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Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é
o mistério de todas as coisas
Federico García Lorca

Com a devida vénia ao Google, mas sem cobrar nada, também, pela publicidade, aqui deixo o meu abraço a esses nossos ancestrais, Astérix e Obélix, que me deliciaram nas imberbes meninices como na «idade da experiência». Aliás, essa será a diferença subtil entre épocas da nossa vida: a idade das experiências e a idade da experiência... Entendam-se sempre ambas como valores relativos, claro.
Nos jornais, nos noticiários de rádio e tv, mais um atentado, no Médio Oriente, com não sei quantas centenas de vítimas, uma criança a morrer de gripe A ou talvez não, com deficiente assistência ou talvez não, uma mão-cheia de pequenos tubarões da costa portuguesa que foram constituídos arguidos em mais um intrincado mistério que será insolúvel, como todos os mistérios dignos desse nome, em que somos férteis, ou talvez não...
Depois, a xaropada dos futebóis em que apenas me consigo espantar com a capacidade infinita de se poder comentar até ao infinito com baboseiras, lugares comuns e absolutas faltas de senso com os quais, apesar disso, toda ou quase toda uma comunidade se deixa envolver, como se disso resultasse o pão que falta às bocas.
Há um padre pistoleiro, ou talvez não. Uma criança russa abusada por um tribunal português, ou talvez não. Um espectáculo ao vivo feito por um artista ao morto. Há um índice qualquer que regista que o cidadão português pode contar, por vida, com cerca de quarenta e tal anos de felicidade, o que, sendo simpático e auspicioso, é pouco credível.
E há o Astérix e o Obélix, se calhar filhos dos nossos ancestrais avós, mais consistentes, mais reais, mais próximos do que toda aquela chusma de delírios em que os noticiários transformam o nosso mundo quotidiano.
Valha-me uma poção mágica que me proteja da invasão noticiosa, bem mais invasiva do que a romana...
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 14:03 |

| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:00 |
Em Santo Amaro de Oeiras, uma comunidade de moradores promove encontros de vizinhos, cria feiras de bairro, organiza eventos musicais, divulga e protege a miríade de aves que habitam um espaço ainda frondosamente vegetal...
O meu chapéu por tanto afecto. Pareceu-me até, divisar numa velha árvore um discreto sorriso de cetáceo, congratulando-se com tanto desvelo.
Em Carcavelos, reatada a tradição da procissão de Nossa Senhora dos Remédios, a comunidade agita-se, entre fé, devoção ou mera curiosidade, em torno de, afinal, um pretexto mais para as gentes se encontrarem...
... ou as forças vivas darem um ar da sua graça, reconquistando e devolvendo, ainda que por breves momentos, o espaço urbano para outras graças que transcendem a sem-graça do ramerrão quotidiano.
A Banda da Sociedade Recreativa e Musical de Carcavelos que mantém um invejável currículo que ultrapassa a centena de anos.
Num salto à Sociedade Portuguesa de Autores, com o Pedro Barroso e o seu último livro, editado pela editora Temas Originais, caímos no braço dos Contos Anarquistas, expressão de ser e de estar a ver e interferir no mundo à nossa volta...
... num exercício de cidadania partilhada - se me for permitida a redundância - em forma de pequenos contos saídos da alma que temos. Eivados, também, daquele modo danadinho de ser e de estar que nos enforma e que um olhar interessado captou, para próprio e alheio desfrute.
Pela livraria Ler Devagar, foi ontem o lançamento de uma revista de artes, a Inútil. Uma sala cheia de gente que se preocupa com essas deliquescentes inutilidades em forma de música ou poema ou fotografia ou... seja lá o que for que passe pela cabeça de alguém, na qualidade de ser vivente, que lhe basta. Uma coisa Inútil, pois, que não será demais....jpg)
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 11:40 |
Ainda no dia 4, caía a tarde, e a poucos quilómetros de Castro Daire decidimos, em boa hora, fazer um desvio do caminho principal para um destino não programado, mas cujo nome nos suscitou curiosidade: Moura Morta.
Mal chegados e tivemos pronta confirmação da boa escolha feita. Regressados a uma viagem no tempo, dir-se-ia, ao passar pelo vetusto de construções e empedrado, em que o forte e omnipresente odor a estrume de gado, antes mesmo de tropeçarmos com ser humano vivente, nos dizia estarmos ainda numa comunidade viva.
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Talvez a mera intenção de efeito decorativo não o tivesse pensado, mas a mim pareceu-me estar ali um verdadeiro ex-libris da povoação, que nos saudava mal entrámos em Moura Morta...
... Depois, alguns dos responsáveis pelo olor que cobria a povoação entraram em cena, à hora do regresso das pastagens, bamboleando a sua pachorrenta mas determinada caminhada, mil vezes calcorreada, a causar apreensão aos citadinos.
Dia 5, já próxmos do termo do passeio, foi o momento de visitar o Mosteiro de Santa Maria de Cárquere.
Ali por onde vagueiam lendas de D. Afonso Henriques, fomos espreitar, por detrás do altar-mor, a pedra sobre a qual teria ocorrido o milagre que lhe curou as pernas e salvou o reinado, mandando a boa-fé acreditar que assim teria nascido Portugal, ainda que a prudência aconselhe outros aprofundamentos e estudos que permitam casar a lenda com a realidade, tanto quanto o correr dos séculos o permita.
No segundo altar da nave principal, um misterioso segredo:
- o altar móvel esconde uma série de pinturas murais, das quais não logrei apurar a origem.
Como habitualmente, quem sabia partilhava o seu saber com os demais, em enriquecedoras palestras de circunstância, que deram outro tempero à viagem.
Aproximava-se o remate da aventura. Apeteceu-me colocar aqui, quase como corolário do passeio, a Menina Sol, pintura da nossa companheira de viagem, Aline Daka...
... que veio do Brasil para ser recebida pelas magníficas cores outonais com que os nossos campos se vestem.
Eu dei por mim a jogar ao Jogo do Galo, lançando caruma de pinheiro e bolotas sobre o velho granito da escadaria perto do Mosteiro, pois a cada um a sua arte própria de buscar o segredo das coisas...
... como a Fernanda Frazão nos parece mostrar, sob o olhar aquiescente da Manuela.
Havíamos, ainda de seguir para o Mezio, para uma lauta e tradicional refeição de feijoada de chouriço.
À nossa anfitriã, Maria Estela Guedes (ver TRIPLOV), os nossos agradecimentos por este transporte ao mundo real dos sonhos. Haveria que muito esmiuçar para revelar uma falha na organização e que, afinal, apenas serviria para lhe realçar o brilho de todo o enredo.
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:29 |
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:54 |
| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 09:30 |
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| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:42 |
... ainda que logo alguém nos recorde a quantas duras penas tal ocorre..jpg)
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Enquanto isso, fica-nos a grandeza evocativa das pedras - uma vez mais e sempre, aquelas que resistem à voragem do tempo...
Como um velho pelourinho que, enraizado no meio de um povoado, parece pregar naquele chão a sua alma... Talvez que por isso haja por eles um especial cuidado.
A água de um fontanário regista a passagem de um olhar interessado que, vindo de longe, lhe sabe a proximidade...
De novo em viagem, repassámos por um dos flagelos mais recorrentes dos nossos dias: os incêndios. Do dramatismo de um fogo vivo à desolação dos campos ardidos, venha o Diabo e escolha.
Castro Daire - Ermida - Igreja de Nossa Senhora da Conceição ou das Siglas: construída na segunda metade do século XII, pertencia, segundo parece, à Ordem Premonstratense de Santo Agostinho.
No exterior, dir-se-ia o explícito implícito, a agravar a charada que este monumento suscita...
No interior, de novo uma Senhora da Conceição que se apoia no mundo que uma cobra rodeia...
... nem faltando, nesta imagem, o transporte da maçã, numa sugestão que, a meu ver e no que ao meu parco saber respeita, carece de melhor e maior aprofundamento.
Pelo sim, pelo não, o conforto relativo de uma outra imagem que parece reconduzir os conceitos ao seu eixo normalizado.
Perante a originalidade das diversas sugestões e desafios que os - chamemos-lhes assim por facilidade de enquadramento - elementos decorativos suscitavam, as explicações ou interpretações de quem sabe mais sobre a matéria, a trazer literalmente mais luz ao assunto.
No exterior, como no interior, maiores as sombras do que as personagens, cenário que o Sol do fim da tarde propiciava.
Para encerrar este capítulo de tão rico passeio, uma foto de família (incompleta), iluminada pelo fugidio pôr do sol que, pelas serranias, nos foge mais cedo e sem aviso, mas ainda a tempo de criar uma auréola, talvez ténue e fugaz, mas que confere, assim mesmo, diversa qualidade aos que se deixam beijar pela curiosidade e abraçar pelo saber.| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:39 |
dia 3 de Outubro - Por Lamego, contámos os minutos para cumprir projectos: bairro do castelo, castelo, catedral e museu...
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Já nos clautros da Sé Catedral de Lamego. Fundada em 1129, este monumento gótico ostenta sinais bem visíveis das modificações que foram sendo introduzidas, nomeadamente nos sécs. XVI e XVIII, de onde destacaria o claustro renascentista.
Curiosamente, verificámos que, muito ao contrário de muitas vozes, pelo menos por Lamego há uma ideia precisa de qual seja o sexo dos anjos...
... do mesmo modo que apreciámos, nos frisos da porta principal que, na Idade Média, nem tudo era tristeza ou obscurantismo e que, mesmo em lugar sagrado - ou talvez por isso mesmo... - havia boas razões para a vida ser vivida.
«Levantou-se então o Arcebispo de Braga e pondo a Corôa na cabeça a El Rei disse: Bendito seja o senhor Deos, que sempre me ajudou, quando vos livrava de nossos inimigos com esta espada que sustento para vossa defesa» - Primeiras Cortes de Portugal
Em Tabuaço, uma imponente araucária saudou-nos... E ela só, pois o Turismo, em pleno dia de Domingo, estava encerrado, como em tantas localidades País fora.
Rezam lendas que dois irmãos cavaleiros, D. Tedon e D. Rausendo, a terão erigido, lá pelos séculos X ou XI. Mais rezam que a moura Ardinga se perdeu de amores por D. Tedon - mesmo sem o conhecer, que os tempos propiciavam os amores platónicos e desesperados - coisa que o senhor seu pai. o emir de Lamego, não teria apreciado sobremaneira, tendo degolado, ali mesmo, a desventurada apaixonada...
Certa é a sua disposição, de costas para o rio Távora e tendo a porta principal e frente - a um metro escasso - de um penhasco, o que nos leva a pensar quão estranhos podem ser os desígnios da razão.
Por certa, também, me fica a ideia de que uma vida inteira não chegaria para lobrigarmos o quanto temos de património riquíssimo na sua ancestralidade, nas histórias, contos ou lendas que o envolvem em teias de mistério e de encantamento, que são, afinal, aquilo de que a nossa alma deve ser feita - embora tantos de nós, lamentavelmente, o não saibamos.| Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 21:31 |


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