velha escadaria
era negra-negra a noite e as capas negras
mas em cada olhar a esperança se fez dia
na denúncia do algoz soltando amarras
como arauto no combate à força bruta
a tua voz na plangência das guitarras
ia unindo a alma e o corpo à mesma luta
era de Maio essa cor que então cantavas
ou de Abril nesse Inverno descontente
e o calor de rubras flores onde voavas
era o azul de um novo céu de nova gente
eram cores e sons de Abril que já trazias
num assombro de poesias perturbadas
e cantavas naus giestas e alegrias
que fazias ser em nós gume de espadas
à razão deste voz que não se guarda
pressentindo um pulsar que se inquieta
foste o canto a arma e a mão que não se atarda
o percurso firme e tenso de uma seta
ao canto deste a vida e foste esperança
conjugaste em tom diverso o verbo dar
e adivinho o Adriano na criança
que ali corre vida fora junto ao mar
porque somos feitos só de terra e barro
já partiste irmão maior mas entretanto
se nas cinzas se amortalha aquele cigarro
fica em nós presente o grito do teu canto.
- poema de Jorge Castro incluído em Poemas de Menagem, 2008
Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 11:25 |
A Ruy Belo
um poeta é um consolo
e nem é de justapô-lo
ao Sol ou a algum cometa
um poeta é o que é
juntando letra após letra
até à luz da utopia
mas é feito dessa carne
que a uns e outros irmane
decorrendo o dia-a-dia
muda de rumo e de meta
muda o mundo e et coetra
e de tal não se enfastia
tem de tudo a vizinhança
do olhar de uma criança
ao chão duro em que confia
um poeta é um desvelo
- «melhor é experimentá-lo» -
já um poeta dizia
não vá alguém duvidá-lo
experimente então sabê-lo
começando pelo Ruy Belo…
3. 06 de Abril - Ars Integrata, no Palácio Foz, em Lisboa. Por entre dourados medalhões, seráficos querubins e muita música, um salão a rebentar de gente pelas costuras, acolheu-nos. David Zink, o Coro Corelis, com o Maestro Victor Roque Amaro, Júlia Lello e eu, demos o nosso melhor para que a tarde ainda mais se dourasse...
Canção de embalar
Vês?
Se tu quiseres eu sou capaz de voar
Depois peço que me dês a tua mão
E virás comigo a todos os céus dos jardins por inventar
Veremos tudo o que fica para aquém dos nossos sonhos
E as pétalas das flores que nunca serão espezinhadas
Porque nós os dois sabemos bem desse mundo sem tempo e sem lugar
Desse espaço apenas apercebido na hora indecisa da madrugada
Em que os ogres adormecem e voltam a ser meninos
E as fadas cansadas demais para existirem
Se recolhem confundidas com as árvores da floresta
Haveremos de percorrer uma a uma cada estrela
Principalmente aquelas que ainda nunca vimos
E que guardam em si a luz que trazes no olhar
Estaremos na fúria dos mares e dos ventos
Seremos tão pequenos que ninguém saberá de nós
Tão imensos que caberá em nós todo o universo
E o nosso riso perturbará no firmamento a Via Láctea
Vês, filho
Como é tão grande e cheio de tudo este espaço em que podemos voar?
Voemos
Voemos agora que já vestiste o teu fato espacial da nave do sono
E eu me retiro devagarinho para não te acordar...
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Obras publicadas
por Jorge Castro
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Esboço a Vários Traços
Correntes Auspiciosas:
ABC dos Miúdos
Manifesto-me
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Atento (Manuel Gomes)
A Paixão do Cinema
A Razão Tem Sempre Cliente
A Verdade da Mentira
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