julho 30, 2010
a António Feio
«Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam
e não deixem nada por dizer,
nada por fazer.»
- António Feio, na apresentação do filme Contraluz, de Fernando Fragata.
Um sorriso, sempre. Desassombrado, talvez. Sarcástico quanto baste, que as circunstâncias do País assim o justificam e dele carecem. Esperançoso, que ela, a esperança, é imorredoira e transmissível. Haja sempre, então, alguém que a empunhe.
Um exemplo de coragem? Prefiro ver nele um hino à Vida, daquela respirada em grandes haustos, de peito aberto às alvoradas.
Em sublinhado meu de uma vida inteira plena de realizações, quero destacar a magnífica parceria com o seu amigo José Pedro Gomes. Têmo-los muito junto a nós, redundantemente mais fortes do que a fraqueza, mas incomensuravelmente mais sublimes porque o seu voo é rasante ao chão da Vida, misturando-se e confundindo-se com ela, redescobrindo, em cada segundo, a dimensão do riso e da alegria de viver... Por aquilo que nos deram, não haverá modo airoso de lhes pagar o quanto fizeram por nós.
Tínhamos, também, com o António Feio, projecto pendente. Há uma sessão de Poesia da Treta, que não pudemos realizar, ainda que já assente... A melhor homenagem que lhe poderemos, então, fazer será concretizá-la.
E nela o António Feio estará, obviamente, uma vez mais e sempre presente.
Em 10 de Julho de 2010, uma das suas incontáveis manifestações em favor da Vida sugeriu-me este poema, que lhe entrego:
que venha um Sol
muito ao rés da madrugada
que traga o vigor à flor
e um brilho ao gume do nada
que somos nós
tudo sendo
estrela
vento
e estrada...
Até sempre, Toni!
julho 28, 2010
fotografando o dia (150)
estamos todos juntinhos
pendurados no estendal
as cores várias são caminhos
de se estar nem bem nem mal
a parede é velha e gasta
antiga como a janela
à frente um prédio lhe basta
para o céu não dar com ela
e bastava um gesto breve
um olhar de outra atenção
mexer-lhe muito ao de leve
dar-lhe outra inclinação...
- fotografia e quadras de Jorge Castro
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julho 27, 2010
fotografando o dia (149)
gosto de ver trabalhar
- olha, aquele
para ali a dar a dar...!
se nos vir ele há-de ter
vontade
de se sentar
a ver também trabalhar...
- fotografia e poema de Jorge Castro
Fotografia obtida na exposição «POVO», no Museu da Electricidade - EDP
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julho 25, 2010
fotografando o dia (148)
pare
escute
e olhe
que o desinteresse não colhe
modo melhor de se olhar
seja poeta
profeta
seja lente
seja asceta
e nunca deixe de olhar
melhor que se comprometa
sabendo certa essa meta
que o mar é de ir e voltar
- fotografia e poema de Jorge Castro
Fotografia obtida no interior do Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, na visita guiada por Joaquim Boiça e promovida pela Associação Espaço e Memória
Etiquetas: Fotografando o dia
julho 22, 2010
apenas alguns poemas de cordel...
Nascido na passada sexta-feira, dia 16 de Julho, o número 72 da colecção Literatralha Nobelizável, sob a égide da editora Apenas Livros, Apenas Alguns Poemas de Cordel é a minha colectânea, concluída em 25 de Abril de 2010, de 52 poemas suscitados por participações em eventos diversos, adaptados às temáticas propostas sessão a sessão.
Como respigo do seu prefácio, poemas ao alcance da mão. Fruto da persistente árvore que resiste a tempos de incalculável secura. Dessa seca atroz que cria desertos, mesmo sob bátegas de chuva intensa e prolongada, pela erosão constante dos afectos. Seca a que nos vamos habituando de mais, em cada dia, sob os argumentos do ter de ser, dos muros erguidos ou tão-só dos horizontes roubados.
Poemas ditos, que nenhum deles se ficou pelo recôndito das gavetas, antes preferiu o ar e o céu aberto para ajudar a sentir-se a tal arma carregada de futuro do Gabriel Celaya. Poemas, também, de comer à boca cheia, sem modos constrangidos ou medos de vilipêndios.
Eles aí estão, uma outra vez com o meu reconhecimento pela presença e constância de Fernanda Frazão, da Apenas Livros, no apoio sem peias a tais projectos.
e por cá vamos
de sonho em riste e de alma temperada
o teu tempo é o meu
a mesma estrada
felizmente o horizonte!
ninguém dirá que além dele não há mais nada
NOTA - o preço de capa é € 4,90. Se algum dos cerca de 300 leitores de poesia portugueses estiver interessado, poderá contactar-me através de
jc.orca@gmail.com.
julho 18, 2010
noites com poemas
-os poetas da Apenas e alguns amigos (II)
Assumo o risco de me repetir: um espaço como este terá sempre a riqueza que lhe é trazida por quantos nele participam.
Espaço aberto, lúdico, de empenhamentos vários e diversificados, de que esta sessão foi notável exemplo...
A Apenas Livros lá estava, presente e interessada, apoiando a iniciativa, cumprindo um papel social que transcenderá o de mera editora e, seguramente, nos antípodas da busca do lucro fácil ou imediato.
João Bernardino, também, a transformar o aparente fardo de um instrumento que se agiganta perante a sua ligeira figura numa nuvem sem peso, a transportar-nos aos mundos a que a Música nos faz aceder.
A Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha, com representantes vários, trouxe-nos o alerta para o desleixo pantanoso em que sencontra a Cultura, no âmbito nacional e na vertente de mola impulsionadora e, a um tempo, reflexo vivo de um povo.
Na imagem abaixo, Palmira e Carlos Gaspar lembram-nos, a este propósito, José Afonso...
António Ferreira e Manuela Marques, também da Comunidade de Leitores, exibem-nos, através de exercícios coregrafados de Yôga, outro sentir e viver um poema de Sophia, pela voz de Kátia Guerreiro.
Os Jograis do Canto Sénior, das Caldas da Rainha, mostram-nos a comunhão de um poema, ombro com ombro, a dar outras vozes ao mundo e à vida, aos quais João Bernardino deu sequência com a música que pode ser a antecâmara ou o próprio ninho de um poema...
Na segunda parte da sessão, se assim podemos chamar-lhe, e depois de se ter dado o espaço devido aos convidados, a Apenas Livros avançou com a apresentação de dois novos trabalhos editados propositadamente para esta sessão:
- de João Pereira de Matos, Ciência Vaga ou Tratado da Consabida Evidência, com prefácio e apresentação de Nuno Filipe Ribeiro;
- de Jorge Castro, Apenas Alguns Poemas de Cordel..., com prefácio e apresentação do próprio.
Ensaiou-se o improviso, unindo música e palavra, num consórcio que se revelou fecundo...
Por fim, mas sempre no início de algo, os «amigos de casa», a darem corpo e forma e modo e lugar, a emprestarem alma a este espaço, feito dia a dia, acaso a acaso, gerando a noção clara de que não vale a pena desistir e mesmo o muito pouco faz sentido, por não sabermos o quão longe levará todos e cada um...
E cantámos todos. E cantaremos. E o que somos hoje já transporta em si o que conseguimos ontem concretizar. E assim me parece fazer algum sentido juntar a minha à tua voz.
Se enganos houver, não importa, pois o que interessa é estar aqui e agora e seguir caminho, passada após passada, acrescentando caminho à caminhada.
julho 13, 2010
noites com poemas
-os poetas da Apenas e alguns amigos
16 de Julho (sexta-feira), pelas 21h30,
na Biblioteca Municipal de Cascais,
em São Domindos de Rana (Bairro Massapés, Tires)
55ª sessão, graças a vós e a nós! De programação ambiciosa, desta feita, para além da homenagem à editora Apenas Livros, pois contaremos, também, com a participação de um substantivo grupo de pessoas das Caldas da Rainha que ajudarão a dar corpo ao evento. Cá fica, então, a programação prevista (sendo que a ordem dos factores, não sendo arbitrária, terá diverso alinhamento):
- Apresentação de um livro de poemas, de minha autoria e edição da Apenas Livros: Apenas Alguns Poemas de Cordel, composto por poemas criados para muitas das sessões aqui realizadas;
- Em acordeão de concerto: João Ricardo Ferreira Bernardino;
- Grupo Dança Yôga (coreografia de um poema): António José Fróis Rafael Ferreira e Maria Manuela Marques Soares;
- Jograis do Canto Sénior das Caldas da Rainha: António Eduardo Silva Moreira, António Júlio Santos Pereira, Berta Santos Pinto Moniz Barreto, José Martinho Rodrigues Correia, Maria Manuela Jesus Monteiro, Maria Manuela T. A. Veríssimo Afonso, Maria Natália Leonardo Nunes, Maria Salomé Nascimento Alferes, Mário Alberto Veríssimo Afonso e Mário Bernardo Reis Capinha;
- Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha: representada por
Palmira da Silva Marques Ferreira Gaspar e
Carlos Alberto Ferreira Gaspar;
- Alguns amigos de casa dirão poemas de sua justiça:
Carlos Peres Feio
David José Silva
Estefânia Estevens
Francisco José Lampreia
João Baptista Coelho
Edite Gil
Francisco Félix Machado
Maria Francília Pinheiro
Haverá, como sempre, tempo ainda para participações várias e desvairadas, matriz costumeira destes encontros, para quantos tragam um poema para partilhar. E cada um é benvindo e a sua presença enriquecerá um espaço que se fez nosso - de todos quantos nele querem participar.
julho 10, 2010
um País de azulejos portageiros...
- artigo publicado na Freezone
A partir de 1 de Julho de 2010 os nossos excelsos governantes puseram-nos a todos a pagar mais de IVA e a receber menos por força de maior desconto no IRS. Contra tudo, contra todos e contra todos as lógicas que elementar bom senso ditaria.
Os nossos governantes são assim: quando não sabem muito bem o que hão-de fazer perante algum buraco nos cofres do estado, fazem qualquer coisinha expedita para colmatar tais abismos. E essa coisinha, invariavelmente, incide sobre os mesmos, uma espécie de bestas de carga que, neste País, lhes abonam os desmandos e que sói denominar-se, pelos gurus da Economia e outros expertos, como classe média.
Fórmula abrangente, que vai do caixa de supermercado a recibo verde (embora licenciado, pós-graduado e mestrado), auferindo escassos trezentos euros mensais, a título precário e desonesto, até ao quadro topo de gama de grande empresa, cujo vencimento, fora outros aconchegos securitários, atira sempre para as dezenas de milhares (quando não centenas) de euros no mesmo espaço temporal…
julho 08, 2010
dois pintassilgos, apenas...
Estava eu, para ali, muito em-mim-mesmado, colhendo o solzinho de fim-de tarde temperado a brisa,
de ombro na ombreira na janela da sacada, eis senão quando um passarito palerma, com mais «canudos» do que plumas, se desmorona da minha pequena árvore das ameixas e vem aterrar-me aos pés.
Interessa apurar que vai para três anos que uma forquilha jeitosa daquela árvore tem servido para edificações de ninhos vários.
Ofegâncias de primeiro voo, sustos do salto da minha gata, que nem reparou que tinha - felizmente - um vidro entre si e o desemplumado e logo ali deu livre curso aos seus primários instintos, com tanta ânsia que desapercebeu o obstáculo transparente.
Dei por ele pintassilguito, que isto de meninices no campo me trouxe destas acutilâncias de saberes.
Uma leve, muito leve folha de jornal serviu, sem agitações desnecessárias e espaventosas, para lhe impedir fugas desordenadas, porventura ou por desventura para sítios de maiores e mais reais perigos.
Agachado, tacteei por baixo das notícias e dos anúncios, até dar com o corpito piador e aflito, a fim de o repor na árvore de onde a ansiedade de voar e alguma rajada de vento o fizeram cair, que ali nem havia ainda matéria-prima para voos. Só vontade.
E, de súbito, o piar aflito, a angústia esvoaçante de duas pequenezas aladas, volteando sobre mim, roçando-me o corpo. Eles, os pais pintassilgos, sempre tão tímidos e discretos, tão ciosos do petiz que, na presunção de malvadez daquele gigantone que eu era, me cercaram com o ataque impossível que lhes salvasse a descendência.
Já tinha ouvido falar. Já assisti, pessoalmente, ao envenenamento dos filhos encarcerados por parte dos pais esvoaçantes e aflitos. Mas nunca chegara a assistir a tais ímpetos de valentia, de peito feito à luta ainda que sem credível esperança de sucesso e tão avessa à sua suposta natureza arisca e fugidia.
Até agora, quedo-me estupefacto e reflexivo...
O aprendiz aventureiro:
- A excelente progenitura, em cobertura aérea:
julho 04, 2010
IX festival internacional de papagaios
de Alcochete
A cor espraiada na paisagem. O irreal, o imaginário, a fantasia a criarem espaços na nossa mente, povoando-a de novos seres e novos enlaces que ajudam a dar livre curso à imaginação...
Há medos que se transmutam; receios de fantasmagorias que se revelam aos nossos olhos com a cor dos sonhos e assumem o espírito do jogo do faz-de-conta ...
... e o nosso imaginário voa mais alto, com o céu e o mundo povoados pelo impensável.
O próprio D. Quixote teria confirmado serem reais os seus «gigantes» inventados nos moinhos e outro crédito, porventura, se daria aos devaneios quixotescos.
São colocadas outras estrelas nos céus e outros seres na terra contra o cinzento dos dias...
... e tudo ali, ao alcance da mão, aproximando adultos e crianças que dão livre curso à vontade de soltar o sorriso e o riso, em busca do espaço que é seu, de direito e por natureza.
A envolvente da praia fluvial de Alcochete dá o seu precioso contributo à magia do momento...
... e quando a noite cai e a festa avança por ela dentro, já não há medos no ar, mas apenas a vertigem do encantamento e do fantástico, a estimular criatividades e desafios.
Fernando Curado Matos, apaixonado pela fotografia, lançou, também, para ajudar à festa, o seu especial «papagaio»: um livro onde nos retrata a sinfonia de cor, movimento e o renascer da meninice em cada um de nós, Papagaios pelos Ares (edição de autor).
Lisboa, no horizonte, povoada das cores belíssimas de pôr-do-sol que daquela praia se podem desfrutar, talvez não saiba o que está a perder por desconhecer o que se vai passando mesmo à sua frente. E é pena...
... mas essa pena - por muita pena que tenhamos - ficará com ela. Por nós, demos por bem empregue o nosso tempo, que nos levou ao outro tempo em que sabíamos mais de nós. O tempo de brincar, de rir, de sonhar o possível e de viver o impossível.
- Fotografias de Jorge Castro
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