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Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é
o mistério de todas as coisas
Federico García Lorca
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| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:41 |
O azul do céu trazido ao rés das casas, em vizinhanças que no Alentejo são mais vivas e aparentemente óbvias...
Também a monumentalidade e o asseio das ruas, a darem-nos lições de cidadania, a confundirem-se com o amor à terra, às raízes...
E a vista a perder-se nas lonjuras, tanta vez a ter de seu nada mais que o horizonte...
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Num apontamento breve, ressaltar o riquíssimo trabalhado das calçadas, em mármore, que pisámos tanta vez sem dar por ele, como se de perturbadora metáfora deste País se tratasse...
Depois do chão, olhos ao céu, para se espantar o olhar com o inusitado das carantonhas que nos espreitam da chaminé, vigiando os nossos passos....jpg)
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| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 06:58 |
As imagens que retinha, mantêm-se e com mais arranjo e limpeza. O xisto e o granito, empilhados pedra a pedra, ou ordenados nas calçadas centenárias, num grito contrastado pela cal e aquele azul intenso do céu alentejano...
A cada esquina um recanto, uma paisagem que espreita pelo apertado das ruelas. Aqui a dificuldade é não nos deixarmos cair na tentação fácil do mero postal ilustrado... Mas devemos agradecer aos deuses das coisas pequenas o já não estarmos limitados aos rolos de 36 fotografias, ou estaríamos em maus lençóis com o orçamento de férias.
Calcorreando as ruas da vila, para além do património edificado, ressalta a limpeza, preocupação constante das gentes alentejanas, e o seu afã diário em manter o espaço respectivo, na frente de cada casa, sem réstia de pó que seja....jpg)
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Dentro do castelo, uma original arena centenária, palco de outras contendas entre homens e bichos, que vêm de longe mas, aparentemente, se exceptuarmos o limite mínimo da sobrevivência, nunca terão sido muito conclusivas...
De novo, a vila. Outra rua, outros encantos, outra oportrunidade para meter conversa e tentar apurar o porquê de algumas coisas, nem que seja para se ouvir um diz-que-disse, mas sempre temperado pelo sabor (e pelo saber) do linguajar local.
Depois da breve troca de palavras, certificando, ao de leve, que a vila é mais do que as pedras e o barro, o encaminhar-se cada um para o destino que vai traçando, com os amparos que lhe couberam em sorte...
Enfim, o repasto. A oferta é imensa, muito diferente do que ocorria quando, há mais de vinte anos, visitei Monsaraz.
E com tais manjares, porque não abrir mão do pormenor e deixarmo-nos cair na tal tentação do postal ilustrado, agora que não está ninguém a ver?
À cata do artesanato, tão genuíno quanto possível, espanto-me - sempre esta palermice de me espantar com coisas óbvias - com o facto daquele que me pareceu ser o melhor estabelecimento aberto ao público, para essa área, ser dirigido por uma senhora holandesa, de seu nome Mizette Nielsen, residente em Portugal desde 1960. Afável, simpática, bem humorada, disponível para explicar o porquê das coisas, desde uma manta tradicional à qual um novo design transformou em moderna capa, até às dedeiras de cana com que as ceifeiras protegiam os dedos: «- Sabe, agora isto já não é preciso, portanto há pouco quem as faça...».
À porta do estabelecimento, um olhar cheio de condescendências perante os citadinos de um outro habitante, descansando ao abrigo do Sol inclemente das duas da tarde...
Com o rio Guadiana por perto e a edificação da barragem do Alqueva, esta região pode ter ganho outros motivos de interesse.
Antes da partida, uma rápida visita, em romagem, a alguns monumentos megalíticos em que aquela área é fértil - 150 vestígios do megalitismo rodeiam Monsaraz - testemunhos que (se desejaria) perenes de uma ocupação de vários milénios, contrariando esse conceito limitativo de que a nossa História começou nos Afonsinos, há apenas oitocentos e tal anos, quando há tantas e tantas marcas de uma ancestralidade que, a contar-se, leva já para cima de várias dezenas de milhares de anos.| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 08:03 |
A seguir, para desmoer o lauto almoço, um passeiozinho ao rés da água, visitando glórias de outrora que ainda se fazem ao mar...
... ou, até, descobrir coisas tão improváveis como esta de uma ponta do verde ser cor de laranja... Talvez pré-avisos das campanhas que em breve nos assolarão.
Mas, muito exemplarmente, atentar nesta informação/advertência à beira-estuário plantado....jpg)
Perante tanta valentia, tanto pundonor, não será de estranhar que as fortificações fiquem sem serventia. O povo vai à luta de peito aberto e mãos vazias e o que tem de mais certo é que, desde que não perca, até poderá sair vencedor... por outro lado, não havendo ventos de feição, empata. Mas nisso também somos bons...
Entretanto, numa simpática homenagem ao Homem do Mar, um monumento evocativo à sua lide e à sua fé. Em fundo, a nova Tróia....jpg)
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:33 |
Daí, ter rumado a Sintra, após ter ouvido uns zunzuns acerca do Palácio de Monserrate estar a ser reabilitado. Embora, a ver, que a última imagem que dele tenho, vai para uma mão-cheia de anos, era abaixo de deprimente, face ao seu total abandono e ruína.
Assim como assim, ganharia na mesma, em alternativa, com uma passeata pelos seus jardins...
Entrada a 5 euros, que parece constituir uma espécie de cartel entre entidades para definição de entrada em monumentos nacionais. Mas, para estas coisas, tendo a nem olhar muito aos custos...
Espreitando cá de fora e entrando, depois, nas zonas já visitáveis - atenção, nada de fotografias lá dentro! -podemos ter já uma ideia bastante precisa acerca da riqueza decorativa de tal espaço. Constou-me, entretanto, que os últimos proprietários leiloaram grandíssima parte do recheio, pelo que a autarquia se propõe reconsituir os mobiliários, estatuária, etc., etc.
Curiosidade satisfeita e anotações tomadas, lá fui dar a voltinha pelos jardins.
Ao deitar-me no... ia dizer relvado, mas é mais certo chamar-lhe ervado, a contraposição da pequenez delicada com aquela desmesura vegetal...
À saída, duas quimeras acenaram-me a despedida. Quimeras... Bem precisados andamos delas, se soubermos encará-las com os pés bem firmados na terra. | Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 20:42 |
Mas também a idade nos pode (e deve, digo eu) refinar o gosto e torná-lo mais abrangente, para além da mera condescendência.
Vem à colação a exibição de Gema Jiménez a que assisti na Fábrica da Pólvora, em Barcarena, integrada no festival Sete Sóis Sete Luas.
Dois dançarinos mais completaram o bouquet flamenco, também eles com aquele batimento de palmas impossível de acompanhar, a não ser por iniciados, e com uma fúria no sapateado de nos pôr os cabelos em pé..jpg)
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:31 |
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| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 17:12 |
E passa o veleiro, passam as meninas, passa o casalinho, os banhistas passam o dia banhando-se na água muito razoavelmente limpa e eu passo a minha manhã a ver tudo passar... O forte, esse, não passa, fica. E deixa-se para ali estar a impor presença e moldura à praia...Uma manhã mais, passada, a aproximar-me do tempo das maiores ralações e faltas de ar: crises, gripes, Iraques, (des)empregos, eleições... Mas, hoje, respiro esta bonomia que Agosto traz a esta terra, ainda assim beijada pela benção da Vida.
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:15 |
Magnífico conjunto arquitectónico, actualmente classificado pela UNESCO como património mundial, testemunha-nos grandezas e mistérios passados... ao lado de algumas fraquezas da nossa História mais recente...
A profusão decorativa, o rendilhado da pedra, a emprestar elegância e leveza à força bruta, não cessa de causar a minha admiração, até pela mestria das mãos que a executaram...
A profusão de claustros, a arquitectura e beleza cenogáfica de cada recanto, podem recomendar horas de contemplação.
A charola (século XII), em fase de restauro, é destino obrigatório....jpg)
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Cá fora, já no estacionamento - que, para não destoar do panorama nacional, toda a gente parece ter-se esquecido de concluir e rematar, cheio de buracos, pedras soltas, poeirada e outras minudências -, uns poucos postos de venda, com fruta e outros mimos da região, que não me pareceram nada mal.
Como fica provado, até os olhos se riram...
Descendo até Tomar - onde não encontrei, nos restaurantes onde procurei, um prato típico da região, com a honrosa excepção de um doce de ovos, ficando-me pelo que se come de norte a sul - revisitei o jardim em volta do rio Nabão...
... onde, em certo trecho, me imiscuí numa eterna conversa e mantive o diálogo possível com o maestro Fernando Lopes Graça e Fernando Araújo Ferreira (poeta e homem de cultura da terra). Na verdade, o Sol estava a pino e o conjunto, em bronze, fervia...
Junto à praça onde se encontra a estátua de Gualdim Pais, o fundador da cidade, não pude deixar de notar que, no meu lado direito não visível na fotografia, e tendo por trás de mim o edifício da Câmara, existia um lugar de estacionamento privado da autarquia.
De regresso a casa, uma paragem junto ao Castelo de Almourol. Um barquinho, no cais, que transporta os visitantes por 1,5 € (ida e volta) - que não dão, aparentemente, direito a que o senhor barqueiro auxilie nas entradas e saídas dos passageiros -, numa viagem de 5 minutos... e, depois, o deserto. Ninguém e nada que nos despertasse para a aura de mistério e romantismo que este lugar evoca...
Uma vez mais, adivinho a falta de verbas (e de visão), que devem estar a ser arrecadadas para os tgvês das megalomanias, enquanto o passado e o presente se nos esboroam aos pés, apenas deixando lodo e areias para o futuro...
De resto, uma esplêndida vista para ambos os lados do Tejo, num castelo absolutamente sem recheio algum, para além daquele que as pedras sustentam...
Fica no ar uma certa nostalgia pelo futuro, que, do passado, parece não haver nada para dizer. Uma certa amargura e acidez, também, talvez induzida pelo excesso de Sol, mas isto de destinos de férias nem sempre nos saem de feição, a cem por cento.| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 05:50 |


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