setembro 30, 2009
fotografando o dia (136)
pensei muito antes de dar
à cauda por entre o verde
sou de amarelo ao deitar
que no amarelo se perde
mas dei por mim a pensar
que no dourado da seara
tão lindo de emoldurar
não se me vê bem a cara
- fotografia e poema de Jorge Castro
setembro 29, 2009
o melhor dos mundos
Vejamos:
- O PS de Sócrates obteve a maioria (36,6%), nas eleições para a Assembleia Legislativa;
- O PSD de Ferreira Leite ficou em segundo lugar na votação (29,1%);
- O CDS de Portas classificou-se no terceiro posto (10,5%);
- O BE de Louçã dispõe da quarta posição (9,9%):
- O PCP de Jerónimo de Sousa vem em quinto lugar (7,5%).
Postas as coisas assim, com alguma objectividade, onde é que está o drama? É imperioso que se entendam? Global ou sectorialmente? Pergunto-me: então não é isto o estado pleno da Democracia, onde os intervenientes estão intitucional e eticamente obrigados ao diálogo, à convergência, à concertação?
Essa treta da maioria absoluta, como já disse, é que me parece desvirtuar o sistema. Governar com maioria absoluta - como aconteceu com o PS durante quase 5 anos - tratou-se, esse sim, daquele «intervalo da Democracia» com que Ferreira Leite ironizava há uns tempos atrás (ironia que pagou bem caro)... E foi o que Sócrates exerceu: um intervalo na Democracia, onde cada absoluta decisão nos custou (e custa) sangue, suor e lágrimas, para além de intensas dores de cabeça.
Agora, face ao alinhamento parlamentar tal como o votámos, como referi lá pelo blog do meu amigo Herético (
Relógio de Pêndulo), teremos por certas as mesuras. Esperemos, no entanto, que as fraldas, de si curtas, das camisas dos encurvados não lhes desvendem, ao curvarem-se, alguma minudência nadegueira, não vá algum garoto mais espevitado gritar que já se lhes vê o cu... e assim se desmoralizarão secretismos e outras evidências.
Quanto ao mais - que sei eu?... - diria que este é um momento histórico de aplicação dos preceitos da democracia burguesa. Mas, entretanto, que nos sobre em ética o que nos mingua na ideologia, e talvez sejamos capazes de sobreviver mais uma mão-cheia de anos.
*
Opinião de última hora - 21h40 - Cavaco Silva acaba de comunicar ao País que não está com vontade nenhuma de indigitar José Sócrates como Primeiro Ministro. Ou melhor, depois de, com o seu prudente (?) silêncio ter tramado Manuela Ferreira Leite em troca da sua isenção presidencial, desafia o PS a ser capaz de lhe encontrar outro nome para Primeiro Ministro.
Alucinação?
Aguardemos os próximos capítulos...
setembro 27, 2009
pois... mas aquele outro, lá ao fundo, não votou...
Não consigo entender aqueles que não votam. Excluindo, talvez, aqueles cuja condição física os impeça - e que não acredito que constituam 40% do eleitorado.
Independentemente dos resultados - que para isso nos sobejam analistas, politólogos e outros quiromantes e astrólogos - eu estranho a demissão e/ou oportunismo de quem anda neste mundo apenas, aparentemente, para ver andar os outros.
Animais invertebrados que traduzem o seu antagonismo ou, até, o seu comodismo nesse não-ser e não-fazer... mas que são já quase metade da população eleitoral.
Amanhã fará o quê cada um dos absentistas com a sua consciência, presumindo que a tenha ou que, tendo-a, ela ultrapasse a dimensão do seu próprio lastro?
Quanto ao mais, aos resultados eleitorais, e a bem do regime democrático, tenham lá santa paciência, mas ainda bem que acabou a maioria absoluta. E mais não digo e nem me parece que seja preciso.
já votou?
setembro 26, 2009
fotografando o dia (135)
relembra Abril
mesmo no tempo de Outono
quando a alvorada assumiu
que os homens não têm dono
- Fotografia e poema de Jorge Castro
reflexos na cidade
sobre cartaz de Daniel Filipe da Silva, do Instituto D. João V,
comemorando o 35º Aniversário do 25 de Abril de 1974,
patente na frontaria do Ministério da Educação - Lisboa
setembro 24, 2009
eu não voto Sócrates
Posso imaginar-me a votar PS, em circunstâncias diversas. Assim como posso admitir votar noutras formações políticas, consoante as tais circunstâncias. Guardo o meu voto como uma preciosidade muito minha e inalienável, da qual disponho conforme os meus inalienáveis humores ou instintos.
Mas por tudo quanto defendi na vida ou nela balizei, não poderei votar Sócrates nas próximas eleições legislativas.
Tenho a certeza certa de que esta declaração de voto terá o alcance fenomenal que dista de mim a mim mesmo, não interessando obviamente ao concerto do mundo nem à cabeça de um alfinete. Mas, ainda assim, este é um espaço em que o exercício da liberdade é condição.
Nos últimos cinco anos, por força das políticas instaladas, agravaram-se, na minha opinião em dimensões sem paralelo desde o 25 de Abril, as dificuldades de acesso às pequenas grandes coisas que determinam o status de uma comunidade. E esse agravamento ocorreu nem sequer sob algum «manto diáfano da fantasia», mas sob a luz da mais crua realidade, a que o despudor reinante chama «socialista»...
Recorrendo às mais despudoradas e arrogantes atitudes, invocando com desfaçatez e sem escrúpulos o «bem de todos» a que, afinal, só alguns flagrantemente acedem, desenvolvendo uma postura autista e obstinada, de afrontamento a tudo e a todos, Sócrates e os seus acólitos conseguiram minar os alicerces de alguns pilares e traves mestras do bem-estar social: a saúde, a educação, a cultura e o trabalho (a ordem dos factores foi, nestes anos, arbitrária).
Conseguiu Sócrates, no mesmo volteio, abrir frentes múltiplas de confronto com inúmeras classes profissionais e sociais deste País... em arremedos pífios de rei-sol do universo, quando, afinal, é mera estrela cadente de televisões. E mordeu muita mão que lhe deu, com votos, a maioria absoluta, em anseios de uma esperança de redenção que ele traiu.
Com a oportunidade que o afastamento de Ferro Rodrigues lhe proporcionou, colheu, de braços abertos, o descontentamento promovido pelo abandono de Durão e pela insensatez de Santana e lavrou profundamente esse fértil campo em seu benefício e da sua comitiva, mantendo-se encostado, ao mesmo tempo, aos grandes interesses instalados.
O seu único inimigo, sério e consistente, contra quem assestou armas foi, como a realidade mostra, o povo que o elegeu.
Eu sei que, para além de pouco poéticos, estes comentários nada trazem de novo. Mas esmagado que me encontro ao peso de tanto guru do comentário, que denodadamente pretende condicionar a opinião pública, decido aqui arvorar-me em mais um, mesmo dizendo algo de muito pouco original, mas com o direito à opinião que é o meu.
Reflicto, assim, em desabafo aos quatro ventos, e resumo até onde me levou o assistir a tanta arbitrariedade, iniquidade e simulação.
Não será, pois, o papão da ameaça espúria de hipotéticas «maiorias de direita» - nunca houve, em Portugal pós-25 de Abril «maioria de direita» tão definitiva como a que temos, no presente - que me levará na conversa da treta do voto útil.
Aliás, tenho para mim que o próprio apelo a uma maioria absoluta denuncia uma vontade expressa de poder absoluto, o que, por si só, é a negação da democracia. A realidade está aí e não me deixa mentir.
setembro 23, 2009
uma lufada de ar fresco
Como sempre digo a quem faz o favor de me escutar, nada como um destinozinho cultural, ao fim do dia, para nos redimir das agruras e cinzentismo de dias medíocres. Então, em período eleitoral, estamos conversados!
Assim foi ontem, dia 22 de Setembro, celebrando o equinócio, rumando ao Museu Nacional de Arqueologia, em Belém, Lisboa, para assistir ao lançamento de mais um livro de cordel da Apenas Livros, desta feita da autoria do professor José d'Encarnação, e que dá pelo sugestivo título de Paisagens da Antiguidade.
Da ilustre mesa - que ainda há gente ilustre! - composta por José Cardim Ribeiro (apresentador da obra), Luís Raposo (anfitrião, director do Museu), José d'Encarnação (autor) e Fernanda Frazão (editora), ressaltaram desassombradas palavras sobre a necessidade de travar uma luta continuada e cada vez mais premente contra a despudorada e agressiva incultura que grassa nos dias de hoje.
Sábias palavras proferidas por sábias pessoas dão-nos, de súbito, essa sensação reconfortante de que nem tudo é o deserto de ideias que enche espaços televisivos de parvoeiras balofas.
Tomei conhecimento da luta que vem sendo travada para manter o Museu de Arqueologia naquele espaço nobre, espaço que ficou a dever-se ao empenho de José Leite de Vasconcelos, em honra de quem, aliás, foi lançado, em simultâneo, o volume 26 (série IV) de
O Arqueólogo Português, riquíssima publicação que comemora, exactamente o 150º Aniversário daquela notabilíssima figura da cultura de Portugal, dos séculos XIX e XX.
Fiquei, em simultâneo, a saber de outra faceta da coragem necessária para arrostar com os desvarios economicistas que nos esmagam o saber e, afinal, a identidade, enquanto povo. E senti orgulho por esses corajosos.
Das
Paisagens da Antiguidade, escritas com a mestria também literária de
José d'Encarnação, deixo-vos com esta lucerna iluminante:
Havia sombras bailando nas paredes, que bruxuleante era a chama. Espalhava-se pela estância um cheiro forte a azeite ardendo.Discutia-se, quiçá, à boca da noite, a vindima por fazer, a fruta que medrava nos pomares, o granizo que tudo deitara a perder, a alegria do filho para vir...Noite mais adiantada - o luar nem ousaria intrometer-se!... - seria discreta a lucerna que ensinara posições e acariciava, quente, a ternura dos amantes...Assim.Ontem como hoje. Ontem e hoje.
No fundo, vislumbrar o ser humano por trás de cada vestígio dele encontrado. Prescrutar-lhe a alma, através desses indícios. E esperar a chegada do amanhã mais iluminado. Que belíssimo fim de dia!
setembro 20, 2009
José-Augusto de Carvalho,
o seu cancioneiro
e Viana do Alentejo
A convite da Conceição Paulino, uma verdadeira delegação das Noites Com Poemas rumou a Viana do Alentejo, para assistir ao lançamento de mais um livro de José-Augusto de Carvalho.
Pretexto airoso e apelativo para, juntando agradável ao agradável, estender o olhar, uma outra vez, pelo incansável Alentejo.
Primeira paragem em Alcáçovas - lembram-se do Tratado, em 1479? -, para retemperar forças e partir em busca dos tradicionais chocalhos...
Após um opíparo almoço, com partilha generosa de bacalhau no forno, entrecosto com migas, cabrito no forno e pêras bêbedas...
... lá se rumou a Viana do Alentejo, onde reforçámos a comitiva.
Um passeio por Viana do Alentejo provou-nos - se ainda precisássemos dessa prova... - de quanto há, ainda, para nos surpreender neste País de surpresas.
Depois, à noite, após um «percurso» por uma série de petiscos alentejanos dos quais, por compaixão, me inibirei de tecer considerações, avançámos ao encontro do autor e do seu livro.
Recebidos no Cine-Teatro renovado e com uma sala assaz confortável, quer em termos de instalações, quer na quantidade de público presente, assistimos a uma muito interessante apresentação, onde o autor nos brindou, até, com interpretações de versões muito pessoais de trechos clássicos de ópera e da qual realço, ainda, o envolvimento da cmunidade escolar de Viana do Alentejo no apoio empenhado ao autor e ao evento.
Conceição Paulino fez jus ao autor e ao livro -
O Meu Cancioneiro -, que foi editado pela
Temas Originais com patrocínio da Câmara de Viana do Alentejo, tendo o seu Presidente feito um muito interessante e curioso discurso...
Deixo aqui um pouco do que no livro já li, respigado do poema Coisas do Reino:
Nos corredores do Paço
entre vénias e brocados
sem pudor nem embaraço,
decidem-se alguns trocados
para alívio de indigências
e de nobres consciências...
A continuação do poema e o que fica no livro lá está, para vosso deleite. É só procurar... ou ir a Viana do Alentejo.
setembro 18, 2009
os poetas da noite...
... com poemas encheram a sala de vozes, claras e distintas. Ricas na diversidade, próximas na fruição da palavra. Grandes palavras para coisa pouca? Talvez... Mas fale, apenas, quem souber do que está a falar.
Preservarei identidades nas imagens abaixo, como me compete. Mas deixo-as em tributo a todos quantos acham que a vida vale a pena e que, nela, descobrem modo e forma de a viverem, partilhando-a com os demais.
Esta foi a noite. Assim foi. E outras virão.
Lembrámos José Afonso, na abertura. Gedeão a encerrou. Pelo caminho, Jorge de Sena. E três rondas de poemas por cada presente que a tal se afoitou. E tantos foram. Contem-nos, nas imagens abaixo. No fim, juntem mais uma mão cheia de poemas ditos dos que não puderam estar presentes e tereis uma visão mais aproximada do conjunto.
Encontraram-se em blogs, no Facebook, nas amizades da vida. Outros trouxeram um amigo, além dos poemas. É tudo o que ali se pede... e o melhor com que se conta.
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
- José Afonso in Traz Outro Amigo Também
setembro 16, 2009
noites com poemas
noite com poetas
Nesta sessão SÓ há convidados. Nenhum especial e todos especiais. Espera-se que sejam:
- Demagógica e/ou assumidamente excelsos;
- Determinadamente existentes;
- Seres entranhadamente pensantes;
- De altruísmo a borbotar pelas lapelas das respectivas vestimentas...
- De truísmos, também; de desconchavos; de ardores e outras dores; e desamores e dos amores...
- Em suma, serem. E, sendo, estarem.
Dos que não vierem, não saberemos... Dos que não puderem, lamentaremos. Dos demais havemos de saber. Amanhã, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana (Bairro de Massapés, em Tires). Lá estaremos!
fotografando o dia (134)
água e óleo na marina
espreitam-nos a cada esquina
mas no meio da adversidade
a biodiversidade
- fotografia e quadra de Jorge Castro
na Marina de Oeiras
setembro 12, 2009
tanto tempo sem nós,
de Samuel Costa Velho,
com edição da Temas Originais
No esplêndido cenário da Casa do Alentejo, em Lisboa...
... fui, com alguns amigos, assistir, por descaminho que recebi no Facebook, ao lançamento do livro de poemas de Samuel Costa Velho, com edição da Temas Originais, de Coimbra, editora jovem apostada na divulgação da poesia, já com uma bela mão-cheia de títulos a seu favor - contacto: Paulo Afonso Ramos - temas.originais@gmail.com.
Lamento dizer que, de quem esperava ver do Facebook, não vi ninguém, afinal. Mas não dei o tempo por perdido, pois se nos habituarmos - e parafraseando o título - a tanto tempo sem nós, aprendemos a reganhá-lo com os que estão presentes. Assim a modos que um «if you can't be with the one you love, love the one you're with», dos Crosby, Stills & Nash, se vocências bem se recordam...
E, de súbito, a grata e inesperada surpresa - aqui a tautologia é propositada! - de ver uma sala cheia de gente nova, congregada para o lançamento de um livro de poemas. Mérito do autor, decerto, que como a experiência bem me ensinou, deve ter artes de cultivar essa coisa especial que se chama afecto, para encher assim uma sala deles.
Como laracha, com ponta de inveja, comentei com os meus acompanhantes mais próximos que, finalmente, assistia a uma sessão de poesia em que eu era dos mais idosos da sala. Bom prenúncio em favor da poesia, claro!
Do autor, que de Velho tem não mais que o apelido (n. 1984), deixo-vos um dos poemas que por lá eu disse, espontâneo, como outros mais por lá se disseram:
Ontem à noite caiu-te uma canção da boca
E ainda a tentei apanhar.
Distraído saltei e quase que a toquei com a ponta dos dedos.
Se não fosses tu a agarrar-me pelo braço,
tinha caído,
esquecido que à noite
adormecemos de mãos dadas
a centenas de metros de distância
do chão mais próximo.
Depois, os autógrafos, a encerrar, já com as mãos em forma de adeus. Longa vida a Samuel Costa Velho, felicidades e continuação...
Como sempre, confirmei que o que de melhor há nestas vidas virtuais (Facebook, etc., etc.) é mesmo o darmos o corpo ao manifesto. E o resto são cantigas.
eleições (em tempos) da crise...
... ou dos motivos pelos quais, embora votando, não me inclino para o «centrão»...
Peço, com a devida vénia, ajuda à opinião de Manuel António Pina - que sempre registo com muito interesse e agrado -, no Jornal de Notícias, acerca do anúncio do programa eleitoral do PSD (ver notícia completa aqui) e cito, com acréscimos em itálico de minha exclusiva responsabilidade:
(…) Assim, se a chegar ao Governo, a dra. Ferreira Leite
- extinguirá o pagamento especial por conta que a dra. Ferreira Leite criou em 2001; - e que o engº.(?) Sócrates estabilizou, estruturou, aprofundou... e aproveitou;
- a primeira-ministra dra. Ferreira Leite alterará o regime do IVA, que a ministra das Finanças dra. Ferreira Leite, em 2002, aumentou de 17 para 19% ; - e que o engº.(?) Sócrates aumentou para 21%, tendo reduzido para 20% no início da (assim chamada) crise;
- promoverá a motivação e valorização dos funcionários públicos cujos salários a dra. Ferreira Leite congelou em 2003; - e o engº.(?) Sócrates assim manteve durante quatro longos anos, tendo, agora, feito uns arremedos de descongelamento, por via das eleições;
- consolidará efectiva, e não apenas aparentemente, o défice que a dra. Ferreira Leite maquilhou com receitas extraordinárias em 2002, 2003 e 2004; - e que o engº.(?) Sócrates, após um esforço indómito e sem par, também consolidou denodadamente através dos nossos impostos, para vir a ser atropelado por uma crise que alguém se esqueceu de avisar que vinha lá;
- e levará a paz às escolas, onde o desagrado dos alunos com a ministra da Educação dra. Ferreira Leite chegou, em 1994, ao ponto de lhe exibirem os traseiros... – e que o engº.(?) Sócrates conseguiu, também, estender e generalizar aos professores, que chegaram ao ponto de lhe mostrar várias outras partes anatómicas, nomeadamente após serem vitimados por pais anormalmente enraivecidos e por alunos descontraidíssimos;
No dia anterior, o delfim Paulo Rangel já tinha preparado os portugueses para o que aí vinha: "A política é autónoma da ética e a ética é autónoma da política"(aqui acaba a citação), - ouvindo nós, em fundo, a voz de Augusto Santos Silva dizer: «- Amen!».
Os portugueses têm a memória curta? Enfim, há limites para tudo. Julga-se, até, que para a estupidez... Ainda que alguns a considerem incomensurável.
Lamento, até pelo esforço que algumas mentes bem intencionadas fazem, agitando o papão do «regresso da direita» a combater presumivelmente com o «voto útil», mas não vislumbro a mínima diferença política entre os dois partidos em apreço.
Talvez seja esta a hora de aprenderem a ter alguma humildade democrática. E essa poderá chegar-lhes com o voto popular sem peias nem constrangimentos, contrariando essa arrogância de supostos «grandes partidos», agindo como donos das vidas de quem, afinal, os elege.
Uma coisa a História nos ensina: nunca nada é para sempre! A ver, nos próximos episódios...
setembro 11, 2009
o que vou pintando...
«Quanto do teu sal...» foi a fonte de inspiração. Houve Sebastiões, Arlequins, bandeiras naquela tela. Cada um de sua vez. E foram-se desvanecendo, em neblinas de indecisão... Tintas? Camadas sobre camadas de acrílicas. E fazer eu o quê para entretê-la, à tela...?
Certo é que, a cada golpe de pincel, com cada elemento a perder o seu sentido e a sugerir, logo, outro, foi nascendo uma espécie de alegoria, à volta da pena e da espada... que deu no que deu, sem plano, nem estratégia. Uma espécie de «pintura automática» que não será um primor artístico mas que vos asseguro que sabe melhor que bem, ao fim de um dia sensaborão de trabalho, para retempero de ânimos...
setembro 10, 2009
à família Feio, com um forte abraço...
Soube, há muito pouco tempo, que a Nica, a irmã caçula do António, do José e do Carlos Feio chegou ao termo da sua vida...
Pela amizade intensa, ainda que recente, que vou nutrindo por esta família e pelos exemplos de vida que neles tenho apurado, esta foi uma notícia esperada... que eu esperava bem que nunca chegasse.
Mas a vida tem destas coisas: leva-nos e traz-nos, mesmo sem remissão ou pecado.
Palavras valem de pouco. Que lhes fique, então, uma memória feliz e alegre da mana.
De mim, um forte e público abraço.
setembro 09, 2009
eleições (em tempos) da crise - 2
Não estando eu sujeito a qualquer disciplina partidária e apreciando muito a postura de livre-pensador, tenho, portanto, para mim e do alto da minha pequena estatura uma mão cheia de opiniões, que muito prezo...
Vem isto a propósito do debate de ontem, na tv, de Sócrates versus Louçã - que, só mesmo para chatear e em conformidade com uma das tais minhas opiniões, faço questão de não referir como sendo do Partido Socialista versus Bloco de Esquerda.
Independentemente do facto do estilo de discurso de Francisco Louçã me enervar um pouco, aprecio sobremaneira os seus conteúdos, o que, relativamente a José Sócrates, não ocorre. Isto é, dele nem estilo nem conteúdos são de molde a despertar em mim mais do que uma irritação geral, altamente incomodativa.
Posto isto, que define, portanto, alguma expectativa aprioristicamente assumida, uma breve nota sobre o tal debate de ontem:
Apesar dos «analistas» da treta e do costume serem unânimes nos alinhados e desbragados elogios a Sócrates quando ele supostamente «encrava» Louçã com a história da abolição dos descontos, em IRS, nas despesas de educação e saúde, por mim considerei esta mais uma descabelada demagogia «socrática».
E porquê? Porque invocando, de forma truncada - como, aliás, Louçã de imediato referiu - o programa do Bloco de Esquerda, insistiu por cinco vezes neste assunto, com a complacência pasmada de Judite de Sousa, desbaratando deliberadamente o facto de que este «mandamento» estava sujeito ao pressuposto prévio - passe a redundância - de educação e saúde efectivamente grátis para todos (os que recorrem aos Serviços Públicos).
Ora, se (quando) estes serviços forem grátis, acessíveis e eficazes - como ocorre, aliás, em vários países europeus - parece-me óbvio o porquê de não haver lugar a descontos nestas matérias.
A má-fé, rasteirice saloia e insistência desajustada da postura de Sócrates, uma vez mais, me prova que por ali não vou... Lamento, pelos doutos pareceres dos analistas, mas não vou.
E, para cúmulo, ficaram-me duas dúvidas. A primeira: afinal, olhando para as questões colocadas por Sócrates, quem tem estado no governo, Sócrates ou Louçã...? A segunda: tendo assistido à intensa colocação das questões, por parte de Sócrates, sobre o programa do Bloco de Esquerda, ficou-me a dúvida sobre a existência de um programa do Partido Socialista. Será que não tem ou há inibição em referi-lo em sede de debate?
NOTAS de rodapé: Propostas de neologismos, algo anarcas, a aplicar aos senhores da «análise política» e que tendem a dar à costa após estes debates:
- àqueles que não vão além da emissão opinativa (como essas minhas, acima...), em vez de analistas passam a ser chamados OPINALISTAS;
- àqueles cuja «análise» lhes advém da pulsação das sondagens (outra treta): SONDEIROS;
- àqueles que mais longe não vão do que lamber a mão do dono: BOBBYSTAS...
setembro 08, 2009
eleições (em tempos) da crise - 1
Dei por mim a matutar no quão difícil é dizer algo sobre as eleições que se avizinham, sem cair na facilidade dos lugares comuns e, até pelo contrário, tentar ser, de algum modo, original na profundidade de uma análise - mesmo que essa profundidade venha a ser, afinal, superficial...
Os concorrentes são todos conhecidos. Ninguém, enquanto eleitor, irá ao engano.
Esperanças de mudança promovidas por cada um dos concorrentes... Bem, com tanta escassez de bom e de positivo que foi acontecendo, na balança dos interesses da imensa maioria da população, nos últimos anos, pela mão destes concorrentes, o grau de expectativas é necessariamente baixo.
No entanto, vou colhendo ensinamentos que nortearão o meu voto:
1. Maioria absoluta - como se viu nos últimos quase cinco anos - só nos faz padecer da Democracia. Portanto, tal como o crude derramado na Galiza, nunca mais!
2. Das maiorias relativas que possam constituir-se se espera que estejam condenadas a entenderem-se, em pactos de regime, ou alianças circunstanciais, ou o que quiserem, mas tendo por objectivo o tão apregoado interesse nacional. Essa é a substância primeira da Democracia: o entendimento e cooperação, que pressupõem a liberdade de escolha, articulada com a razoabilidade e temperada pela condescendência.
E não me parece que tal implique que haja que abdicar de princípios... pelo menos para aqueles que ainda os mantenham.
Claro que Maquiavel diria que aquilo que acabei de propor enferma de ingenuidade atroz e de lirismos vários. E, se calhar, é verdade.
Mas, que Diabo, Maquiavel já morreu há tanto tempo... Ainda não aprendemos mais nada de relevante no concerto do mundo?
Entretanto, não deixem de votar, pela vossa saudinha! Mas, se não votarem, por altíssimo favor, nem me digam nada, para não se estragar mais uma relação...
setembro 05, 2009
fotografando o dia (133)
é tão alta uma janela
como o azul é profundo
e ele d'aqui só com ela
sentindo as cores deste mundo
- fotografia e quadra de Jorge Castro,
em Almourol
da liberdade de expressão
e das formas encapotadas de a combater
O caso Moura Guedes-TVI, já quase não-notícia nesta vertiginosa voragem dos dias, traz-nos, apesar disso e uma vez mais, esse amargo sabor que é o facto de alguns dos pilares que queremos entender como definitivos - sendo aqui o caso da liberdade de expressão -, afinal enfermam de fragilidades incomensuráveis.
Não se discutindo o estilo, onde podemos, até, encaixar noções de estética de gosto mais do que duvidoso - ainda que nem todos gostem, como se sabe, do amarelo -, facto é que a veiculação de uma opinião é isso mesmo - e importa no concerto do mundo - e a divulgação e informação sobre factos outro tanto, pelo menos até que alguém consiga desmenti-los.
A guerrinha que o nosso primeiro Sócrates achou por bem comprar, ao longo dos tempos, com o noticiário da Moura Guedes, armando em vítima e dando troco sem acautelar o distanciamento que o seu cargo lhe devia conferir, deixa-o agora refém de uma circunstância que, indo da mera estupidez ou pesporrência (não menos estúpida) de um administrador, até a uma cabala maquiavélica contra o PS movida pelas «forças obscuras» que o primeiro ministro referia, lhe coarcta margem de manobra.
E como tem sido seu timbre, em cima de disparate, sai disparate e meio, e lá vem ele clamar às televisões que «exige» esclarecimentos à administração da TVI sobre a ocorrência. Mas exige o quê, como e com que meios legais? Enfim, os habituais deslumbramentos e inconsequências...
Mas, na verdade e no fundo perverso de tudo isto, o que considero preocupante é a tal fragilidade dos pilares sobre os quais assenta a liberdade de expressão, direito constitucionalmente consagrado e parte determinante da deontologia jornalística.
Salvaguardadas as devidas distâncias e reportando-me a uma experiência pessoal recente, uma directora da área comercial de determinada publicação para a qual eu redigia artigos de opinião (assinados), graciosamente e sem vínculo contratual, atropelando o director editorial e, apesar de entoar loas ao meu estilo de escrita da qual seria adepta incondicional (termos da própria), considerava, entretanto, que os meus artigos eram demasiado acidulados para o seu gosto tíbio e, seguramente, de pouco agrado para quem financiava a referida publicação. Ao segundo «reparo» acabei com a colaboração, por falta de paciência... Mas a verdade é que deixei de contar com aquele fórum. E, enquanto tive acesso ao «ranking» dos artigos, sei que os meus eram dos mais lidos. Ora, seria de considerar que tal facto deixaria sensível um responsável comercial. Mas parece que o lápis azul falou mais alto.
É com a mesma apreensão que assisto ao cerco - é o melhor termo que me ocorre -, com encerramentos temporários «para análise», que a Google está a fazer a um blog do qual sou, desde há vários anos, colaborador, invocando alegada «violação dos termos de serviço», expressão equívoca e, no caso, absolutamente infundada. Trata-se d'
A Funda São (
http://afundasao.blogspot.com/), cujos conteúdos, devidamente assinalados como sendo para adultos, poderão provocar alguma urticária a espíritos mais sensíveis - daqueles que só lêem a
Antologia de Poesia Erótica e Satírica às escondidas... mas não deixam de a ler.
Admitindo que o espírito inquisitorial, com autos de fé e fogueiras a rodos, não seja uma característica genética, ou atávica, tratando-se apenas do acto cobarde de quem tem o poder e, por receio de o perder, não admite ser beliscado ou, sequer, que se ponha em causa os «valores» da treta que apregoa, que, afinal, mais não são senão o sustentáculo da tacanhez em que lhe convém manter o povão, verifica-se (se dúvidas houvesse) que nestes nossos «dados adquiridos» há muito, muito, caminho ainda a desbravar...
setembro 02, 2009
destino de férias (25)
ler
ler sempre
ler mais
Tiveram um fim, como tudo tem.
Não cheguei aos 30 «postais» porque não. Mas ia chegando... Não cheguei a ir a todos os destinos a que me propusera, mas fui à maioria. Partilhei, neste espaço, relatos sobre alguns desses destinos. E partilhei com vários amigos os próprios destinos de férias.
Fiquei a saber um pouco mais sobre várias coisas, pessoas, lugares, bagagem que me acompanhará ao trilhar caminhos de destinos do futuro.
Como remate, sem especiais pretensões, deste calcorrear, também, os caminhos das palavras, que tanto têm enriquecido e dado sentido à minha vida, deixo-vos um apontamento que colhi de uma entrevista feita a Mário Zambujal, na revista Ipsilon (do Público, 26 de Agosto), conduzida por Helder Beja, a propósito do novo livro publicado, Uma Noite Não São Dias:
"Já o Laborinho Lúcio [antigo ministro da Justiça] dizia que 'não se é político, está-se político'. Eu também estou escritor agora, outra vez. O ser carrega uma obrigação que não me agrada."
Caiu-me no goto esta «humildade orgulhosa» do Mário.
Por aí se atinge um objectivo: fazer-se algo porque se gosta e gostar de ser capaz de o partilhar, bem mais do que um destino de férias, pode muito bem constituir um destino de vida.
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