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mundo
Todas as coisas têm o seu mistério
e a poesia
é o mistério de todas as coisas

Federico García Lorca

Sendo este um BLOG DE MARÉS, a inconstância delas reflectirá a intranquilidade do mundo.
Ficar-nos-á este imperativo de respirar o ar em grandes golfadas.
abril 29, 2004

Maré florida

A propósito de um cravo lançado ao chão no Parlamento da Madeira.

COITO PITA PRATICAVA...

Coito Pita praticava
Postura de ditador
Lançando ao chão a flor
Que de Abril o incomodava

Praticava o Coito Pita
De ditador a postura
No Parlamento coitado
Pela razão aflita
De um outro deputado
Por gentileza ou loucura
Ter deixado a flor maldita
À sensível criatura

Pensaria com horror
Talvez o Pita coitado
Em razão angustiada
“- Mas o que dirá de mim
o presidente Jardim
se eu colher a flor
de um homem p’ra mim deixada?...”

Com suporte conivente
Dos pós de per-lim-pim-pim
Mamando da vaca asmática
Deste velho continente
Entre um Coito de má prática
E um Alberto Jardim
Fica-se a Madeira assim
Em palhaçada autocrática
Pim!...

E fechadas as torneiras
Das tetas que Abril abriu
À corja que se empanturra
Talvez voltem as maneiras
À tropa fandanga e vil
Que nos goza à tripa-forra
Na ilha primaveril...

- Jorge Castro
29 de Abril de 2004

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 11:06




Mar de linguagem desabrida (mas nem tanto...)

Ca ganda bósnia! foi uma imprecação soltada salvo erro pelo MEC, há já algum tempo, e que me caiu no goto... (Não sabem quem é o MEC? Sabem, claro. O Miguel das orelhas, esse todo...)

Vem isto a propósito de que um termo ou uma expressão, soltados a preceito, daqueles que enchem a boca e esvaziam a alma, redimem-nos com o mundo. E muitas vezes essa história do vernáculo é apenas coisa que anda pelo imaginário preconceituoso e borbulhento das nossas cabecitas. A verdade, porém, é que nem sempre é adequado ou próprio gritá-los na via pública, sob pena de sermos vítimas de amarguras diversas, sabe-se lá se desproporcionadas até relativamente ao desabafo.

Por isso e como a intenção é que conta, sugiro uma manobra de desvio das intenções, ainda que mantendo as atenções alerta, não esquecendo que o tom empregue será determinante para o efeito pretendido. Passo a exemplificar:

- Quando aquele 'empresário' sugeriu os 69 anos para idade para a reforma, poderíamos mimoseá-lo com qualquer coisa como isto: oh, pá, vai mas é apanhar nas berlengas!

- O tal deputado do PSD Madeira, que já de sua graça é Coito Pita, um coitado, portanto, e que para nossa desgraça não gosta de cravos, poderíamos recomendar-lhe: meu, precisavas era que alguém te fosse à orla marítima!

Como se vê, tudo inócuo, mas com algum potencial de desabafo e titilação do imaginário. O interlocutaor, por outro lado, apercebendo a imprecação pelo tom usado, ficará perplexo, pasmado, quiça atónito e, porventura, sem resposta...

Alguém tem mais sugestões?

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:14


abril 27, 2004

Terei visto e ouvido bem?

1. A ministra Celeste Cardona não cumprimentou ostensivamente a Isabel do Carmo, durante as cerimónias do 25 de Abril? Porquê? Não é ministra? O ministério onde ela está não abrange toda a população nacional? Não teve educação? Não precisa de uma nutricionista? Ou, simplesmente, não é Celeste? (Já o Paulo, apesar de ser Portas, lá invocou a Santa Indisposição...).

2. O deputado do PSD da Madeira lançou, também ostensivamente, ao chão o cravo que o deputado do PS da Madeira lhe deixara na tribuna? Porquê? Não é ele deputado por haver Abril? Também não teve educação? Ou teme que receber uma flor de outro homem o possa deixar mal visto junto do Alberto João?

3. A malta empresária, aflita com a crise (!?) propõe, entre 50 outras medidas para 'salvar o país', que a idade da reforma passe para os 69 anos? Porquê? Para o povo seguir o superior exemplo do velho Champalimaud, com esperança de vida até aos 150 anos, sem medicamentos nem baixas? Porque de repente ficaram todos parvos (e presumem que o resto da população também)? Ou apenas porque o número 69 faz parte do seu (deles) imaginário juvenil e os rapazes não passam de um grupo de reinadios?

4. O Valentim major mantém-se à frente dos destinos da Câmara de Gondomar, apesar de tudo, sublinhando que a meretíssima juíza apenas o suspendeu de DUAS actividades das 498 que ele exercia... e algum povo está com ele, de pedra e cal (não, não é no cemitério, que diabo!...). Entretanto, Durão Barroso tece um manto diáfano de fantasia sobre o 'filme'. Porquê? A mulher de César é séria? Interessa-lhe parecê-lo? Será ela, pelo contrário, uma galdéria? E quer que se saiba ou não? E se ela for galdéria, não se dará o caso daquele 'povo' ser frequentador do lupanar? E o manto do Durão até serve para dar mais exotismo à cena ou é para encobrir as 'vergonhas' e outras partes pudendas dos circunstantes?

5. O advogado Sá Fernandes (o mano do outro) - que deve ser doido varrido e encerado... e, por isso, daqui lhe tiro o meu chapéu - ganhou a primeira batalha judicial contra a 'esperteza santanal' das obras do túnel do Marquês. Mas as obras não páram. Porquê? O estado de direito já foi e vivemos em pleno estado de construção civil? Só há 'forças da desordem' no país? O Marquês estará implicado no caso Casa Pia? Os juízes ladram e o túnel passa? O cão do Saramago não uivará à Lua, numa noite destas?

Oh, senhor militar aí ao fundo! À falta de D. Sebastião, o próximo 25 de Abril ainda demora muito?

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:03


abril 26, 2004

Mar de guerra

Um lamentável retrato de família...


(a imagem é alegadamente composta pelas fotografias dos soldados americanos mortos no Iraque)

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:34


abril 25, 2004

25 DE ABRIL DE 2004


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 18:53




25 DE ABRIL DE 1974

Foi há trinta anos, lembras-te?


E a manhã abriu-se em Sol, como há tanto se esperava...



E estava tudo ali, afinal ao alcance das nossas mãos. Uma força que tantos não acreditavam.


Nunca te esqueças!


- Fotografias de Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 00:16


abril 24, 2004

25 DE ABRIL DE 1974

As saudades impossíveis

texto de José Mário Silva
Poeta e editor-adjunto do suplemento DNA do Diário de Notícias

in 30 ANOS DEPOIS - O 25 DE ABRIL

VISTO POR JOVENS CRIADORES
TEXTOS DE 25 CRIADORES E ARTISTAS

JORNAL DE LETRAS, ARTES E IDEIAS - Nº 875, de 14 a 27 de Abril de 2004

No dia 25 de Abril de 1974, eu năo ouvi, vinte minutos depois da meia-noite, a «Grândola» do Zeca Afonso na Rádio Renascença, o som das botas a marchar, aqueles versos libertadores («o povo é quem mais ordena/dentro de ti ó cidade), o sinal de que algo se iria romper na ordem cinzenta de um país sufocado, a certeza de que o fruto podre de um poder podre haveria finalmente de cair por terra. No dia 25 de Abril de 1974 , eu năo escutei o primeiro comunicado do MFA, lido pela voz de Joaquim Furtado na antena do Rádio Clube Portuguęs: "Aqui posto de comando das Forças Armadas". No dia 25 de Abril de 1974, eu năo vi os soldados da Escola Prática de Cavalaria de Santarém a ocuparem o Terreiro do Paço, nem a marcha das chaimites através das ruas da cidade, nem o cerco ao Quartel do Carmo, nem Salgueiro Maia, de megafone em punho apelando à rendiçăo de Marcello Caetano, nem o Presidente do Conselho a exigir a presença de um oficial de «patente năo inferior a coronel», nem a chegada do General Spínola (altivo como sempre, de monóculo e pingalim), nem a espera tensa da multidăo que ali se havia juntado, nem o silêncio que precede os grandes momentos da História, nem a bandeira branca da rendiçăo hasteada no quartel, nem a alegria irreprimível do povo já certo da vitória, nem a saída de mansinho da chaimite Bula (com Caetano e dois ministros lá dentro) enquanto o largo se enchia de um grito unânime: «Assassinos». No dia 25 de Abril de 1974, eu năo vi os verdadeiros assassinos escondidos atrás das janelas , na sede da PIDE, descarregando as armas sobre os manifestantes que enchiam a rua António Maria Cardoso, disparando a eito com a raiva da derrota, matando quatro pessoas e fazendo dezenas de feridos. No dia 25 de Abril de 1974, eu năo andei pelas avenidas de Lisboa, a saborear letra a letra, sílaba a sílaba a palavra Liberdade. Năo ofereci cigarros aos soldados, năo pedi um cravo para pôr na lapela, năo fotografei rostos eufóricos, năo fiquei rouco de cantar palavras de ordem, năo subi às estátuas para contemplar os rios de gente, năo guardei na memória, minuciosamente, cada segundo daquele que já era «o dia inicial, inteiro e limpo», cantado mais tarde pela Sophia.

No dia 25 de Abril de 1974 , eu năo escutei, nem vi, nem fiz nada disto por uma razăo muito simples: estava longe, em Paris. E tinha apenas, de idade, dois anos, um mês e 23 dias.

A minha memória do 25 de Abril, a memória da mais bela das revoluçőes, é por isso uma coisa construída pelas palavras dos outros, pelas imagens dos outros, pelo olhar de nostalgia dos outros. Eu năo fiz, eu năo vi, eu năo escutei. E tenho pena. É como se me tivessem roubado aquele dia de puro espanto. Aquele dia de que ainda hoje, quando desço a Avenida num ritual melancólico, sinto saudades.

José Mário Silva
Poeta e editor-adjunto do suplemento DNA do Diário de Notícias




Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:47




25 DE ABRIL DE 1974

Era uma vez um país
Onde entre o mar e a guerra
Vivia o mais infeliz
Dos povos à beira-terra


Ora passou-se porém
Que dentro de um povo escravo
Alguém que lhe queria bem
Um dia plantou um cravo


Era a semente da esperança
Feita de força e vontade
Era ainda uma criança
Mas já era a liberdade


Excertos de "As Portas Que Abril Abriu", de Ary dos Santos
- Fotografias de Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 08:40


abril 22, 2004

25 DE ABRIL DE 1974

E era um rio
Em Abril
Que fluía pelas ruas da cidade



Em dia de céu cinzento
Iluminado
Pelas cores da liberdade


Saltaram as palavras para a rua
As palavras que mordiam a mordaça

Em loucas revoadas de aventura
Mergulhando no fluir da populaça.


(Fotografias e extractos de poemas de Jorge Castro)


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:45


abril 21, 2004

25 DE ABRIL DE 1974

Alguém cantou as armas e os barões assinalados...
... E o povo saiu à rua num dia assim...



- Fotografias de Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 08:50


abril 20, 2004

25 DE ABRIL DE 1974

... E ia crescendo com a manhã a certeza da vitória.


- Fotografia de Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:08


abril 19, 2004

25 DE ABRIL DE 1974

Manhã de Abril. 1974. O dia, 25. Céu cinzento. Na baixa pombalina, as G-3 e quem as empunhava cumpriam a revolução. Houve tiros, tensões. Houve sangue derramado... Mas pouco, contido, ainda que o sangue nunca seja mensurável.
E houve um povo incrédulo, a princípio, mas logo vibrante, a descobrir dentro de si a esperança. A descobrir dentro de si a dignidade.


Fotografia de Jorge Castro

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:06


abril 18, 2004

JÁ É ABRIL

Com toda esta treta de que a esquerda já foi ou de que a direita já era, das evoluções das revoluções e outras circunstâncias mais ou menos piramidais a que a minha santa avozinha chamava vender gato por lebre, apeteceu-me, para este Abril, um novo poema - que aqui vos deixo - se calhar feito com palavras velhas e relhas, mas que florescem sempre que assim o quisermos, pois isto de um homem gostar de ser livre é coisa que pega de estaca.

A autoria - do poema e da imagem - é do meu amigo Jorge Castro.



ABRIL REVOLUÇÃO

Manhã fresca
Manhã força
Maré alta
Sobressalto de quimeras
E revoltas
É o sangue deste povo
Que se afoita
Que se atreve
A viver de novo a esperança

Alvorada que se faz
De vidas feita
Da coragem de gritar
Bem alto
NÃO!

Madrugada
De partir nessa viagem
De sentir
Sangue a correr
No coração

E vermelho
Só o sangue destes cravos
Que são armas
Empunhadas mão em mão
Pelas ruas
Da cidade libertada
Tais bandeiras
Sem mordaças ou barreiras
Como gritos
Como arados neste chão

Foi Abril como um rio
Foi um mar
De varrer esta canga da cerviz
De vergonha
De miséria
De silêncio
De viver quase sem vida
E sem razão
De espantar para além do horizonte
Tiranetes e caciques
E poltrões
Que sorviam na voragem mais impune
Deste povo o futuro
E as ilusões
Foi um Abril de martelos e bigornas
Um Abril de rompermos as cadeias
Que tolhiam de amargura
As nossas mãos

E foram estas as mãos com que abrimos
De liberdade esse mar
De par em par
E assim se fez Abril uma alvorada
Na manhã de nuvens densas
Dissipadas
E fomos nós
Só por nós
Que o fizemos
Que lançámos esta nau à descoberta
Do destino
Da esperança e da aventura
Velho madeiro
Por entre a tormenta incerta
De inventar um rumo novo
E um futuro

E está viva em nossas mãos esta loucura
A vertigem
De inventar em cada dia
A coragem
A alegria de viver
De fazer renascer o homem novo
Nestas mãos que são minhas
E são tuas
Nestas mãos de carícias
Duras mãos
Enraizadas no mundo
Como povo

E é este o Abril que nós cantamos
Este Abril feito de mar
Feito de pão
Que nos abriu à liberdade
Outro destino
De sonhar
De cantar
De sermos dignos
Este Abril que se faz do verbo amar
De querer sempre a vida por cumprir
De te saber sempre de mim meu irmão
Este Abril
Oh, meus amigos
Meus irmãos
Será sempre um ABRIL REVOLUÇÃO!

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 16:13


abril 15, 2004

ABRIL COM R, de Manuel Alegre

Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.


Manuel Alegre

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 07:46


abril 14, 2004

(M)ARÉ omissa - descubra as letras em falta...

EVOLUÇÃO de Abril?
ALHAÇADA da coligação?
ENDÊNCIA para o funil?
ALERMICE do Durão?

Publicidade EFICIENTE?
Deficiente OLÍTICA?
Pulhice ONSCIENTE?
Criatividade ARALÍTICA?

Hoje, tiram o R a Abril. Quem nos garante que não estão a pensar tirar - já amanhã ou, quem sabe, hoje mesmo - a cedilha ao "força, Portugal"?

Depois, esta gentinha queixa-se de não merecer a confiança do povo....

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 07:32


abril 12, 2004

Mau Mar

Como em tantas outras coisas não sou, felizmente, perito em fiscalidade. Por vezes duvido, até, da minha capacidade para o chamado "sentido comum"...

Vem isto a propósito do facto de uma cidadã que me é muito chegada, me ter mostrado, entre o abismado e o estado de pânico, a recente actualização da sua contribuição autárquica, coisa que a traz sem dormir há uma semana.

Viúva, sobrevivendo com uma pensão menos má para a mediania da terra, é proprietária de um andar com mais de 40 anos, onde habita. A sua contribuição autárquica, do ano passado para este, triplicou!

Actualização da avaliação da propriedade? E quem a fez? Aqueles mesmos que vão cobrar a contribuição? Ah, mas isto é tudo muito interessante, muito conveniente e atrozmente democrático...

E o que terão considerado para actualizar a avaliação? As ervas, qual matagal semi-intransponível, que pejam a calçada em redor do prédio, criando uma nova zona verde? O jardim fronteiro - e que é um espaço público - que os moradores do mesmo prédio tratam a expensas próprias e exclusivas sem que qualquer força autárquica lá tenha alguma vez metido o bedelho, nem para limpar a caca dos cães? Os buracos na calçada, alguns tão antigos quanto o prédio?...

Ainda bem que eu não percebo nada de fiscalidade!...

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:51




Maré positiva... (obrigado, Cristina)

Numa sessão de terapia de grupo perguntava-se a três participantes:

O QUE GOSTARIAM QUE DISSESSEM DE VOCÊS NO VOSSO FUNERAL?

1º disse:
- Que eu fui um grande médico e um óptimo pai de família.

O 2º disse:
- Que eu fui um homem maravilhoso, excelente pai de família e um professor de grande influência positiva no futuro das crianças.

E o 3º rematou:
- Gostaria que dissessem: "OLHA, O GAJO ESTÁ A MEXER-SE!!!"

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:15


abril 10, 2004

Portugal dos pequenitos

Um meu conhecido solicitou a actualização do seu Bilhete de Identidade em Oeiras.

Esse meu conhecido aguarda, há seis meses, pela entrega desse BI actualizado.

Após a enésima deslocação aos serviços que lhe deveriam facultar tão precioso documento, ao chamar a atenção para a demora e o transtorno, ouviu o seguinte comentário, esmagador:

"- Então, o senhor vive em Cascais, é de Lisboa e veio pedir o seu BI a Oeiras... de que é que está à espera?"

Pelo que aquele meu conhecido me comentou, parece que ele julgava habitar num país. Mas a verdade é que - como fica demonstrado - isso não está provado...

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 09:48


abril 09, 2004

A ver o mar

Tenho procurado, afanosamente, nos últimos dias, algo de bom e/ou belo para 'prantar' neste blog tão carregado de notícias de maus eventos.

E pronto! Descobri. Local: praia de Carcavelos. Geograficamente pertencente ao concelho de Cascais e politicamente integrada numa zona libertada. Libertada, sim! Aqui o poder está, mais do que em qualquer outra parte do mundo, nas mãos dos construtores civis. Há por aqui uma brisa pútrida, cimentada, anarca, para quem o poder central é mera figura de retórica (ou, então, vai-s'a ver, são todos primos...)
Admire-se a paisagem! O bloqueio ao horizonte! O entrave ao pôr-do-Sol!


Quem terá podido, em seu juízo perfeito, ter autorizado aquele mostrengo?

Quem terá podido, em seu juízo pleno, construi-lo?

Quem poderá, em sã consciência, usufrui-lo?

Cascais fede - e é da lixeira de Trajouce, a céu aberto, que se mantém pujante. E Cascais morre e, a cada dia que passa, são construídos mais caixões para o seu enterro, na paisagem.

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 19:03


abril 06, 2004

Mar com neblina

Porque andará tanta malta a ficar idiota?

Agora andam para aí a uivar à Lua para tentarem apurar qual a influência nefasta que o 'Ensaio Sobre A Lucidez', do Saramago, virá a ter nas próximas eleições para o Parlamento Europeu...

Oh, malta, aquilo é só um livro. Importante ou não, para cada um. E o próprio autor diz que é uma ficção. Lê-se para gostar ou não, muito ou pouco ou nada.

A lucidez - a tua e a minha - devem procurar-se na abordagem que fazemos à realidade que nos cerca. A ficção é (só) a ficção!...

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 23:25




Mar Português II - ... da lucidez

Outro texto longo, mas não tanto como o 'Equador', e muito legível, que o Pedro Laranjeira fez o favor de me remeter em resposta sequencial ao anterior.

Não percam... que quem perde serão vocês. Sou eu que vos aviso. E quem vos avisa... Ei-lo:


É óbvio que o nacional-derrotismo é característico de qualquer povo que se tenha habituado ao longo de muitos anos "a ver como vive a outra metade"... Torna-se difícil quebrar esta inércia, mas é imperativo perceber-se que é possível!

Em Portugal, é particularmente complicado, porque deixamos durante demasiado tempo que nos dissessem (leia- se "mentissem") o que era melhor para nós... No tempo da outra senhora era a censura, para nos proteger dos malefícios da informação real... ...e uma informação paralela (leia-se "acção psico-social") a enaltecer a grandeza da pátria multi-continental, etc., etc...

Hoje, como a informação é globalizante e nenhum governo consegue com eficácia impedir de todo o acesso dos seus cidadãos a ela, os processos têm que ser mais sofisticados: aqui, cumpre puxar as orelhas a quem acusa de
incompetência o governo de Durão Barroso! Pelo contrário, tem-se revelado extremamente competente e inventivo na criação de um senfim de manobras e estratégias para beneficiar aquela faixa do povo português que o povo
português elegeu para isso: eles. Sim, porque o entendimento deste governo sobre representatividade acabou ao fechar das urnas - nós elegemo-los, mas foi para fazerem o que entendessem a partir daí!

Ficou desde logo demonstrado que não havia nenhuma obrigação de cumprir promessas: prometera-se que não haveria aumento de impostos, foi logo a primeira das coisas esquecidas, e o IVA passou de 17 para 19%. Ainda por
cima, nenhuma daquelas mentes brilhantes percebeu em tempo útil que não estava a aumentar a receita fiscal mas sim a diminuir o poder de compra dos portugueses, como logo após o primeiro trimestre ficou demonstrado pelas contas públicas.

Mas enfim, com exemplos como o do senhor George W. Bush que, vinculado pela assinatura do seu país ao Tratado de Kyoto, não teve qualquer pejo em anunciar publicamente que não honraria o compromisso, face aos mais altos interesses do povo americano... (louvado seja o povo americano, que tem quem o ache mais importante que o resto da população mundial em bloco e tem uma cultura, ou sistema de ensino, que o prepara durante os seus anos de escolaridade para ACREDITAR nisto, o que efectivamente acontece)...

Mas voltando a Portugal: este país de maravilhas, cujo modelo de democracia esqueceu que o respeito pela vontade das maiorias não justifica nem permite a violação de outras vontades, quando legítimas e não ilegais, entendeu logo de início como democrática esta pérola de actuação: dado que não podia impor a sua vontade por si mesmo, enquanto partido vencedor, porque não tinha maioria de lugares no Parlamento, fez um negócio/contrato com quem bem entendeu, no caso outro partido, o PP, que, de modo algum, havia sido mandatado pelos portugueses para governar! Se alguém tinha o legítimo direito de participar na gestão pública logo a seguir ao PSD, então seria o segundo partido mais votado, o PS, nunca um partido com uma percentagem de votos que lhe apontam tão somente a falta de confiança do eleitorado para o
exercício de qualquer mandato. Convenhamos que há que desconfiar de um partido que quer "maioria", o que
significa que pode fazer o que quer sem que lho impeçam, ao invés de ter que discutir as suas propostas até ao aperfeiçoamento possível, ao consenso possível!

Pessoalmente, julgava que o exercício do poder sem discussão era ditactorial, mas agora parece que pode ser democrático também!... O Governo, porém, ao contrário do que muitos pensam, tem dado provas de grande capacidade e inteligência: consegue aumentar o preço dos combustíveis quando baixa o crude, oferecer o nosso país para negociar e decidir uma guerra que a maioria dos cidadãos não aprova, baixar o custo das operações notariais mais caras aumentando o das mais baratas (claro que as mais caras representam 6% do total e as mais baratas são as que o cidadão comum precisa constantemente, aos milhares - 94% de todas - até por imposições legais que emanam, também, do próprio governo)... enfim, há mais alíneas deste tipo de decisões governamentais, nestes últimos anos, que registos na Lista Telefónica do Porto... Que dizer, aliás, de um Governo que é o primeiro a dar o exemplo de maus princípios e ilegalidade: dívidas para além dos prazos, sua liquidação (quando e se) sem juros, etc...?

Quanto à pedofilia: já toda a gente percebeu que não se trata de pedofilia mas sim de uma calculada caça às bruxas!
É verdade, porém, que distrai os portugueses das amarguras que lhes inventam e poupa os seus autores às críticas que mereceriam. Boa ajuda ao futebol dos fins de semana!
Lamentável é a responsabilidade que tem nesta área a crescente perda dos princípios deontológicos de certos "jornalismos" que vendem sensação tablóide ao invés de rigor e verdade - há excepções, felizmente, mas são tão
saudáveis quanto poucas. Mas tem valido a pena, ou o cidadão comum não se teria apercebido das
nuances da prisão preventiva, da actualidade das escutas telefónicas, etc...

Agora em relação a outra das nossas eminentes realidades, não tenho tanto a certeza de que Portugal esteja assim tão isento da mira fundamentalista do terrorismo religioso - gostaria de o acreditar, dada a nossa diminuta
importância, mas não se esqueça a aventura das Lages! O trio USA-Inglaterra-Espanha está na mira, provou-se (e acredito que Londres é uma questão de tempo, como o acreditam as autoridades britânicas): portanto, se
houver sequela, o hospedeiro da guerra será o próximo... ou não...?... Agora ligar isso ao Euro 2004 é que me parece idiota de todo! Sei que é muita gente junta, mas aos bocados e em locais muito diferentes em tempo e espaço.

Pensemos, porém, noutra hipóte: Portugal alberga em 2004 a maior concentração de pessoas em toda a Eurtopa e ao longo de todo o ano! Vem aí o Rock in Rio e, ao que sabemos, o objectivo do terrorismo não são alvos
políticos nem militares, são mesmo polulares, o que de resto não causará perturbações aos escrúpulos fundamentalistas: afinal o que é "preciso mesmo" resume-se a dois objectivos: atacar/castigar o ocidente e eliminar infiéis... verdade?

Oxalá (que oportuna a expressão!) tudo se resuma a música! Uma coisa os portugueses deveriam traçar como meta: estar atentos, não às notícias do que já sucedeu, mas, principalmente, às mentiras, fingimentos, manobras e aldrabices que TODOS OS DIAS nos chegam aos olhos e aos ouvidos! Porque os governos mentem, mentem todos os governos e mentem sempre, aqui e em todo o mundo.

Para perceber a extensão deste tipo de mentiras e a desfaçatez com que se insulta a inteligência dos povos impingindo-lhas, olhe-se o exemplo vergonhoso, bem recente, do governo de Aznar quanto aos bombardeamentos em
Madrid: Tratou-se de uma operação cuja estratégia relativamente aos comboios é bem mais complicada que a do 11 de Setembro o foi para os aviões, independentemente da gravidade ou mediatismo dos resultados finais; a
Operação Madrid foi mais difícil de planear e executar que a Operação Twin Towers, dada a complexidade do planeamento, conhecimento prévio de toda a movimentação ferroviária, respectivas composições e agendamento de deslocações, para além da própria execução operacional indetectada - tratou-se, pois de uma operação de grande capacidade organizativa.
O governo de Aznar não teve, porém, qualquer pejo em tentar matar dois coelhos com uma cajadada, apelando à opinião pública para descredibilizar de vez o movimento separartista basco, apontando-lhe o dedo acusador! Como se a
ETA tivesse algum dia tido capacidade para este complexo tipo de operação, além de não se enquadrar nas suas normas de conduta, tanto porque apenas atinge alvos políticos ou militares, como porque assina publicamente sempre
que o faz. No entanto, Aznar acusou-os e manteve a acusação durante bantante tempo, até após desmentido público dos separatistas bascos.

Porquê? Porque quem cometesse tamanha atrocidade como a de Atocha decerto perderia todo o apoio ou respeito, nacional e internacional, o que era do maior interesse para o governo espanhol!

Estas coisas não acontecem só em Espanha, não acontecem só a apartir da Casa Branca: acontecem todos os dias em Portugal!
Estejamos atentos!
Não sejamos burros!
Bem basta o que sofremos por decreto-lei, bem basta o destino que nos chega via maioria-parlamentar, para ainda por cima nos comerem as papas na cabeça... e deixarmos!
Estejamos atentos!

Pedro Laranjeira


Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 22:39


abril 03, 2004

Mar Português

Texto longo, para a falta de tempo habitual... Mas texto que alguém me fez chegar e julgo digno de ser lido. O português não será brilhante mas, ainda assim... Alguém quer comentar?...

Subject: Portugal
Pravda.RU:Portugal:22:55 2004-01-09

PORTUGAL: PESSIMISMO E PEDOFILIA

São dois os principais problemas de Portugal: os poucos pessimistas profissionais, que passam a vidam a contaminar o resto da população, e uma governação inadequada, ineficiente, ineficaz e fora de contacto com a realidade no país. Que Portugal e os portugueses têm inegáveis qualidades, não hajam dúvidas. Não é por nada que Portugal é um país independente e a Catalunha, a Bretanha, a Escócia e a Bavária o não são. Não é por nada que o português é a sétima língua mais falada no mundo, à frente do alemão, do francês e do italiano. No entanto, estas qualidades precisam de ser cultivadas por quem foi eleito para liderar e dirigir o país. O que acontece é que nem agora, nem por muito tempo, Portugal tem tido líderes dignos do seu povo, capazes de liderar a nação, realizar os projectos que foram escolhidos para realizar. O resultado é uma onda de pessimismo, no meio dum mar de desemprego, desinteresse e desorientação que serve de combustível para a economia emocional não funcionar, aquela economia que é tão importante quanto a economia das quotas de oferta e procura. A consequência é uma retracção não só da economia mas também do psique da sociedade, com uma introversão patológica a manifestar-se no escrutínio colectivo do umbigo nacional, ou um pouco mais abaixo. A não-história da pedofilia, já uma psicose nacional, é um belíssimo exemplo de até onde pode chegar uma sociedade quando nem é orientada nem estimulada a pensar em horizontes mais saudáveis. Há mais que um ano, a imprensa portuguesa regurgita a história do abuso sexual de meninos do orfanato/escola Casa Pia, apontando nomes sonantes da vida pública que nem têm lugar aqui, visto que até ser provado ao contrário, uma pessoa numa sociedade civilizada, é considerado inocente.

Na busca de quem foi ou quem não foi, deu origem ao levantamento na praça pública duma lista substancial de nomes do mundo artístico, desportivo, e político, aos mais altos níveis. Não é a causa do pessimismo em Portugal, mas espelho dele. A noção que "nós não prestamos, somos os coitadinhos da Europa e a alta sociedade é podre" se ouvia nos finais dos anos 70, desapareceu e com a não governação do primeiro ministro José Barroso, voltou. Está tangível, quanto mais para um estrangeiro que ama e estuda este país há 25 anos. Outra manifestação deste pessimismo é a negatividade ao nível das conversas nos cafés (inaudíveis nos claustros de cristal onde pairam os governantes do país) acerca dum evento que a priori é a melhor hipótese que Portugal alguma vez tem tido para se projectar na comunidade internacional? o Euro 2004. O Euro 2004 é o ponto desportivo mais alto na história quase milenar de Portugal. É um dos três mais vistos eventos televisivos no mundo e é uma excelente oportunidade de enterrar de vez a falácia que Portugal é uma província espanhola.

Mas o que é que acontece? Enquanto o resto da Europa se prepara com entusiasmo para o Campeonato da Europa em Futebol, se ouve em Portugal por todo o lado que os estádios não estão preparados, ou que não são seguros, ou que os aeroportos não estão adequados ou que vai haver problemas com hooliganismo ou com terrorismo. Disparate! Ou pior, uma vergonha, por quem perpetua este tipo de lixo Que se chame notícias por aí. Para começar, os estádios estão tão prontos que Já se joga futebol neles. Segundo, as normas de segurança têm de obedecer a rigorosíssimas normas de controlo estipuladas pela inflexível UEFA. Terceiro, os aeroportos têm dos sistemas mais avançadas de controlo de tráfico aéreo, total e completamente integrados nos da União Europeia e mais, os adeptos não vão todos chegar no mesmo dia, nem todos de avião. Quarto, quando os bilhetes foram vendidos na Internet, foi consultada a base de dados preferida pelas forças policiais dos países presentes no Euro 2004. Quinto, Portugal é alguma vez um alvo para ataques terroristas, desde quando? Só se fossem as FP-25 de Abril.

Porém, onde estão as autoridades a explicarem a verdade, a estimular a população, a instilar o optimismo, não só para o Euro 2004 mas para galvanizar a economia, a liderar o país? Exactamente onde estiveram, estes ou outros, quando os interesses dos portugueses estavam a ser vendidos por um preço barato, o que levou gradualmente à situação actual em que uma família portuguesa gasta substancialmente mais do seu ordenado em necessidades básicas do que no resto da Europa. Não se admite que num supermercado espanhol, se encontrem exactamente os mesmos produtos bem mais baratos do que em Portugal, não se admite que no Reino Unido o cesto básico de alimentos custa bastante menos, quando se ganha cinco, seis ou sete vezes mais. Há duas semanas, vi três restaurantes no centro de Londres com a cartaz "Comam o que quiserem por £5.45 - 9 Euros, ou um pouco menos.

Os portugueses gastam uma fatia tão grande do seu ordenado em mantimentos fundamentais que não há capital disponível para os serviços, restringindo a economia a um modelo básico e muito primário. Se bem que Portugal é um país pequeno, também é a Bélgica, a Dinamarca, os Países Baixos, o Luxemburgo, a Suiça, a Irlanda. Estes países têm um plano de médio e longo prazo e nestes países ganham os lugares de destaque pessoas competentes e devidamente qualificadas e formadas. Em Portugal, o plano é ganhar as próximas eleições, ponto final. O que acontece depois? Há uma onda laranja ou cor-de-rosa a varrer o país e ocupar todos os quadros altos e médios, seja em ministérios, em faculdades, em firmas, até em hospitais.

O grande plano é, quanto muito, de quatro anos, o que explica a pequenez de pensamento e a falta de visão personalizada por uma ministra das finanças que trata a economia do país como se fosse uma dona de casa maníaca, que, munida com uma tesoura gigante, tenta transformar um lençol de cama de casal numa bata para uma boneca diminuta? Corta, corta, corta. O resultado disso tudo é o que se vê: desempregados à espera deo fundo de desemprego durante largos meses, não semanas, sem receberem um tostão do governo que elegeram para os proteger. Quão conveniente por isso que o país fale de pedófilos e não da economia, do emprego, da falta de poder de liderança deste "governo" PSD/PP, da ausência dum cariz democrático, ou social, ou popular, da ausência do contacto ou calor humano destes, que foram eleitos para proteger seus cidadãos. O que fizeram? Absolutamente nada. Lamentaram que o país era um caos, e calaram-se.

Então, onde estão as políticas de salvação? Portugal está, e por muito tempo tem sido, liderado por uma argamassa de cinzentos incompetentes que venderam os interesses do país irresponsável e negligentemente para fora. Portugal precisa de quem tenha brio e a chama suficiente para incendiar a paixão do povo deste país lindo, desta pérola do Atlântico, de ajudá-lo a ir ao encontro dos seus sonhos, acreditar em si, redescobrir as suas consideráveis qualidades e colocar Portugal num lugar de destaque entre a comunidade internacional. O leitor pode apontar quem tenha feito isso nos últimos anos? O José Barroso está a fazê-lo? Caso contrário, se não descobrir, e rapidamente, quem for competente para governar este país, os projectos audazes e brilhantes, que vão de mãos dadas com o espírito e a alma portuguesa, como por exemplo EXPO 98 e a EURO 2004, ambos com uma gestão excelente e uma preparação de que poucos países se poderiam gabar, perder-se-ão no mar de lamúria que assola Portugal. Francamente, a paciência dos que tanto lutaram para fazer qualquer coisa deste rectângulo atlântico, começa a esgotar-se. Já que gostam de dizer que quem não está bem deve mudar-se, começa a ser uma excelente ideia.

Timothy BANCROFT-HINCHEY
Director e Chefe de Redacção
PRAVDA.Ru Versão portuguesa

Afixado por: Jorge Castro (OrCa) / 10:06


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