abril 28, 2009
poema da liberdade II
por vezes mar
por vezes pena
por vezes ser
valer a pena
contra esse dó
contra esse nó
por vezes ter algum poema
dentro de nós
a dar a voz feita de nós
sem voz que trema
por vezes ser a imensidão do universo
por vezes ter a dimensão daquele verso
bruto
disperso
vago ou hirsuto
lançado ao vento como um insulto
buscando indulto
sendo adverso
por vezes ser inconsciente
mas tão ciente
daquela aragem
do sol poente
de uma viagem um passo à frente
de uma miragem
por vezes ser por fim incerto
ficar mais perto
de uma vontade
por vezes ter sonho desperto
na beira-mar
da liberdade.
- poema de Jorge Castro
abril 26, 2009
fotografando o dia (126)
cavalgando nas asas do sonho
um fulgor de Abril
retenho
um mural de luz
componho
e o sonho
segue de perto
o sonho de mim
desperto
- fotografia e poema de Jorge Castro
abril 23, 2009
25 DE ABRIL, JÁ!

Em 25 de Abril de 2009, estarei em Coruche, levando comigo poemas à inauguração da exposição d'Arte LIBERDADE.
Levo mais quatro amigos, como convém, para prefazermos cinco. Mas esperam-se muitos mais. Tu, aí, aparece, que a tua presença faz sempre falta.
A seguir, meu contributo anual para Abril.
Ainda Abril
eu não tenho de Abril esse conceito
de que basta ser Abril p’ra ser perfeito
o preceito de viver a liberdade
um Abril p’ra ser Abril terá o jeito
de trazer o povo à rua por defeito
dando voz e corpo à alma da cidade
um Abril feito de cravos outra vez
feito eu e tu e nós e vós talvez
na corrente mar de gente em que descaio
um Abril que soube ser bem mais que um mês
ao vestir-se de vermelho português
como arauto daquele outro mês de Maio
cem mil gritos contra a mágoa e a amargura
cem mil vozes a descobrir a ternura
na passada firme e certa da viagem
pelas ruas as pessoas na aventura
de sentir derrocar a ditadura
pela força da vontade e da coragem
contra o medo e a opressão eles marcharam
pela força da razão eles triunfaram
em razões de força firme mas serena
e nos campos cem mil flores desabrocharam
cem mil braços do trabalho se orgulharam
do combate longo que valeu a pena.
- poema de Jorge Castro
abril 21, 2009
colorindo telas (3) - Ismael Serrano - João Balula Cid
.jpg)
Inverno e fim de tarde - acrílico sobre tela, de Jorge Castro
De invernoso dia, de claríssima luminosidade ao fim da tarde, da agressão das vagas e de um céu de escultura...
Do privilégio de se poder usufruir de tudo isso.
*
Entretanto, estamos em Abril. O dia 25 está aí... Não é a primeira vez que refiro, neste espaço, uma canção e um cantor que me caíram no goto, aqui há uns anos atrás: Papa, Cuéntame Otra Vez, de Ismael Serrano.
Apanhei-lhe o rasto, no You Tube.
Aqui vo-lo deixo, a propósito de Abril.
*
Tive um dia o prazer e o privlégio de dizer alguns poemas de minha autoria acompanhado ao piano por um excelente pianista, João Balula Cid. Foi em São João da Madeira, tendo por companheiros de jornada o José Fanha, o Carlos Mendes, a Lena d'Água, o Pedro Laranjeira...
Impressionou-me, em Balula Cid, a bonomia e a disponibilidade inteira de quem, com mais de 30 anos de carreira, se prontificou a enriquecer o meu desempenho, favorecendo-me com a sua enorme mestria e sensibilidade, em troca de nada mais do que uma noite bem passada, entre nós e o numeroso público presente... com entradas gratuitas.
Soube, agora, que João Balula Cid perdeu o emprego e, em busca da dignidade que em Portugal se perdia, rumou à Noruega, onde arranjou colocação numa fábrica de bacalhau. Nas horas vagas, toca e afina pianos, como secundárias actividades (ver
aqui,
aqui e
aqui ).
Com toda a experiência musical de uma vida, trabalhava, nos últimos tempos, cinco horas por dia, em Portugal, tocando piano num restaurante, pelo que lhe pagavam € 30... e davam de jantar. Em números redondos, menos do que eu pago a uma senhora que vem cá a casa, ajudar a engomar a roupa.
Bem-aventurado País este que assim se dá ao luxo destes desperdícios.
À espera de outro Abril...
*
A pedido do próprio - que não consegue entrar nos comentários - e de quem mais venha, com todo o gosto, um poema, a propósito, da autoria de Laime Latino Ferreira:
TELAS ( 3 )
FORTE
Forte
Forte
É o sentir para lá das ondas
É o que se apruma
Forte
No seu porte
É o tocar
Voar
Bater-se à sorte
De ir por todo o Mundo a cantar
Forte
É o teu querer
E o saber
É a errância forte
Do não ter
É lançares-te assim
Nesse teu sim
É ires para lá do Mar
Do Norte enfim
É toque de magia
Onde se fia
A tua
Vontade minha
Que enquina
A mesquinhez
Que tenta aos meus porquês
Sitiar
Na vã glória de mandar
Forte
Como tu
Eu serei mais
Ao ver-te resistir
Sem desistir
Na afinação
Serei tudo e teus ais
Tudo verei e esses teus portais
Forte
Te erguerás como os cardais
Terrenos que se picam são frontais
Libelos
Que incomodam e são tais
Que aos lamentos
Tristes
E se insistes
Depressa te erguerão mais do que os ventos
Mais forte
Como eu
Virá a sorte
Por mais
Que não te queiram e aos teus sais
A essa tua pesca
Que inventa
Fiel
É o amigo como o mel
Que se impõe por tua boca sem ter fel
(Em Balula Cid, a todos os artistas que se reinventam )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Abril de 2009
abril 19, 2009
colorindo telas (2)
.jpg)
Dária - acrílico sobre tela, de Jorge Castro
Dária, a gata, de sol matinal entretecido (enternecido?), afagando-lhe a cabeça, assiste ao pequeno-almoço familiar, a espreitar colo... Alguns efeitos de pelagem foram obtidos com os dedos manchados de tinta, como se a tela fosse o lombo felino. Aquele arquear de ombros veio daí. A tela deixou-se envolver como se de gata se tratasse.
abril 18, 2009
reequacionando coordenadas
- Susan Boyle e Paul Potts
De uma cantora (como de um cantor) deseja-se que nos traga uma bela voz. Não um belo rosto ou um pedaço de corpo...
Uma concorrente de um famoso programa britânico,
Susan Boyle (
ver vídeo aqui), um pouco à imagem e semelhança de
Paul Potts que encheu recentemente o mundo de surpresa com uma portentosa voz, ajuda-nos a reequacionar as coordenadas pelas quais pautamos os nossos gostos e preferências.
Tremenda a sensação de vermos, no espelho do nosso consciente, o quão errados podemos estar ao permitirmos que estranhos, por estranhas razões, formatem os nossos cérebros com tanta ideia preconcebida.
Dizer depois que nos emocionámos - como eu me emocionei, ao ouvi-los... - acaba por ser, afinal, um exercício de piedade para connosco próprios.
Bem hajam Susan Boyle e Paul Potts, por nos reconduzirem à condição de seres humanos.
Dois extraordinários exemplos da aplicação à Vida do avessoscópio, aparelho fabuloso inventado pelo meu amigo Rui Farinha para engrandecimento das nossas almas terrenas.
abril 14, 2009
noites com poemas

Um bom amigo, Rui Farinha de sua graça, biólogo por formação, astrofísico por paixão, professor... porque sim e, por fim mas nunca por último, pai porque também sim. Adicione-se a isso o seu imenso gosto pela poesia e uma especial arte de dizer. Como condimento final, apure-se que é o Ano Internacional da Astronomia, este em que estamos.
Tudo somado e levado ao lume brando mas constante dos afectos e adivinha-se uma refeição poética suculenta, em que seremos levados a ver um Céu Poema ou o Universo através do Avessoscópio.
Esta será a próxima sessão das Noites Com Poemas, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, dia 16 de Abril de 2009, pelas 21h30, como sempre. Lá estarei, também como sempre à vossa espera... Ah, e não se esqueçam de trazer um amigo e algum poema - não sei se já repararam, mas estamos no mês de Abril!
E, a propósito...
O pó de estrelas caindo na calçada
persigo o infinito a cada passo
e ele aí está ao alcance do meu braço
no caminho feito a passo que não meço
uma linha do horizonte em que tropeço
o surtir do efeito que procuro
se esbracejo como sombra contra o muro
ou no grito de bravura que admiro
desafio de aventura que prefiro
abro mão de algum dia mais mesquinho
que nos dá do viver o estar sozinho
e pressinto na calçada o pó de estrelas
de um saber estar na vida p’ra merecê-las
porque há sempre o vento e o mar apetecidos
ressoando musicais nos meus sentidos
e uma bússola apontada além da morte
que me dá um universo de outra sorte
persigo o infinito a cada passo
se esbracejo como sombra contra o muro
e pressinto na calçada o pó de estrelas
que me dá um universo de outra sorte.
- poema de Jorge Castro
abril 13, 2009
fotografando o dia (125)
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mole a água molda em fúria cega
a dura pedra bruta e repousada
e cada onda a rasga e a sossega
de verdes limos toda enfarpelada
- fotografia e poema de Jorge Castro
abril 11, 2009
colorindo telas (1)
.jpg)
- janela do planalto -
(de Jorge Castro, acrílico sobre tela)
Um destes dias, sem saber muito bem como nem porquê - ou sabendo, mas considerando que impulsos destes, agarrados a explicações mas ou menos esotéricas, perturbam o bom andamento da vida - dei por mim a olhar para uma tela vazia e a pensar, com os meus botões, que ela assim não fazia sentido nenhum...
Porque amanhã já é tarde, ontem passou a correr e hoje é que se está com a mão na massa - ou nas tintas, se quiserem - dei por mim, em terapia ocupacional, a preencher essa tela com pinceladas que me fizessem sentido.
Como em tudo na vida, não me levarei demasiado a sério, mas empenhar-me-ei na obra a realizar e, com o despudor e desplante que essa mesma vida nos traz, aqui, nesta espécie de diário de bordo de uma viagem com encanto mas sem destino, a partilharei convosco.
abril 08, 2009
os anti-ovos da Páscoa ou
a constância do Constâncio
Lá opiniões tem ele. Não se sabe bem é quem lhas pede e, pior, a quem interessam. A verdade é que, do alto do seu ninho escarpado a que se chama Banco de Portugal, encaixa uma das remunerações mais chorudas da nação para vir, de quando em vez, alertar para o óbvio, condimentando o augúrio, qual Pitonisa da desgraça, com a necessidade imperiosa de diminuir ordenados, para salvaguarda dos interesses dos «pobres» possidentes…
eu não sei que triste acásio
amargor ou circunstâncio
pedra de fisga ou balázio
nos trouxe o guru Constâncio
sei que sempre que alvitra
numa infeliz contumácia
daquela alma saltita
um anúncio de desgrácia
gatinha de olhos fechados
face à infame riqueza
aos pobres manda recados
«- sereis pobres com certeza…»
ter assim tão avisado
um profeta de infortúnio
há que mandá-lo embrulhado
p’ròs confins de Neptúnio
abril 05, 2009
Papoilas de Janeiro
em São Domingos de Rana
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19 horas - Localização: Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana. Circunstância: por entre futebóis e distâncias de desmesuradas lonjuras, tomou assento a mesa do evento. A audiência, não numerosa, mas interessada, propiciou a informalidade...
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Sempre presente o facto deste nascimento, dos textos de M. Correia, aos desenhos de T.C. Alves, do meu prefácio até à edição da Autores Editora, ficar a dever-se às cumplicidades e afectos gerados pela «comunidade» dos blogs.
Por entre relatos de histórias e factos pícaros que envolveram este projecto, a sessão decorreu num ambiente de boa disposição, ninguém se inibindo de um bom par de francas gargalhadas, daquelas que, segundo consta, nos acrescentam anos de vida.
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Caras bem conhecidas dos blogs marcaram presença...
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Os imprescindíveis autógrafos remataram a sessão. Perderam os que não estiveram presentes a este saudável exercício de convívio, conjugação de vontades e cumplicidade de objectivos. Uma prova mais -
tão concreta e definida como outra coisa qualquer - de que o sonho comanda a vida...
abril 04, 2009
uma corrente e as Papoilas de Janeiro
Desafia-me a
Gotinha para desvendar ao mundo a minha presente leitura e, dentro dela, a 5ª frase da respectiva página 161. Pois cá vai: de
Mia Couto,
O Outro Pé da Sereia, edição Círculo de Leitores. Página 161, 5ª frase:
«Do outro lado, do lado do seu destino, era o lugar dos vagares». Muito apropriado e conveniente, diga-se.
E passo, então, a bola, como me é solicitado, para:
E, agora, vamos às PAPOILAS:
Conforme fui informando individualmente, será apresentado hoje, na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana, o livro
Papoilas de Janeiro, da autoria da SeiLá, do
Repensando, com desenhos de T.C. Alves. Cá vai a ficha técnica completa:
O livro Papoilas de Janeiro resultou do conhecimento e amizade virtual dos autores de quatro blogues - quatro pessoas, um livro a oito mãos:
Estarão todos eles a apresentar o livro pelas 19h do dia 4 de Abril na Biblioteca Municipal de Cascais em S.Domingos de Rana

abril 01, 2009
fotografando o dia (124)
.jpg)
a vida é
um
bolero
destempero
ávida
de Eros
a vida é
e as palavras são
um bolero
destempero
ávidas
de Eros
as palavras são
o que a vida é
dá-me a tua mão
segue-me o pé
e as palavras são
o que a vida é
- Fotografia e poema de Jorge Castro
- Fotografia obtida na exposição de João Vieira - As Imagens das Palavras - no CCB. Bailarinos: Graciana Romeo e Juan Caprioti. Poema inspirado no tema La Vida Es Un Bolero, penetrável de João Vieira (2008).
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