maio 31, 2010
porque junho chegou...
... e cidade se enche do lilás de jacarandá, em dádivas que as árvores insistem em nos entregar, às mãos cheias, alheias às inconsistências dos homens.
de súbito uma nuvem
uma aragem feita de aromas de rosas
e a acidez intempestiva dos espinhos
de súbito um vagar
uma tremura entre versos entre prosas
na intimidade feita só de desalinhos
de súbito uma fome
dos teus seios de medronhos
e receios de não haver mais caminhos
e trilhar uma a uma as partes todas
do teu corpo
onde moram os meus sonhos
- Jorge Castro
maio 30, 2010
corart - Associação de Artesanato de Coruche
- a cortiça
Desta Associação em que participo recebi o convite/desafio de realizar trabalhos, tendo como matéria-prima a cortiça - esse produto tão ligado à terra e a nós e ainda tão pouco e mal aproveitado por nós próprios -, a integrar na Feira Internacional de Cortiça de Coruche, que está a realizar-se, neste momento.
Aqui fica um dos meus trabalhos - Um Cacho de Rolhas -, já presente no stand da CORART, porque afinal muitos são os caminhos que devemos percorrer...
maio 28, 2010
HISTÓRIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE
Hoje, com início às 20 horas, no Restaurante Caravela, em Algés,
terei o grato prazer de apresentar aos presentes as duas palestrantes
- Fernanda Frazão e Gabriela Morais -
que disserterão sobre a temática acima,
articulada com o Paradigma da Continuidade Paleolítica.
Aqui vos deixo, para aguçar apetites, o texto de apresentação que as duas investigadoras nos fizeram chegar:
Ao longo dos anos, quer individualmente, quer em comum, a nossa ideia de História nunca se enquadrou na oficial. Os compartimentos da História, as listas de povos conquistadores, que se substituíam ininterruptamente, sempre provenientes do Oriente, os políticos que pareciam governar apenas uma população de iguais: tudo isto num mundo em que «tudo o resto é paisagem»... Os portugueses parecem surgir de um não-passado, sem pais, nem avós, enfim, «uns filhos das ervas»... Esta é ainda a pouca e desinteressante História que se ensina. Há obras antigas ainda hoje malditas e outras que parecem imprescindíveis; autores desprezados e outros que ganharam espaços que hoje já não se entende, mas que continuam a ser marcos. Porquê?
Nos últimos quarenta anos a ciência teve um desenvolvimento espantosamente acelerado, aplicado também às ciências históricas. Mas a historiografia ainda não deu um passo para o acompanhar e, pelo contrário, continua a afunilar numa especialização um pouco incompreensível. Estes quarenta anos de desenvolvimento científico devolveram-nos um homo sapiens vivo e operante neste território há mais de 40 mil anos; iniciador de uma expansão marítima há mais de 8 mil anos e possuidor de uma língua franca desde então; e poeta/historiador desde os tempos paleomesolíticos. E isto para não falar do milhão e quinhentos mil anos de homo antecessor...
O que nos propomos fazer é partilhar esse português velho de 40 mil anos que se tem vindo a revelar pouco a pouco através de ciências velhas e novas e das vozes de muitos cientistas europeus.
- Fernanda Frazão e Gabriela Morais
maio 27, 2010
Da prostituta ao prostituidor, as duas faces da mesma moeda...
Hoje proponho-vos uma visita a um blog - A Funda São - em que tenho o grato prazer de colaborar e onde escrevi isto:
A(o) prostituta(o) - que designação rebuscada... - e o(a) prostituidor(a) são as duas faces da mesma moeda. Assim posto isto, lapalicianamente, tudo fica obscuramente claro. A saber: ele há-as por todos os motivos e para todos os gostos... e, quanto a eles, eles, também. É a Humanidade, senhores, e está tudo dito. Claro que estou muito de acordo quando aqui se introduz, na conversa, a questão do dinheiro envolvido, como é óbvio.
Agora, quanto à necessidade da dar a queca marginal - ou alguma das suas envolventes - e de haver quem, pelo tal dinheirinho, esteja disposta(o) a levá-la – ou a alinhar nas tais envolvências -, isso parece-me que tem mais a ver com o que alguns estudiosos da matéria chamam «miséria sexual».
Na verdade, parece-me historicamente admissível e de fácil prova que a necessidade de vender (ou comprar) o corpo por dinheiro se prende com a invenção do dito dinheiro, nem que seja na sua forma mais elementar da troca directa de bens ou, se se quiser ser mais técnico, de mercadorias.
Ver o restante texto
aqui
maio 23, 2010
três dias, três encontros...
- dia 20 de Maio - Noites Com Poemas - Arte e Reciclagem com Alberto Simões de Almeida, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana:
- dia 21 de Maio - Escola Secundária da Quinta do Marquês, em Oeiras, comemorando o Dia do Autor, a convite de David José Silva e da Direcção da Escola:
- dia 22 de Maio - Poesia Vadia, no Café Pituca Premium, nas Caldas da Rainha, a convite da Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha:
Desta vez, não legendo as fotografias. Os intervenientes reconhecem-se. Nas passagens desta vida, aqui documentadas, aquele forte abraço a alguns companheiros de caminhada com quem muito me apraz saber que posso contar:
- Carlos Peres Feio
- David José Silva
- Carlos Gaspar
- João Baptista Coelho
- Maria Francília Pinheiro
- Estefânia Estevens
- Francisco José Lampreia
- Palmira Gaspar
- Edite Gil
- Francisco Félix Machado
... a que posso acrescentar, jornada após jornada, a professora Olga Afonso, Ana Patacho e os jograis Oeiras Verde, os Jograis do Canto Sénior, o João Bernardino... David, como é que se chama aquele teu amigo que canta?... - Pois, é verdade! É o João Mateus.
fotografando o dia (145)
será virtude da hera
que naquele muro era
e que agora já não é
ter sido o que foi outrora
no rasto do que já fora
e que hera já não é
- fotografia e poema de Jorge Castro
*
Nota aos interessados que me acompanharam nestes passados três dias de aventuras várias - Tentarei publicar algumas imagens dos três eventos ainda hoje, assim me chegue o tempo...
maio 19, 2010
noites com Poemas
Arte e Reciclagem
com Alberto Simões de Almeida
Imaginando um passeio ao longo de um qualquer areal... A poucos metros de nós, um gasto, retorcido e carcomido madeiro, velho como o tempo, polido por ondas e intempéries, quase nos sugere... - o quê? - uma ave, talvez, uma imagem de santo...
Depois, lá mais perto de casa, um vizinho deixa, para recolha de lixo, um velho sofá, esventrado, meio desfeito; um braço desengonça-se onde as molas estão à vista, e no lusco-fusco tardio, naquela inusual posição, ao alto, em que o vizinho o deixara, a sua silhueta faz lembrar uma sentinela, em continência ao bairro e a quem passa...
E, depois, falarmos destas impressões do quotidiano próximo, do encontro com o novo uso do objecto já usado, a propor cumplicidades a quem saiba divisar, nos contornos das nuvens, outros enlaces, outros horizontes.
É esse o trabalho de escultura que apuro em Alberto Simões de Almeida, que nos honrará com a sua presença e que dessas suas aventuras/desafios em forma de Escultura nos dará conta na próxima sessão das Noite Com Poemas, na Biblioteca Municipal de Cacais, em São Domingos de Rana, no próximo dia 20 de Maio (quinta-feira), pelas 21h30, como habitualmente.
Poesia? Sempre! Traz um amigo, junto com o teu poema, e faremos a nossa festa.
maio 17, 2010
soube da professora despida... e depois
tive medo!
Mirandela resolveu rivalizar com Bragança. Pelo menos na sanha pseudo moralista com que fez cair o gládio das virtudes balofas em defesa da «honra e integridade da Pátria», desta feita sobre uma professora de música que decidiu posar nua para a revista Playboy.
O director do Agrupamento de Escolas da Torre de Dona Chama, clarinho como a água de tanta ribeira poluída deste País, nos afiançou: "Aparecer numa revista sem roupa não é compatível com a função de professora e de educadora". E daí a anunciar a rescisão do respectivo contrato foi um ápice.
E logo sequenciado por pudibunda e pressurosa vereadora que de pronto retirou a senhora da escola e catrafiou-a num arquivo, a bem da moral e dos bons costumes, quiçá ao abrigo dos olhares concupiscentes, protegendo-a a ela da gula dos concidadãos e aos concidadãos do pecado da gula (para além de outros menores, claro). Fica-me, confesso, a inveja dos bichinhos-de-prata, useiros e vezeiros nestas coisas dos livros e papéis velhos e que poderão desfrutar à vontade de quanto ao comum cidadão foi sonegado…
(Se gostou do que leu até aqui, veja, por favor, o restante em
FREEZONE)
*
Acabei de receber esta na minha caixa de correio e - que querem? - achei-lhe graça:
Quinta-feira, 13 Maio de 2010:
- A RTP 1 transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
- A SIC transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
- A TVI transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
- A RTP África transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
- A TSF transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
- A Rádio Renascença transmitia em directo as cerimónias de Fátima.
Tive medo de ligar a torradeira...
maio 13, 2010
vou ao ContemFesta, no Porto
- 'bora, ir!
Vejam o programa todo
aqui
maio 11, 2010
a crise acabou...
- meu novo artigo na FreeZone
As recentes provas de aferição de Matemática para o 4º ano de escolaridade chegaram-me por via do relatório mais ou menos circunstanciado que um sobrinho meu, nessa primavera da Vida, me fez.
Confessou-me o promissor e alegre cidadão que ainda não decorrera metade do tempo previsto para a conclusão da mesma, ele e com ele os demais colegas de sala tinham já a prova concluída, com a relativa certeza de muito bom sucesso no evento.
Parece que o maior escolho na referida prova era uma operação elementar de subtracção, onde nem haveria lugar a decimais ou outros que tais para não se desviar a atenção da geração vindoura do cerne da problemática e da conjuntura...
- Se esta amostra lhe suscita curiosidade, leia, por favor, o restante artigo aqui:
*
E, sim, não estou nada de acordo com as tolerâncias de ponto à conta da visita papal. Cristão digno desse nome e trabalhador por conta de outrém houvera de ter espírito de sacrifício bastante para abrir mão de um diazito de férias - que foi também para isso que eles foram feitos: para usufruir para aquilo que nos apeteça e isso não se esgota nas idas à praia!
Mas não. Ameaçam lixar-nos o 13º mês, à conta da crise. Mas as despesas sumptuárias e a paragem da nação - laica, republicana e tal... - está aí para os aproveitadores, com o beneplácito de Sócrates.
Bem aventurados os hipócritas... pois parece que também para eles há um lugar guardado nos céus.
maio 09, 2010
novos poemas de Manuel Filipe
Há cerca de 5 anos, através da actividade nos blogs, tive oportunidade de travar conhecimento, que se desenrolou em amizade, com Manuel Filipe. Amizade profíqua, que se traduz em encontros, sem regularidade mas com constância, onde cultivámos artes de proximidade e de afectos, não descurando a poesia, bem como os comentários sobre o mundo que nos envolve... enfim, pondo, como sói dizer-se, a matéria em dia.
Com as nossas companheiras, preferencialmente em presença de um lauto repasto, em local tranquilo...
E vem isto ao caso de cultivarmos, também, a troca de galhardetes, habitualmente em volta das nossas produções - sempre que tal nos seja possível.
Foi assim que em Abril floriram mais dois volumes da sua produção poética, a que apenas alguns poucos afortunados acedem e que muito me apraz ser contado como um desses: Medusa e Eis Uma Casa.
Prego-lhe, depois, a partida de desvendar em hasta pública um pouco do seu espírito, em homenagem mais do que merecida, respigando um ou outro dos seus poemas e convosco os partilhando:
Já Foi Árvore
Ali, fustigada em seu balcão
já foi árvore arrancada a qualquer bosque,
mais tarde enterrada em chão de rochas,
e amorosamente colhida nessa praia
por um recolector de perfis abandonados,
porque ele bruscamente adivinhou
que um contorno virgem dera à costa
e no madeiro estropiado e convoluto
viu braços,
e seios,
e estranhas asas
que lhe nasceram, talvez, a navegar
e só não viu
- por estarem fatigados -
os seus olhos
que tinham abarcado terra e mar.
(in Medusa)
Casa Branca
O sol espelha longamente
o rosto ígneo
na branca fachada
que não quer acordar
do sono displicente.
Rompe agora
um silvo duro e insistente
mas na gare despojada
não assoma ninguém...
E o comboio
nem por água
se detém.
(in Eis Uma Casa)
maio 05, 2010
fotografando o dia (144)
há ali
qualquer coisa de Dali
se bem o vejo daqui
há um céu
e um rebéubeu
tanto quanto vejo eu
a força que dá a terra
que naquele corpo se encerra
e a Vida toda descerra...
- fotografia e poema de Jorge Castro
maio 02, 2010
ventos de Maio
vou de porta em porta em Maio
buscando o florir das flores
vou e percebo um desmaio
qual arco-íris sem cores
nos passos do meu caminho
sinto a moleza do dia
como se o tonel de vinho
vertesse só água fria
perde-se a gotas o gosto
que o saber da vida empresta
perde-se o vinho e o mosto
é tudo quanto nos resta
e na modorra parada
da jornada que em mim corra
quando ficar já sem nada
fica da vida a masmorra
há que mudar de querena
se o vento vier usai-o
que há-de valer sempre a pena
singrar em ventos de Maio
- quadras de Jorge Castro
maio 01, 2010
visitas papais, pontes a mais e outras coisas anormais
na FreeZone
É entrar, senhorias, a ver o que lá escrevo... na
o meu mais recente artigo:
Entre visitas papais, pontes a mais e outras coisas anormais...
Pelo meio de todas estas virtualidades pouco ou nada virtuosas, onde nos fica a problemática da couve portuguesa? Sim, isso mesmo, aquela que nos enriquece o cozido.
É que à força de ouvir tantos gurus do mercado a venderem a nova (?) banha-da-cobra, sem açúcar nem afecto, desestabilizando-nos o dia com o tormento da catástrofe de bancarrotas anunciadas dia-sim, dia-não, dou por mim sem saber se o nosso querido cozido à portuguesa há-de levar a bela couvinha ou, pelo contrário, face à crise não será de o fazer acompanhar, por monomania dos tais imperativos de mercado, com o movimento bolsista, ou com um novo diktat de uma qualquer agência especializada em rating…
... O restante
por lá fica, se vocências quiserem dar-se ao trabalho de me honrar com a vossa leitura.
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