março 31, 2010
Quino - uma perspectiva crítica sempre actual
Mão amiga fez-me chegar os cartoons abaixo, que partilho convosco. Sempre apreciei Quino por aquilo que eu chamaria a sua crítica social corrosiva soft.
Tive, até, o grato prazer de ter sido apelidado de Mafaldinha quando a minha postura gerava incomodidade junto de posturas acomodadas... Enfim, não virá isso ao caso. Mas quantos pais queixosos dos descaminhos da sua gentil prole não se reverão nos cartoons que se seguem?
Já sabemos que a responsabilidade, bem como o exemplo, vêm de cima. Mas... e o que fazemos nós, os de cá de baixo?
março 28, 2010
exposição colectiva de pintura
dos amigos de Carlos Peres Feio
Iniciativa com um colar de afectos em redor, na Sociedade Recreativa Musical de Carcavelos, hoje, pelas 17 horas, 20 amigos 20 do Carlos Peres Feio afoitam-se numa exposição colectiva, onde haverá, também, comes e bebes e música e poemas. Lá estarei!
E aqui fica um desvario, a propósito:
eu pinto
e pinto
e pintando
eu lanço na tela o que há de melhor em mim
e a tela
sempre ela
estrebucha
barafusta
e não quer que eu pinte assim
ah
no calor da refrega
em que eu brado
e ela estrafega
e o quadro não é pintado
no desespero de vê-la
tão assim fora de si
como eu estou fora de mim
vou-me a ela desvairado
e não pinto mais assim
… mas pinto assado!
março 27, 2010
novo artigo na Free Zone
FREE ZONE INFORMAÇÃO ALTERNATIVA - Opinião
Escrito por Jorge Castro - Sexta, 26 Março 2010 01:05
Ó entrevistadores da minha terra…
… agora é que eu não percebi! Porque cargas de água e de trabalhos é que, sempre que uma greve qualquer tem lugar, desatais invariável e monotonamente a entrevistar os supostos «lesados» com a greve, questionando-os sobre a dimensão dos seus encargos e transtornos?...
FREE ZONE -
http://www.freezone.pt/
março 25, 2010
quotidiano delirante (6)
- Assim, em forma de versalhada, riso pífio pela lógica que faz desperdiçar uma geração à rasca em trabalhos de vencimentos rascas, que os excelsos governantes - que nós elegemos, sim! - promovem, acarinham e acalentam...
sempre espantou o saber de alguns fecundos senhores
uns que se chamam doutores outros o que Deus quiser
mas que são maiores que o Mundo
outros que a Vida maiores e cultivam tais valores
são donos de tais saberes
que eu de pasmo me inundo
que eu de pasmo arregalo o meu olhar vagabundo
por esse saber maior
por esse saber profundo
que me leva em doce embalo até à Ursa Menor
assim sim vestido de urso já darei de mim melhor
por trazer vestido um curso com fitas de muita cor
curso fino com ciência
e dos pais a paciência p’ra fazer filho doutor
mas o destino aziago ou quiçá a conjuntura
recusou-me doce afago de perseguir tal ventura
e estou p’ràqui desolado de saber feito e candura
a dar troco a quanto pago numa infeliz urdidura
se faz num supermercado.
março 22, 2010
A Senhora de Ofiúsa
- resumo de uma apresentação animada
Quem é o primordial agente do processo histórico: a individualidade ou a comunidade?
Este foi o centro das alocuções que a apresentação do livro de Gabriela Morais, A Senhora de Ofiúsa, suscitou.
Antiga disputa entre estudiosos e homens da ciência, mas também por assunção de postura filosófica e política, aos participantes nesta apresentação coube optar claramente pela comunidade como elemento criador desse processo, contra a orientação estreita e errónea, na opinião destes mesmos participantes, que aponta para a individualidade - mais ou menos inspirada e/ou salvadora - como eixo sobre o qual vai girando toda a Humanidade.
E muito longe nos leva esta urgente mudança radical de paradigma, pelo engrandecimento e notoriedade que essa nova abordagem confere o cidadão comum, integrado na sua comunidade - ou na sua circunstância, como motor e fautor da História do Homem ou do seu processo histórico.
A tanto nos conduz, também, A Senhora de Ofiúsa, percorrendo cerca de 30.000 anos da nossa História, estabelecendo um nexo lógico através daquilo que já se denomina por merecido reconhecimento, na comunidade científica internacional, o Paradigma da Continuidade Paleolítica, abordagem inovadora e desafiante sobre os caminhos da História da Europa... que, como é infeliz hábito, parece que apenas em Portugal não colhe eco.
Valham-nos as (pouquíssimas, ainda que ingentes) Gabrielas Morais e Fernandas Frazões que empunham este estandarte, contra ventos de acomodações e marés de ignorância.
A Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha - com realce para Palmira Gaspar e Carlos Gaspar -, bem como a Biblioteca Municipal, na pessoa da Dra. Aida Reis, acolheram, em boa hora e com alargada visão de futuro, no passado dia 20 de Março, a apresentação e divulgação desta obra polémica, ainda que encantatória, e que tive, com o Pedro Laranjeira, a maior honra em secundar.
Destaque ainda para as participações do jovem acordeonista João Bernardino, do Conservatório das Caldas da Rainha, e dos Jograis do Canto Sénior, cujas participações, pela música e pela poesia, trouxeram mais riqueza, ainda, a uma sessão bem animada.
Gabriela Morais
Jorge Castro Fernanda Frazão
Pedro Laranjeira
João BernardinoJograis do Canto Sénior
- Fotografias de Lídia Castro
março 21, 2010
as Noites e a Ti Miséria
Um evento miseravelmente rico foi o que tivemos na mais recente sessão das Noites com Poemas...
... com a sala bem preenchida, sem lugares sentados disponíveis...
... e com o conforto de mutas amizades pesentes...
Da alocução e apresentação iniciais, a cargo de quem tem a função de dinamizar...
... passou-se a palavra para Carlos Augusto Ribeiro, ilustrador do projecto e que nos contou como decorreu a sua génese...
De seguida, Joaninha Duarte mostrou, bem ao vivo e a cores, como sói dizer-se, como se conta um conto, acrescentando-lhe um ponto e coreografias várias...
Ignacio Vilariño, o «parteiro» do projecto, não deixando créditos por mãos alheias na arte de fazer reviver um conto...
A audiênca participativa, colaborante, interessada e bem humorada.
... não lhe faltando motivos para que tal fosse estimulado...
Depois, as vozes que já são da casa, mas que trazem sempre outro maior conforto...
... e alegria, de cada vez que marcam presença.
E se o enlevo é o esperado, para quem vem de novo, a surpresa é sempre grande.
Depois, também como matriz destes encontros, o apelo às participações de quantos se afoitam a trazer-nos as palavras que enchem a alma e podem dar outro sentido à vida...
... o que, obviamente, a todos gratifica.
Contámos com participações várias...
... de gente nova, que ali está por vontade própria, no ensaio, ousado ou tímido, de novas artes da vida...
... o que não pode deixar de ser sublinhado e nos proporciona, a par de responsabilidades acrescidas, um gozo enorme...
... pela consciência de estarmos a contribuir para as tais pontes com que o futuro se constrói...
... no tempo presente, também pelos caminhos da poesia - com recursos tecnológicos que nem são avessos à modernidade, pois cada um deve escolher os seus caminhos.
E chega ao ponto de um professor assumir o mérito de também acolher lições dos seus alunos, numa partilha que é criativa e inspiradora.
No círculo do eterno retorno, assistentes e convidados vão-se revezando na partilha de palavras e experiências, «segredo» desvendado da afluência a estes nossos encontros...
... onde a diversidade campeia e se assume não como factor de divergência...
... mas de mútuo enriquecimento.
Sem idade, pois que cada um traz de si o que a vida, mais ou menos extensa, mais ou menos intensa a sua vivência, o impele a partilhar, integrando e integrando-se na comunidade...
... e sedimentando outras lógicas relacionais que nos andam arredias, mas que é cada vez mais urgente restabelecer.
E, assim, a resultante necessária, o corolário evidente: talvez não a felicidade, mas a oportunidade imperdível de se criar um momento feliz.
A
Ti Miséria, com quadras minhas e ilustrações do Carlos Augusto Ribeiro, o livro-folheto, desdobrável, comunhão de vontades e de saberes, exemplo palpável do que ficou dito e que o IELT - Instituto e Estudos de Literatura Tradicional apadrinhou, desapareceu num ápice...
- Fotografias de Lídia Castro e Lourdes Cameiro.
março 18, 2010
A Senhora de Ofiúsa, de Gabriela Morais
dia 20, pelas 15 horas, nas Caldas da Rainha
CONVITE - Amanhã, dia 20, no Auditório da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha, respigando do programa:Para Maria Teresa Meireles, professora e investigadora em Literatura Oral, "A Senhora de Ofiúsa é uma estória da História, uma forma inteligente, imaginativa e encantatória de viajar pelo tempo no espaço português, dando a conhecer o que as mais recentes investigações ensinam sobre as nossas invulgares e curiosas Raízes Culturais”.
A historiadora e investigadora Dra. Gabriela Morais, já em 2009, esteve na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha, aquando do lançamento do último livro do Poeta Jorge Castro, durante o qual fez uma curta e emocionante exposição sobre os nossos antepassados de há 30.000 anos. Contar-se-á, também, com a presença da Dra. Fernanda Frazão, em representação da editora Apenas Livros.
Na primeira parte do programa, participarão os poetas Jorge Castro e Pedro Laranjeira, já bem conhecidos no Oeste, que desde o início manifestaram a sua vontade de estar presentes.
Participam, ainda, os Jograis do Canto Sénior e João Bernardino, aluno do Conservatório de Caldas da Rainha. Quanto aos Jograis do Canto Sénior, dirigidos pelo Prof. José Correia, têm, actualmente, nove membros e desde 2007, ano da sua criação, têm participado frequentemente, em eventos culturais da Região, sendo esta, a sua 20.ª exibição pública. No que diz respeito ao Conservatório de Caldas da Rainha (CCR), é uma escola de ensino especializado da música, muito prestigiada na Região, cujo mérito e qualidade de trabalho desenvolvido, foram reconhecidos pelo Ministério da Educação, tendo-lhe sido atribuída autonomia pedagógica. Tem actualmente cerca de 50 Professores e 400 alunos. João Bernardino, um jovem acordeonista, natural das Caldas da Rainha, com 17 anos de idade, dotado de fino talento e invulgar musicalidade, vai interpretar peças de música clássica.
Com um programa tão aliciante e entrada livre, a Direcção da Biblioteca Municipal e a Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha, têm o maior prazer em convidar todas as pessoas da Região para o dia 20 de Março às 15 horas, no Auditório da Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha.
ao Jorge Serra, amigo só porque sim
e sempre
de um amigo que deu
na vida toda
as razões
de ser a vida vivida
nunca perece
nem morre
o ter connosco existido
não há palavras que valham
quando um amigo nos deixa
só memórias
muito vivas
e sem delas termos queixa
quando as palavras nos falham
e a palavra é tão pobre
quando o amigo é sentido
que algum abraço descobre
no abraço a outro amigo
o quanto dele nos recobre
o quanto dele é abrigo
e ao sabermos que iremos
lá de onde nós viemos
em retorno eterno e vivo
é hoje e aqui que o sabemos
por haver sempre um motivo
de um pouco dele estar contigo
e outro tanto comigo.
março 15, 2010
noites com poemas
- Ti Miséria e os contos tradicionais
Quem conta um conto acrescenta um ponto... E se for de cruz, tanto melhor. E de truz? Melhor ainda!
Na próxima sessão das Noites Com Poemas, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, no próximo dia 18 de Março, pelas 21h30, com o lançamento do livro desdobrável - Ti Miséria -, com quadras minhas e belos desenhos de Carlos Augusto Ribeiro, com a Ana Paula Guimarães e o seu perene combate pela fusão da tradição com a modernidade, preparando o futuro, com pernas para andar, com a Joaninha, contando e encantando histórias, e Ignacio Vilariño, vindo da Galiza, com os seus bonecos e a graça de viver... além de todos vós, claro!
Por sobre nós pairará o apoio do IELT - Instituto de Estudos de Literatura Tradicional - tangível, tecendo a urdidura de que somos feitos, não desbaratando as palavras ao acaso, nem por mãos alheias.
Da massa de que somos feitos emerge como que um saber atávico, que nos dá corpo e forma e - quem sabe? - também modo de ser e de estar, através de um conjunto espiralado de contos, lendas, provérbios, cânticos, que se afeiçoam aos tempos feitos de mudança e ganham novos tons, desenhos, expressões, no eterno recomeço em que se desenvolve a Humanidade.
E, como sabeis, quando toca a falar-se de Humanidade, este trecho do mundo, virado ao Atlântico, tem, ancestralmente, muito para dizer e contar!
Lá estaremos? Vens, também...?
março 14, 2010
soneto de pedras afeiçoado
- aos homens da História e, neles, aos Arqueólogos, na sua perene demanda de, pelas coisas, nos desvendarem os porquês de sermos quem somosuma pedra é o bastante num caminho
p’ra nos dar breve visão do que já fomos
uma pedra muito mais do que supomos
um saber nela talhado em torvelinho
e sabê-la ara sagrada onde algum vinho
ou o sangue derramado que propomos
a alguma divindade que não somos
nos liberte de algum medo do vizinho
uma pedra coisa pouca mas ingente
uma pedra que rebrilha no escuro
do passado que se faz no olhar presente
uma pedra que tiramos de algum muro
quando ousamos para ele olhar de frente
entrevendo nesse olhar outro futuro.
- soneto de Jorge Castro
março 11, 2010
«Cadáver esquisito» - desafio superado
Conforme se respiga da
Wikipédia:
Cadáver esquisito é um jogo colectivo surrealista inventado por volta de 1925 em França.
No início do século XX, o movimento surrealista francês inaugurou o método "cadavre exquis" (cadáver esquisito) que subvertia o discurso literário convencional. O cadáver esquisito tinha como propósito colocar na mesma frase palavras inusitadas e utiliza-se da seguinte estrutura frásica: artigo, substantivo, adjetivo e verbo. Outra curiosidade a respeito do método é que agrega mais de um autor. Cada um deles intervém da maneira que deseja, porém, dobrando o papel para que os demais colaboradores não tenham conhecimento do que foi escrito.
O título do jogo provém do primeiro dos cadáveres esquisitos conhecidos "O cadáver esquisito beberá / o vinho novo".
Eis o que resultou do desafio proposto, pela sugestão da imagem:
Meio sepultado nas ondas vivas, como um cadáver esquisito
eu, sobrevivente do naufráugio senti isto:
É uma arca, Noé?
Cadáver esquisito
de traineira derretida
pela vidraça torcida
choroso o fito
As folhas que se atolam na chuva
pescando dragões, a íris mergulha no mar da íbis, e ondina mito
"aqua-mater" ou "as águas de Março"
servem ?
Bote água nisso...
o mito desfaz-se – quanto do teu sal em água doce se esvai
Colaborações ((por ordem de chegada das mensagens):
- Francisco José Lampreia
- São Rosas
- Jaime Latino Ferreira
- Paula Raposo
- A Funda São
- Andréia Carvalho
- Manuel Filipe
- Jorge Castro
março 09, 2010
desafio - «cadáver esquisito»
A imagem abaixo, de minha autoria, foi obtida em Alcochete, há poucos dias atrás, e acreditem ou não é uma imagem «limpa», isto é, não foi submetida a qualquer efeito «photoshop» ou outro. A chuva no vidro do carro, apenas, serviu para crar o efeito.
Para se gerar aqui alguma interactividade - um dos pilares de sustentação, afinal, dos blogues - deixo-vos uma sugestão:
- remetam-me, para
jc.orca@gmail.com, uma pequena frase que a imagem vos suscite - coloquem, por favor, no assunto a expressão «cadáver esquisito»...
Juntá-las-ei todas, tentando criar um todo coerente (ou não...) que, de seguida, aqui mesmo publicarei, com os nomes ou pseudónimos que cada um queira utilizar.
Vamos lá ver o que sairá daqui...
março 08, 2010
dia intencional da Mulher
viva, Mulher, sê bem-vinda
companheira de folguedos
sem ti eu estaria ainda
a brincar com os penedos
não sei se tal como dizem
vieste ao mundo assim bela
por teres saído - avaliem
da minha excelsa costela
mas se foi – abençoado
osso meu em boa hora
por me dares com tanto agrado
tanto prazer vida fora
- quadras de Jorge Castro
março 06, 2010
quotidiano delirante (5)
O jornal Público cumpriu 20 anos. Parabéns a ele e a nós, pelo espaço de liberdade e pluralidade que ele representa.
Mas da leitura do seu número comemorativo, de 5 do corrente, para além de me ter entretido e cultivado com a diversidade de opiniões e imagens nele contidas, respigo dois apontamentos que, por razões diferenciadas, me titilaram ao pequeno-almoço:
1. Título de notícia: «Portugueses aceitam trabalhar mais por menos dinheiro» (pág. 8). Não sei que portugueses serão esses. Eu não sou um deles, de certeza. Mas de uma «sondagem» em que, para combater a presuntiva crise, se coloca como alternativas - entre outras de menor interesse - a) trabalhar mais tempo, b) reduzir salários, qualquer portuga, como qualquer cidadão do mundo tenderá a votar, lestamente, em a), sendo que a isso não se pode chamar alternativa.
Menos legítima será a conclusão - e como eu embirro com estas abrangências feitas a martelo - de que «os portugueses» etc., etc. Não! Apenas porque 28,5% dos poucos elementos abrangidos numa sondagem com questões condicionantes terá respondido afirmativamente a um quesito, isso não confere a ninguém a legitimidade de extrapolar uma abrangência que é, em meu entender, um insulto à inteligência de qualquer um.
Isto, para além de servir, objectivamente, para condicionar comportamentos ao leitor incauto, o que não será, seguramente, uma das nobres funções do jornalismo.
Cá fica à consideração de quem interesse.
2. Título de notícia: «Manuela Moura Guedes arrisca processos por difamação» (pág. 17) - Aqui a preocupação é outra. Vejamos: um cidadão é chamado a depor numa Comissão Parlamentar de Ética que se destina a apurar uma qualquer verdade no túnel de iniquidades em que o País está transformado.
Verdadeiras ou falsas, as suas declarações são matéria de análise e decorrente confrontação para a obtenção do tal apuro da verdade, por parte da Comissão Parlamentar.
Mas, entretanto, o ou os visados nas declarações - difundidas à tripa forra pelos meios de comunicação - vêm logo ameaçar com processos por difamação, exercendo, como me parece evidente, uma coacção directa sobre quantos mais venham a pronunciar-se sobre a mesma matéria em tal fórum.
Parecer-me-ia mais lógico, decente e democrático que esses visados exigissem, ao Parlamento, o exercício do contraditório. Mas não. Vai de lançar um pocesso judicial em cima, forma muito portuga de tramar a vida ao semelhante, face aos meandros processuais, despesas e tempo que irão implicar sobre o declarante.
Eu, se tivesse de lá ir falar, ou exigia audições à porta fechada ou uma extensão de imunidade parlamentar, caso contrário ficaria caladinho que nem rato...
Não será por estas e por outras que se fala do descrédito das instituições?
março 03, 2010
quotidiano delirante (4)
- a funda viola?
e, se sim, viola o quê?
Sou, muito honradamente, de há para cima de cinco anos, colaborador do blog
A Funda São, espaço de liberdade e brejeirice onde, por muito que possa causar estranheza a almas pudicas, invariavelmente deparei com uma belo número de compinchas, de cabeça arejada, que trocam uma boa gargalhada por mil amarguras da vida e cuja abordagem à «coisa sexual» não dá guarida a teias de aranha nem a preconceitos idiotas que, obstinadamente, insistem em permanecer na cabeça de muito boa gente.
Ora, a cada passo, assiste-se à pretensão censória da administração do Blogger, que julgará, com os seus botões e a sua incapacidade para encarar a Vida, que lhe compete vir, em carga de cavalaria - mais parecendo de asnos, embora - defender a moral e os bons costumes, cancelando o acesso a este blog.
Apesar dos cuidados de alerta para os conteúdos que SEMPRE se pré-apresentam a quem quiser nele entrar e apesar, também, de reiterados pedidos de desculpa e reposição da normalidade que invariavelmente nas vezes anteriores ocorreram, uma vez mais aquilo a que Junqueiro chamaria a récua fradesca acordou de algum sono mal dormido e - zás! - vá de lançar o seu pudico manto negro sobre as «desvergonhas» do mundo, consubstanciadas no blog A Funda São...
A sanha inquisitorial permanece no século XXI, é a triste conclusão óbvia. Alguém irá, agora, calcorrear Seca e Meca para que a tal normalidade seja reposta, outra vez com pedidos de desculpa.
Entretanto, pornograficamente, a guerra e a fome vão matando, impavidamente, em todo o mundo, por acção do Homem, sem que estes tristes censores lhes descubram razões mais interessantes e mais dignas para a sua sanha de salvar a Humanidade, impedindo ou contrariando essas poucas-vergonhas.
Perdoai-lhes, meu Deus, por saberem tão mal (?) o que andam a fazer!
Se não for coisa enquadrável na teoria da conspiração, então poderá ser só um caso agudo de estupidez incurável, ainda que institucionalizada. Preocupante...
Pequenas coisas, dirão alguns com assumido cinismo. Pois sim, daquelas pequenas coisas com que se favorecem grandes desgraças. E a liberdade de expressão, mesmo que da ínfima dimensão do átomo, ainda assim é coisa sem medida.
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